Capítulo 47

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Élodie

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Dois dias. Dois dias.

Risco marcas na parede com minha unha sangrenta.

O homem que me trancou no quarto... Ele não é o homem que conheço.

Ele é um monstro totalmente diferente e me sinto mal por ter passado toda a vida sem ver quem ele realmente é. Não é como se não houvesse sinais de aviso. Houve fodidos sinais de alerta. Acabei por... Ignorá-los. Deixando-os de lado. Fingindo não vê-los.

Há mais vezes do que posso contar na minha vida onde ele deixou a máscara de pai escorregar. Onde vi pedaços do homem debaixo do personagem. Quando vi a frieza, a morte nos olhos dele.

Deus, como fui tão ignorante e ingênua?

Toda minha vida.

A porta abre.

Mal tenho a oportunidade de virar a cabeça na direção da porta antes de meus quadris baterem contra a parede forte o bastante para eu gritar e o lado do meu rosto bater contra o concreto frio, uma mão na parte de trás do meu pescoço me segura lá, sinto o sangue começar a escorrer pelo lado do meu rosto. A pressão no meu pescoço relaxa e respiro fundo, preparando-me. Porque não terminou.

A mão se move no meu cabelo, agarrando-o na base do pescoço e puxando violentamente para trás e me virando até que minha cabeça levanta e estou olhando os buracos que são os olhos de um dos homens que vigiava a porta.

"Fique de joelhos", ele diz calmamente.

Não.

De maneira nenhuma no inferno.

Não.

Mas a escolha é tirada de mim segundos depois, quando a bota dele levanta e, com força total, pousa contra minha canela, mandando-me para baixo com um assobio. A mão permanece no meu cabelo, escorregando para as extremidades e puxando com força. A outra mão vai para frente de seu jeans, abrindo o botão e chegando ao zíper.

Não.

Não, não, não.

Isso não pode acontecer.

Eu posso superar a dor. Meus cortes vão curar. Meus machucados vão desaparecer. Posso seguir em frente disso. Mas não posso, sei em algum lugar no fundo da minha alma, que não conseguirei me recuperar de ser forçada a ter seu pau na minha boca.

Eu. Apenas. Não. Posso.

Não posso deixá-los tirar mais nada de mim.

O filho da puta tem as calças desfeitas, giro meu corpo tentando me manter longe dele.

- "O que está demorando tanto?" .- papai grita próximo à porta e sinto meu coração pular no peito.

- "Filho da puta", ele grita, reajustando as calças, soltando meu cabelo e fechando de volta.

Solto um suspiro como um sinal de alívio, não tive muito sossego e então ele agarra meu cabelo novamente me puxando para fora do quarto.

Os olhos de papai caem em mim quando me aproximo, ele sai na frente enquanto o seu soldado me empurra pelo corredor rumo às escadas.

Entramos em um enorme galpão cheio de armas, vários soldados estão reunidos, sou levada até uma cadeira de ferro onde me largam lá e então papai finalmente dirige a palavra a mim.

- Seu homem finalmente está aqui.

Minha cabeça levanta, minhas sobrancelhas se juntando.

- Meu homem?.- pergunto.

Ele assente, seus olhos parecem vitoriosos.

- Lorenzo.

Sinto uma poça fria em minha barriga.

Isso não é bom.

Merda.

Tudo o que está prestes a acontecer, tenho certeza de que não é bom.

Umas das portas se abrem e ouço passos vindo em nossa direção.

Viro na cadeira, de frente para o corredor, bem quando um grupo entra.

Meus olhos vão imediatamente para Lorenzo.

Os dele vem para mim.

E, além de um aperto na mandíbula, sua máscara de indiferença me atinge como um soco.

E então, para meu absoluto, completo e esmagador horror... os tiros começam.

Santa merda.

Estou bastante segura de que as coisas passaram de santa merda para santa fodida bola de merda no período de dez segundos.

Meus joelhos batem forte, a dor atravessando meu sistema, Caio no chão como um baque, tentando me proteger das balas.

Meus olhos vão até uma arma perdida no chão, me arrasto até ela, meu dedo desliza até o gatilho e miro no primeiro homem que aparece na minha frente.

O. Filho. Da. Puta.

O desgraçado que queria seu pau sujo na minha boca.

- " Vá para o inferno".- gaguejo.

E puxo.

Puxo o gatilho.

A sacudida da arma vai ao encontro do som de uma bala disparando.

E vejo com horror fascinado enquanto rasga o centro de sua testa, vermelho saindo numa explosão chocante. Seu corpo treme, balança e cai.

Ele está morto.

Seus olhos sem vida.

Porque eles nunca tiveram isso para começar.

- "Bravo".- A voz de Lorenzo ressoa.- eu estava tão inerte com o que tinha acabado de fazer que não o vi de aproximar.

E então um braço está ao redor da minha cintura. Firme. Familiar. Seu outro braço estende a mão, pressionando o topo do meu até que a arma abaixe para apontar para o chão.

- Mantenha o dedo no gatilho.- ele sussurra no meu ouvido.

E então, todo o inferno se solta.

Tudo o que ouço é tiros. E, não estou brincando, explosões. Explosões reais. Não perto. Mas perto o suficiente para o chão abalar, o mundo rugir, o vidro quebrar.

Camorra- Lorenzo Carraro - Série os Mafiosos- Livro 03 ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora