Capítulo 18

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Élodie

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A chuva caia lá fora e a névoa cobria as enormes janelas que davam uma vista esplêndida do jardim, a área verde era estonteante, tudo parecia brilhante, a explosão de cores das flores podia ser vista a distância, as palmeiras de folhas verdes abriam caminho para uma grandiosa fonte, parecia mágico...

Um livro pendia sobre o meu colo enquanto meus pensamentos vagavam sem sentido. Anika tinha ido embora pela manhã, fizemos uma sessão de cinema com direito a pipoca e ela me colocou a par de tudo que estava acontecendo no mundo lá fora.

Eu sentia falta do Lou's Diner, eu sentia falta de trabalhar, fazer coisas úteis...

Quando me virei lá estava Lorenzo, encostado no parapeito da porta me analisando. Perdi a respiração por um momento enquanto sem querer me peguei o admirando.

- Porque parece como se você tivesse visto um fantasma?

Cuidadosamente deixei o livro sob o sofá e me levantei, ele se aproximou vindo em minha direção. Sua camisa estava colada ao peito, destacando a definição muito clara de seu abdômen. Claro que ele estava em forma, ele era um assassino treinado para fazer as piores atrocidades.

Porque eu estava o olhando tão descaradamente?

Antes que eu o respondesse ele limpou a garganta para chamar minha atenção. Ele apontou um dedo para meus pés e se pronunciou.

- Vai ficar doente pisando no chão descalça. Viu o frio que está fazendo ?.- seu sorriso zombeteiro ficou estampado.

- Sabia que é rude se esgueirar atrás das pessoas?.- Ufa, minha voz saiu firme.

- Essa é a sua maior queixa do dia?

Óbvio que eu não o responderia em voz alta, mas minha maior queixa era por ele ter vindo tão gostoso, meu Deus... Esse homem é a prova de que o perfeito existe.

Não pude evitar o sorriso.

- Não posso dizer que é.

Ele se aproximou, pude sentir o calor que emanava de seu corpo. Seu rosto pairou a centímetros do meu, tão perto que podia ver as manchas azuis escuras em seus olhos.

- Você será minha perdição, Angel.

O que aquilo significava?

Minhas pernas estavam bambas, minhas mãos soavam com o nervoso.

- Como... Como exatamente nosso acordo irá funcionar? Meu pai está livre? Não consigo contatá-lo, nem Gael.

- Seu pai está sob meus cuidados, e Gael ainda insiste em dar dinheiro em troca da sua liberdade.

- Por favor. Estava pensando na minha família e amigos quando aceitei esse acordo. Deixe meu pai ir.

Passando a mão pelo rosto, Lorenzo se afastou.

- Deixá-lo ir? Para fazer mais dívidas pra que você possa pagar?

Eu não fui capaz de salvá-lo? Então nada daquilo importava.

- Lorenzo, por favor, do contrário o que estou fazendo não teria sentido.

- Percebe que não é mais uma prisioneira? Se eu te quisesse presa estaria usando uma tornozeleira para rastrear cada movimento seu, faria um check-in para ter certeza que está seguindo as regras, me certificaria de que ficasse longe de qualquer telefone ou qualquer outra coisa que te colocasse em contato com mais alguém. Vai além disso.

Apertando os dentes, perguntei.

- Os seguranças no meu pé onde quer que eu vá? Isso para mim é prisão.

- Para sua segurança.- continuou ele.- Porque agora todos sabem que você de alguma forma chamou minha atenção o bastante para eu perdoar uma dívida. Você é minha, Angel. Não tem mais volta.

Um lampejo de surpresa passou pelo meu rosto.

Lorenzo colocou as mãos nos bolsos enquanto se aproximava.

- Não sou bom em ser bom, não costumo dar nada a ninguém sem esperar algo em troca, não te deixarei escapar.- sua mistura de sotaque fizeram as palavras soarem ásperas.

Ele não pediu minha permissão antes de dar mais um passo à frente, seus dedos traçaram o caminho até meus lábios, senti um tremor percorrer todo meu corpo.

Deus, porque eu não conseguia me afastar?

- Vamos conhecer um ao outro. O que me diz disso?

Eu não conseguia raciocinar, meu juízo estava perdido, por que sim, eu estava considerando a ideia de conhecê-lo. Havia tantas coisas que eu não sabia, que estava curiosa. Sobre ele. Sobre a camorra. Sobre suas intenções.

Porque de repente aquilo estava começando a ser algo além de uma prisão ?

E Deus, quão patético era isso?

Ele estava parado a minha frente esperando por uma resposta. Era a minha oportunidade de fazer algo diferente de todos os erros que eu havia cometido mas não havia dúvidas de que eu já sabia a resposta para sua pergunta.

- O...Okay.

Um leve sorriso apareceu em seu rosto e quando me dei conta seus lábios colaram nos meus.

Eu poderia fingir por um momento, que não era um beijo, que o toque de seus lábios ao longo de minha mandíbula buscando minha boca era algo inocente, mas ficou mais difícil fingir quando me aproximei ainda mais procurando por ele, tanto quanto ele procurava por mim.

Por enquanto, isso era suficiente.

Por enquanto, estava grata a ele.

Por enquanto, estava grata a ele

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Camorra- Lorenzo Carraro - Série os Mafiosos- Livro 03 ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora