Capítulo 10

1.2K 68 24
                                        

— Puta merda, ela está de sacanagem! — Christopher olhou para o prédio com um misto de horror e confusão. — Espero muito que a gente esteja com o endereço errado.

Dulce arrancou o pedaço de papel das mãos de Christopher.

— Deixe-me ver.

— Eu sei ler, sabia?

Revirando os olhos, ela examinou o papel.

— Inacreditável.

— O quê? — Ele se inclinou por cima do ombro dela, olhando o papel mais uma vez. O perfume de Dulce o atraía, e isso o deixava tenso.

— Você saber ler.

— Muito engraçado!

— É o endereço certo. — Dulce bateu no peito dele com o papel e andou até a porta escura. — Acho que devíamos... Devíamos entrar?

— Claro que não. — Christopher cruzou os braços. — Sem chance.

— A lista diz que a Madame nos espera à uma da tarde! Vamos nos atrasar se não entrarmos.

Christopher umedeceu os lábios e olhou outra vez para o prédio. Nas vitrines havia imagens de casais dançando. As mulheres riam e jogavam confetes para o ar.

Parecia um desses comerciais toscos sobre absorventes internos.

— Não. E quem é chamada de Madame, hoje em dia?

Dulce revirou os olhos.

— É o nome dela. Por quê? Está com medo de desenvolver um par de peitos? Tem medo de que suas bolas desapareçam?

Christopher bufou com desdém.

— Tudo bem, vamos lá. — Irritado, ele agarrou o braço de Dulce com a mão esquerda e abriu a porta com a direita.

Lá dentro estava escuro.

— Viu? Endereço errado. — Christopher soltou o braço de Dulce e pegou o celular no instante em que uma música começou a ser ouvida no ambiente. Então alguns refletores se acenderam e o cegaram momentaneamente. — Que porra é essa?

Foi aí que começou a cantoria.

Dulce, ao seu lado, ficou tensa. Mais luzes foram acesas, embora Christopher não tivesse nem ideia de onde elas vinham. Ainda estava um pouco cego por conta do primeiro clarão. Tentou dar um passo para o lado, mas bateu em uma mesa.

Apoiando as mãos no tampo, olhou para baixo.

E viu fotos de strippers do sexo masculino sem blusa.

Ele se endireitou rapidamente, mas então esbarrou em alguma coisa dura, que oscilou. Christopher se virou, tentando estabilizar o objeto.

Era uma estátua nua.

De um homem.

Como é que ele ia tocar naquilo? A escultura tinha sido colocada na mesa de um jeito que deixava as pessoas frente a frente com o órgão sexual masculino.

Esticou a mão para segurá-la pela cintura, quando sentiu Dulce esbarrar nele. Ela parecia travar a própria batalha contra um enxame de balões na forma de... é... partes íntimas.

— Mas que droga! — Dulce segurou a mão dele. — Precisamos correr.

— Parece o inferno, só que pior — concordou Christopher, agarrando-a pelo braço.

— Bem-vindos, bem-vindos! — cumprimentou uma voz amplificada por um alto-falante.

— Meu Deus. É oficial: estamos nos Jogos Vorazes! — Christopher segurou Dulce e a empurrou para trás de si. — Só deixe que eu morra primeiro, Senhor! Por favor, deixe que eu morra primeiro.

O Desafio Onde histórias criam vida. Descubra agora