Christopher andava de um lado para outro em frente à porta. Dulce enviara uma mensagem de texto dizendo que o encontraria por volta do meio-dia. Já era meio-dia e cinco. Onde ela estava? Ele precisava encontrar um jeito de recuperar o emprego e a masculinidade, preferencialmente não nessa ordem.
A manhã começara quase normal: vovó fizera a maldita ioga e depois exigira que ele a deixasse no clube de cartas. Mas mesmo quando vovó pedia uma coisa, nunca era apenas uma coisa. Não, ela sempre queria algo mais, não explicava o motivo e ainda olhava como se a pessoa que perguntasse o porquê de ter de fazer tal coisa fosse idiota.
Era como se Christopher tivesse voltado a ser criança, como daquela vez que vovó o flagrara roubando M&M’s da loja de conveniência e então lhe comprara um saco de dois quilos e o fizera se sentar e comer tudo ali, na frente dela.
Ela lhe explicara que aquilo faria com que ele nunca mais pegasse nada que não fosse dele. Porque, se ela o pegasse furtando, Christopher teria que engolir o objeto ou usá-lo pela casa.
No ensino médio, acontecera de novo, mas com cerveja. Ela então comprara um engradado e o mandara virar tudo, até que ele passasse mal. Ele tomou três antes de vomitar. Naturalmente, vovó bebera as que restaram.
Bastava dizer que era sempre mais inteligente concordar com ela que testar a sorte. Então ele a levava de carro pela cidade, bancando o bom neto, e pedia a Deus que ela finalmente o contratasse de volta, para que ele pudesse parar de bancar o motorista e o cerimonialista.
Deus, ele viraria mulher enquanto esperava por aquela maldita garota irritante!
A campainha tocou.
Ele correu para atender. Então parou e respirou fundo algumas vezes. Sim, definitivamente estava virando mulher. Estava agindo como se aquilo fosse um primeiro encontro, ou coisa parecida. Era Dulce! Dulce! Precisou repetir o nome várias vezes em voz alta antes de conseguir abrir a porta.
O sorriso que ela deu fez seu mau humor desaparecer, e, de repente, ele lembrou por que se mantinha distante de garotas como ela.
Elas traziam problemas.
Prometiam prazer, mas, no final das contas, queriam compromisso. E isso faria qualquer cara fugir, ainda mais um cara como Christopher. Ele não merecia nem mesmo qualquer coisa parecida com aquilo. Até mesmo ele não era babaca o suficiente para não perceber que uma garota como Dulce... Bem, ela merecia um dos bons.
Não ele. Definitivamente, não ele.
Os olhos dela brilharam quando ele sorriu.
Droga. Ele teria que parar de flertar com ela. Ela iria entender errado, e ele ficaria maluco se tivesse que passar a semana do casamento se perguntando se ela estava só esperando a hora certa para esfaqueá-lo.
— Entre. — Ele abriu mais a porta e fez um esforço para não olhar para a bunda dela enquanto Dulce passava por ele com os saltos estalando no chão de mármore. Ela claramente viera do trabalho. Estava usando uma saia-lápis apertada, blusa branca e sapatos vermelhos.
Péssima escolha.
Porque agora ele estava pensando em vovó e naquela história idiota do aeroporto, e...
— Christopher? — A voz suave de Dulce o trouxe de volta ao presente. — Ouviu o que eu disse?
— Não. — Ele deu uma risada, constrangido. — Eu estava, hã... admirando seus sapatos.
— Meus sapatos? — Ela ergueu as sobrancelhas, divertida. — Tem fetiche por salto alto?
— Em você? — Ele assentiu com a cabeça. — Acho que devo ter.
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O Desafio
Fanfiction[CONCLUÍDA] "Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Christopher Uckermann é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, f...