Capítulo XXI

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À noite, quando Diego buzinou na rua que fica atrás da cafeteria, despedi da Dona Regina apenas com um grito e corri para fora, antes que ela mudasse de ideia e me fizesse ficar em casa. Ele não tinha habilitação, mas sabia dirigir muito bem. Foi por isso que eu havia passado na banca de jornal mais cedo e comprado várias revistas de fofoca para distraí-la, porque, se ela pensasse um pouquinho na situação, certamente não me deixaria sair.

Ao fechar a porta, começo a desfilar em direção ao carro, balançando os meus cabelos sedosos e loiros, hidratados durante duas horas com extrato de aloe vera, mas que finjo ser completamente natural. O meu salto alto é preto e brilhante e combina perfeitamente com o vestido vermelho, que modela todo o meu corpo. Além disso, descobri uma técnica de maquiagem em uma das páginas da revista das celebridades de como realçar os olhos e deixar os lábios mais atraentes. Até mesmo consegui deixar o braço engessado mais interessante.

— Uau! – Diego diz, boquiaberto, com os olhos fixos em mim. — Eu nunca te vi tão bonita assim!

— Você está incrível, Zoé! – Nanda também está impressionada. — Surreal! Você conseguiu se superar!

— Eu sei! – Sorrio animada, abrindo a porta de trás do Jipe azul. — E eu achando que não tinha o que melhorar. Vamos nessa?

O cinema não era tão longe, mas, como era pequeno e o único da cidade, e os bilhetes apenas eram vendidos na hora, era quase imprevisível saber qual sessão assistiríamos, então não tínhamos previsão para chegar em casa. Eu apenas torcia para me esbarrar com o Dante em algum momento.

Quando chegamos ao estacionamento, nos assustamos com a fila quilométrica que dobrava a esquina. Havia um enorme pôster do filme ao lado, onde vários idiotas tiravam fotos com suas câmeras idiotas.

— E agora, o que faremos?

— Não vamos desistir, Nanda – a tranquilizo. — Vou dar um jeito nisso.

— Talvez seja melhor deixarmos para outro dia.

— Está louco, Diego? Tem que ser hoje! – Olho para os dois, surpreendidos pelo meu tom de voz desesperado, então tento amenizar. — Imagina como vai ser quando chegarmos na escola e todo mundo nos contar o que acontece no filme? Vai ser horrível!

— É, você tem razão.

Descemos do carro e seguimos para a fila. Vários babacas ficaram me observando, obcecados, assoviando e me cantando com frases estúpidas. Mas eu não dava atenção, pois tinha apenas um alvo naquela noite: Dante.

— Que isso, gatinha! Fiu-fiu!

— Uau! O que esse sonho faz longe da padaria?

— Me chama de astronauta que eu te levo para outro planeta, boneca.

— Vem aqui, mocinha, pra gente trocar uma ideia – um homem horroroso disse.

— Ei, gatinha – um magricela aproximou-se de mim e segurou a minha cintura. — Posso pagar a sua pipoca?

Dou um chute entre as suas pernas e o empurro para longe, e todas as pessoas próximas começam a rir dele e a gritar. Continuo andando, ignorando-os, procurando alguém que possa me ajudar.

— Mas o que é isso? – Artur diz, assim que me vê, segurando a minha mão direita e me girando. — Desculpem, garotas, mas essa é a mulher mais gata da noite! Obviamente ela merece entrada VIP. E vocês dois, claro, meus grandes amigos, também merecem.

Brenda, Nicolas e um tanto de outros babacas estão com ele, como um bando de bajuladores.

— Acho que todos estão vendo o óbvio – sorrio, colocando a mão na cintura. — Tem mesmo entradas VIP?

As Quatro Estações de ZoéOnde histórias criam vida. Descubra agora