Capítulo XXVIII

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Depois da conversa reveladora com Artur, caminhei para a área externa e tentei encontrar os meus amigos, mas não os achei em lugar algum. No meio de toda aquela gente fantasiada, com os rostos cobertos e roupas exageradas, era praticamente impossível reconhecer alguém. Alguns caras vieram conversar comigo, dando em cima de mim, enquanto estive sentada no banquinho tomando refrigerante. Um ou outro até que era bem legal, bonitinho, mas não sabiam fazer nada além de falar de si mesmos.

— Até quando vai ficar me ignorando? – Dante pergunta, sentando-se ao meu lado. — É sério, Zoé. Eu juro que não entendo você. O que você fez foi horrível! Dar em cima do namorado da Brenda de forma tão descarada? 

— Ah, fala sério, Dante! Por que não me esquece?

— Está agindo assim por causa do que eu disse na escola? – Ele coloca uma mão sobre a minha, mas a afasto. — Me desculpe por aquilo, está bem? Eu estava chateado... Você sumiu, poxa! Sumiu por dias e não falou absolutamente nada. Nem deu notícias. Nem você, nem... – ele abaixa a cabeça, como se não quisesse terminar de falar o que estava prestes a dizer. — Se coloque no meu lugar... Às vezes é muito difícil entender você!

— Mas é muito fácil entender você, não é mesmo? – Levanto-me, sendo sarcástica. — Eu cheguei a acreditar que você fosse um cara legal, Dante, mas agora sei que você é o mesmo babaca que eu conheci na cafeteria. O mesmo babaca da festa. O mesmo babaca do lago. O mesmo babaca da escola. O mesmo babaca do cinema, do estacionamento e o mesmo babaca que está comigo aqui, agora. Você é o babaca de sempre! E isso não vai mudar. 

Olho ao redor, com receio de alguém estar escutando a discussão, mas a menos que tivessem uma audição extremamente aguçada ou estivessem tão próximo quanto eu estava do Dante, era praticamente impossível nos ouvir. A música alta, as conversas e os passos de dança esquisitos impediam que os meus sentimentos fossem descobertos por outras pessoas. A bebida também ajudava, claro.

— Sim! Eu sei que fui babaca, um canalha, um idiota, um mesquinho e tudo mais o que você tiver para me dizer. Eu sei disso! Reconheço! Mas tudo isso tem uma explicação, Zoé.

— Então, vamos, me dê a explicação – cruzo os braços e fico de frente para ele, parada, pronta para ouvir.

Antes, porém, que ele abrisse a boca para me dizer qualquer coisa, Brenda surgiu chorando e o abraçou, e imediatamente ele retribuiu o abraço.

— Brenda, o que houve? – Ele pergunta preocupado, como se eu já não existisse ali. 

— Tudo bem, não precisa me explicar mais nada – resmungo em voz alta, saindo de perto deles.

A Brenda é a pior pessoa que existe em todo o mundo e eu sempre soube disso, mas ninguém nunca me deu razão. Primeiro, ela propôs uma aposta estúpida. Depois, me convenceu a tentar conquistar o Dante. Agora, está agarrada à ele apenas para tentar me deixar mal. Ela é uma estrategista experiente. Nunca me senti tão menosprezada e inferiorizada quanto me sinto agora. Vaca!

— Quer alguma coisa? – O barman pergunta, assim que sento em um dos banquinhos do bar. Até que ele é bonitinho. — Pode escolher o que quiser, não vou pedir a sua identidade. Faço as festas do Artur desde o seu Bar Mitzvá, quando ele tinha 13 anos, e já vi pessoas muito mais jovens beberem como adultos. 

— Não fazia ideia de que ele era judeu – balanço os ombros, sorrindo. — Bom, não sei o que pedir... O que você me sugere?

— Deixe que eu te ajudo com isso – Nicolas interrompe, sentando-se ao meu lado e colocando o braço em volta do meu ombro. — Pode ser um mojito.

O barman olha para mim, esperando a minha confirmação, e só sai quando assinto com a cabeça. 

— O que faz aqui?

As Quatro Estações de ZoéOnde histórias criam vida. Descubra agora