Capítulo 38

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Christopher estava parado no meio do Quarto do Prazer, tentando manter os olhos fixos na mulher que explicava tudo sobre a festa. Seus lábios se mexiam, mas Christopher estava com dificuldade em prestar atenção. Qualquer um teria. Droga, ele estava se sentindo extremamente desconfortável!

— Então. — A mulher pegou uma folha de papel. — Só marquem os produtos que gostariam que eu incluísse na apresentação. Vou chegar cedo. Ah! Cobramos uma taxa extra pelas fantasias.

— Fantasias?

A mulher assentiu.

— Mas é claro! Pensei que Nadine tivesse avisado. Os convidados da noiva usarão fantasias. Ela escolheu o tema: couro e renda. Fantástico, não é mesmo?

Ela estourou a bola de chiclete e piscou para Christopher.

Consequentemente, ele quase se engasgou com a própria saliva.

— Então, você vai levar as fantasias e nós...

— Vocês vão usá-las. — A mulher sorriu. — Enquanto mostro os produtos, as pessoas vão comer, beber vinho...

— Uísque — corrigiu Christopher. — Litros de uísque.

Ela o calou com um gesto.

— Sim, o que você preferir. E então poderão ir para os quartos, caso desejem olhar os itens mais de perto, se é que você me entende. — Ela mordiscou o lábio inferior e apertou o braço de Christopher.

— Ótimo — completou Dulce, ríspida, sentada à direita de Christopher. — Faz muito tempo que quero experimentar esse, hã... — ela olhou para a lista — ...pacote Me Chicoteia.

Christopher a encarou, desesperado. Não era possível que ela esperasse que ele mantivesse a expressão serena. Como é que ele iria se concentrar? Couro? Renda? Chicotes? Christopher se agarrou à mesa com força e tentou manter a respiração estável.

— Bem, vou deixar vocês decidirem.

— Isso mesmo — concordou Christopher, brusco. Estava cerrando os dentes com tanta força, que acabaria travando a mandíbula.

Quando a mulher já não podia mais ouvi-los, Christopher suspirou e se apoiou na mesa.

— Tudo bem? — Dulce deu tapinhas em suas costas.

— Não encoste em mim. — Ele não queria soar como um babaca, mas estava prestes a perder a cabeça.

— Ah... — Maldita Dulce, que continuava a tocá-lo!  — Isso é tensão sexual. Faz muito tempo, amiguinho? Você está um pouco... estressado? — Suas mãos passearam por suas costas e depois por seu pescoço. Ele gemeu.

— Vejo que estão aproveitando a lista! — Eles ouviram a voz da atendente, na sala dos fundos.

Sacudindo-se para tentar se recompor, Christopher se afastou de Dulce.

— Pode escolher. Marque qualquer um. Não me importo.

— Sério? — Dulce andou devagar em sua direção. Nem mesmo o metal frio do balcão, que cutucava as costas de Christopher, foi suficiente para acalmar seu estado de excitação. — Não se importa?

— Não — mentiu. Ah, claro que se importava! Se importava até demais.

— E que tal marcar... — Ela pegou a folha e leu algumas palavras que ele não saberia nem soletrar, quanto mais pronunciar. — Acha que seriam boas escolhas?

— Vovó e Deus estão de sacanagem comigo — retrucou Christopher com sinceridade. — É isso que eu acho. E também acho que... — ele se desencostou do balcão e foi andando lentamente na direção de Dulce enquanto ela recuava — se você não parar de olhar para mim deste jeito, não vou me responsabilizar pelos meus atos.

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