Capítulo 10

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Élodie

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Algum ruído me acordou, meus olhos piscaram encarando o teto, um abajur iluminava o quarto escuro enquanto meu  coração batia freneticamente.

Escutei de novo o que me acordou.

Passos no corredor.

Puxei os cobertores até meu queixo e me encolhi na cama em uma tentativa de me proteger naquele ambiente estranho.

Eu já tinha perdido as contas de quantos dias estava trancafiada naquele quarto, Lorenzo não apareceu mais, uma idosa robusta vinha todos os dias limpar o quarto e trazer as refeições, ela era simpática, fazia de tudo para me acalmar, porém eu não sabia até quando aguentaria aquela situação.

Ouvi outra coisa.

A maçaneta girou e alguém empurrou a porta, esqueci o medo do desconhecido e empurrei para o lado os cobertores, levantei pronta para enfrentar o que viesse.

- Volte para cama, Angel.- era a voz rouca de Lorenzo.

O som de sua voz percorreu todo meu corpo. Fiquei imóvel, enquanto ele se aproximava.

- Pronto para parar de brincar?.- o enfrentei.

- Eu não estava.

- Você é um...- comecei irritada, não sei de onde veio a coragem, mas eu não aguentava mais ficar presa naquele quarto.

- Élodie.- sua voz soou como um alerta.

- Esse é o preço? Ficar trancada aqui até morrer?

- Nós lidamos com as coisas como queremos. Acredite, ficar aqui é o melhor.

- Como poderia ser o melhor.- avancei ainda mais.

Seus olhos escureceram, ele colou seu rosto tão próximo ao meu que o mínimo movimento que fizéssemos nossos lábios se tocariam.

- É o que quer? Sair daqui?.- seu hálito era quente.- Se fosse uma circunstância normal você já estaria trabalhando para pagar a dívida.

- Ótimo. Prefiro a ficar aqui.

Ele riu de maneira sombria, raiva torcendo sua feição. Meu peito se contraiu brevemente, mas ignorei.

- Sabe qual seria o serviço, Angel?.- ele pausou por um momento.- Abrir às pernas para os homens que frequentam os clubes da Camorra. Se estivesse lá desde o primeiro dia que a pegamos você já teria pago a dívida de seu pai. Sabe como sei disso? Porque homens travariam brigas para foder uma virgem.- me encolhi com suas palavras, lágrimas desciam por meu rosto.

Me afastei indo até a cama. Então porque ele ainda não tinha me mandado para lá? Qual foi o combinado com Gael?

- Eu não pedi por isso.- um sussurro foi o que saiu dos meus lábios.

- Você fica aqui, não quero ninguém colocando as mãos em você.- ele se virou antes de sair e trancar a porta.

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[...]

- Bom dia, senhorita.

Acordei com Belinda me chamando. Abri meus olhos com dificuldade, eles estavam inchados e sensíveis devido às crises de choro durante a noite.

- Vamos, levante. O senhor Lorenzo a autorizou sair do quarto hoje. Tome um banho e coloque uma das roupas que estão no guarda roupa, volto daqui a pouco.

Ela saiu em disparada, me forcei a levantar e fui até o banheiro jogar água fria no rosto para clarear as ideias. Olhei no espelho enorme que tomava boa parte da parede e me encolhi com o estado dos meus olhos . Vermelhos e inchados.

Voltei para o quarto e me sentei na cama. Como pude deixar isso acontecer? Se não fosse por Gael eu estaria...

Eu não conseguia pensar sem chorar, meus olhos já escorriam lágrimas. Cobri meu rosto com as palmas das minhas mãos, respirando profundamente em uma tentativa de me acalmar.

- Angel.

Sobressaltei quando escutei aquela voz, virei meu rosto e o encontrei apoiado na porta.

Eu estava vulnerável, me forcei a levantar, Lorenzo me olhava atento, engoli o nervosismo não desviando o olhar.

- Preciso me arrumar.

- Eu vim tranquiliza-la.

Lancei-lhe um olhar confuso, me perguntando o que exatamente ele quis dizer com isso.

Lorenzo riu sem alegria antes de prosseguir.

- Você está livre para ir.

- Você está livre para ir

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Camorra- Lorenzo Carraro - Série os Mafiosos- Livro 03 ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora