Capítulo XI

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A Vovó Regina pediu a Brenda que ficasse comigo até que eu estivesse melhor. Ela é muito boazinha e está brincando comigo há um bom tempo. Ela sempre inventa um montão de brincadeiras e me conta várias histórias sobre princesas e fadas. Uma vez ela me contou sobre uma princesa que era uma guerreira e defendia todas as mulheres do mundo inteirinho. E ela era forte, valente e muito bonita, e vivia em um castelo no topo de uma montanha, onde conseguia observar todas as pessoas com os seus olhos mágicos. Não existia nenhuma maldade perto dela, porque ela não deixava. 

Eu queria ser uma princesa valente!

— Maia, a Zoé não acha ruim você ficar aqui no quarto dela? – Ela pergunta, olhando ao redor. — Ela implica com tanta coisa...

— Até que não – respondo prontamente. — Na verdade, ela não liga. Ela confia em mim e até prefere que eu fique aqui do que no quarto da vovó. Aqui eu tenho os meus bichinhos de pelúcia. E, quando estou aqui, a Vovó Regina aproveita para arrumar o quarto, e isso facilita o trabalho da Zoé. 

— Sabia que tinha um interesse nisso. 

— Ela é uma pessoa muito esperta. 

Brenda começa a reparar o lugar. Não é um quarto grande e as paredes são pintadas de rosa, mas eu acho ele extremamente lindo. 

— É engraçado ver todos esses pôsteres e discos de cantores de rock espalhados pelas paredes e por toda a estante, e você, uma princesinha, dormindo aqui. Acho que você deveria viver em um castelo. 

Ela passa o dedo no meu nariz.

— Igual a uma princesa?

— Igualzinho a uma princesa – ela diz, sorrindo.

— Eu gosto da decoração do quarto, mas preferiria que estivesse ocupado com muitos outros bichinhos de pelúcia. Ou com centenas de flores. Ou com um milhão de borboletas. Ou com todas as bailarinas do mundo. Eu amo balé! Sei fazer vários passos e a professora Cindy disse que eu sou graciosa como um libélula. Acha que as libélulas são mais graciosas que as borboletas?

— Acho que você é mais graciosa do que qualquer coisa, Maia – Brenda levanta da cama e sorri. — Tive uma ideia incrível! Que tal passear lá fora um pouquinho? O dia está lindo!

Levanto-me, também, e seguro em suas mãos. Eu amo passear!

— Podemos ir ao lago?

Brenda assente com a cabeça, sorrindo.

— Foi justamente lá que pensei em levá-la. Podemos ver os patos, as flores, as borboletas e tudo mais.

A vovó Regina autorizou que ela me levasse para passear. De mãos dadas, saímos da cafeteria e seguimos para o lago. Geralmente, a Brenda caminha depressa. A vovó diz que ela é uma garota muito apressada e que gosta de fazer as coisas muito rápido para ajudar os outros. Mas ela está sempre com essa cara de quem está com medo, como se, a qualquer momento, algum monstro fosse aparecer para atacá-la. Mas ela também é uma garota forte. Já ouvi a vovó dizer isso. Ela ajuda a mãe em casa e dá conta dos estudos.

— Maia, você pode ir alimentar os patos, se quiser. Eu trouxe alguns pãezinhos velhos. Mas não chegue muito perto da água, tudo bem?

— Certo! – Grito empolgada.

Enquanto a Brenda me observa sentada no banco, me aproximo do lago e jogo algumas migalhas de pão para os patinhos. Eles parecem famintos, ou talvez seja apenas saudades de mim. A água está bem azulzinha, mas poderia estar mais, pois algumas pessoas costumam jogar lixo lá dentro, mesmo com o desenho na placa mostrando que é errado. A grama também não é muito verdinha. Ela tem uma coloração mais amarronzada, mas eu a amo assim mesmo. As árvores são muito altas e fazem sombra para aqueles que gostam. E para os que gostam de sol, basta atravessar o gramado e ir para mais perto do lago.

Agora que já alimentei todos os patinhos, começo a girar em volta do meu próprio corpo, procurando pelas borboletas que sobrevoam as flores. Algumas fogem de mim, procurando flores mais doces, mas outras gostam de ficar na ponta dos meus dedos. Contei dezoito, de seis cores diferentes. Eu queria ter um jardim para cuidar melhor delas. Borboletas são mais legais que patos.

— Brenda, achei que teria que ficar na cafeteria o restante do dia – ouço a voz de um rapaz se aproximar. Ele tem cara de bravo. — E aí, mocinha – ele acena para mim, mas o ignoro e continuo a girar.

Brenda olha para mim.

— Diga "oi" para o Nicolas, Maia.

Os dois me encaram, esperando que eu diga algo, mas continuo em silêncio. Não gosto dele. Ele me dá medo.

— Tudo bem, Brenda – o rapaz diz, aproximando-se ainda mais dela. — Deixa ela brincar.

Ele tem manchas escuras ao seu redor dos grandes olhos. Seus lábios também são escurecidos, mas não em toda a parte. Ele usa roupas muito largas e grossas, talvez pertençam a algum parente que é gordo. Acho que vou pedir para a Brenda comprar roupas menores para ele.

As borboletas já voaram para longe e eu nem faço mais tanta questão delas. Os dois estão conversando, mas não consigo escutar qual é o assunto. A Vovó Regina disse que é muito feio ouvir a conversa dos outros, mas a Brenda está triste. O rapaz meche muito as mãos enquanto fala, mas não deixa a Brenda falar. Ela está com vontade de chorar. Agora, ele está de pé, em frente à ela, apontando o dedo em seu rosto. Ele parece ainda mais bravo e grita muitas palavras feias. A Brenda está chorando!

Ele está na frente dela e não consigo mais ver o seu rosto, mas também não consigo mexer as minhas pernas. Agora ele está com os braços erguidos, mas não sei o que pretende fazer. Talvez queira espantar alguma mosca que está importunando a Brenda. Há muitas moscas por aqui. O padre disse que é porque elas gostam de água.

— Ei, larga ela! – Grito. — Tire já as suas mãos de cima dela!

Agora o rapaz está saindo. A Brenda está com o rosto coberto pelas mãos e o seu cabelo está um pouco bagunçado. Ela deve estar triste por ele ter ido embora, mas ele parece ser uma pessoa muito má. Por que ela está assim? Estou triste por vê-la desse jeito. Nunca vou entender as pessoas grandes. 

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Ei, pessoal! Primeiramente, peço desculpas pelo atraso para responder os comentários. Estou me esforçando hahaha 💙

Segundo, infelizmente tive a minha conta suspensa (aquele problema de ter que redefinir a senha, mas não chegava nada no meu e-mail), então peço desculpas pelo atraso para postar os capítulos. Alguns leitores me mandaram mensagem dizendo que aparentemente perderam a conta, já que não se lembram mais do e-mail cadastrado no Wattpad e não conseguem mais acessar a conta. 

Vamos torcer para que tudo se normalize! 

Como disse, estou atrasado e, por isso, vou postar dois capítulos hoje, ok? 💙 

Abraçoooooos! 



As Quatro Estações de ZoéOnde histórias criam vida. Descubra agora