Capítulo 14

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Élodie

___________

Dois meses depois...

Uma batida soou na porta e Cecília entrou em meu quarto. Ela ergueu as sobrancelhas negras demonstrando empolgação porém eu não partilhava do mesmo sentimento e preferi continuar deitada fitando o teto.

- Vamos, menina. Levante-se, tenho uma novidade para te contar.

- O que há de errado?

- Nada, é uma boa notícia. Vamos, levante-se.- disse ela com naturalidade.

Eu não via Lorenzo, Gael e Anika a dois meses, eu estava presa a essa casa, o máximo que me era permitido era andar nos arredores do condomínio, sempre acompanhada por um ou mais seguranças. A camorra era conhecida por sua crueldade, lidavam com escravidão sexual, sequestro dentre outros horrores que Cecília fazia questão de me contar todos os dias em uma tentativa de me fazer sentir gratidão.

Forcei meu corpo a se levantar, Cecília andava de um lado para o outro no quarto ansiosa por partilhar a grande novidade.

- Lorenzo está correndo um grande risco fazendo isso, mas foi decidido que você poderá sair da casa quando quiser.- ela enfiou seus dedos robustos dentro do bolso de seu uniforme tirando de lá um celular.- Pegue, é seu.

Fiz uma pausa em meus pensamentos indo em direção a Cecília. Peguei o celular, uma foto minha já estava na tela de bloqueio, trabalho de Lorenzo, sem dúvidas.

- É um ato de confiança. Suas saídas deverão ser comunicadas ao capô e os seguranças continuarão te acompanhando para sua segurança.

Balancei minha cabeça com uma careta.

- Minha segurança ?

- Vamos, Élodie, não aja assim. Você teve sorte, minha filha. Muitas em seu lugar estariam servindo de putas para os homens da família.

- Posso trabalhar? Chamar Anika para vir aqui?.- perguntei com firmeza.

Ela se esgueirou até a cama puxando os lençóis amarrotados enquanto me respondia.

- Sim, só o avise antes.

E então um brilho animado encheu meu olhos, finalmente eu veria Anika e procuraria saber de Gael. Cecília me deu uma olhada rápida antes de sair com os lençóis estendidos sob seus braços.

- Você é o mais novo tesouro do Lorenzo, quem diria que ele tem um coração?.- ela riu.

Balancei a cabeça discordando de seu comentário. Passei a considerar o que isso significava de agora em diante, eu finalmente viveria o mais próximo da normalidade.

Organizei em minha cabeça os próximos planos que consistiam basicamente em ligar para Anika, Gael e depois imprimir uns currículos para entregar no dia seguinte.

Desbloqueei a tela do celular que descobri com facilidade ser o dia do meu aniversário, me dirigi até a varanda que proporcionava a vista mais admirável já vista por mim, me afundei  em uma das poltronas, abri os contatos e Anika era o primeiro número salvo e a baixo estava o nome Lorenzo, ele salvará seu número.

Porque isso não me surpreende?

Eu deveria o agradecer ?

Sem pensar muito comecei a digitar uma mensagem de agradecimento e antes de terminar apaguei e descartei a ideia.

Sem dar margem para arrependimento abri o contato de Anika e quando ia ligar recebi uma notificação, abri hesitante tentando disfarçar as emoções que me tomaram quando confirmei minha suspeita...

Lorenzo...

Espero que tenha gostado do seu novo celular, Angel.

Me levantei de imediato um sorriso estava em meus lábios. Esse sorriso estava todo errado! Balancei a cabeça em uma tentativa de me fazer acordar.

O antigo serviria, não preciso que você compre coisas para mim.

Respondi tensa. Agora eu andava em círculos na varanda, nervosa e ansiosa ao mesmo tempo, não demorou muito e uma nova notificação me tirou dos meus devaneios.

Estou apenas te dando o que merece, um obrigado bastaria.

Estremeci.

Talvez eu devesse ter resistido e recusado sua oferta. Dever algo a máfia não era bom, a casa, os presentes, o valor exorbitante que papai devia a eles. Eu estava em dívida com Lorenzo, ou pior, com a Camorra.

O que ele esperava em troca? Quando ele cobraria os favores?

O que ele esperava em troca? Quando ele cobraria os favores?

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Camorra- Lorenzo Carraro - Série os Mafiosos- Livro 03 ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora