Capítulo 28

851 56 0
                                    

O primeiro pensamento de Christopher ao acordar sozinho na cama foi de que Deus tinha tirado seu desejo sexual como forma de punição.

Mas, para ser sincero...

Não tinha sido Deus.

Fora Dulce.

Não sabia se deveria odiá-la ou apenas ir até sua casa e fazer com ela o que ele tanto queria — várias e várias vezes.

Duas garotas, ambas lindas e modelos... e nada. Absolutamente nada. Até o uísque se tornara ácido em seu estômago no instante em que as duas começaram a tirar as roupas. E então ele disse que precisava ir ao banheiro.

Um dos piores momentos de sua vida.

Ao banheiro? Será que ele tinha ficado maluco?

Como uma garotinha, ele correu para o banheiro e ficou sentado na privada com as mãos na cabeça — tremendo. Sim, tremendo porque tinha perdido completamente o controle de sua vida.

Tudo por causa de uma garota idiota que conhecera na escola, com um corpo maravilhoso idiota, olhos brilhantes idiotas e lábios carnudos e...

Bem, àquela altura, no banheiro, sentira mais que desejo.

Mas então ele ouvira as garotas, gêmeas, chamando seu nome.

E lá se fora.

Descarga abaixo.

Ficou sentado por dez minutos. Então saiu do banheiro dando a pior desculpa possível.

— Olhem, não estou no clima, hoje. Estou doente.

As garotas se entreolharam e se aproximaram dele. A gêmea número um usava lingerie preta, a número dois estava nua.

Talvez ele fosse gay.

Quando elas chegaram perto o suficiente para tocá-lo, ele se afastou. O perfume que usavam estava sufocante. Por que não podiam ter um cheiro mais parecido com o de Du...

— Droga! — gritou, fazendo com que as garotas se sobressaltassem. — Desculpe, não são vocês, sou eu.

— Sério? — perguntou uma das gêmeas. — Está tentando se livrar da gente? Qual é o seu problema?

— Vocês. As duas — grunhiu Christopher. — Agora, vão embora.

Elas lhe mostraram o dedo do meio em perfeita sincronia e pegaram suas roupas. No instante em que a porta se fechou atrás das duas, Christopher se jogou no sofá e gemeu.

Maldito fosse seu irmão, que o mandara ficar longe da única garota que o faria abrir mão de tudo! Precisava repetir a si mesmo o tempo todo que isso iria passar, que, não demoraria muito, ele não teria mais esse problema. Porque, no fim das contas, sabia que era o tipo de cara que só faria Dulce sofrer. Não haveria um “felizes para sempre”, porque caras como ele não sabiam como proporcionar um final feliz a ninguém. E ele não tinha certeza de que conseguiria ser quem ela precisava que ele fosse.

Será que algum dia já tinha sido esse tipo de cara? O cara a quem as mulheres recorrem quando algo errado acontece? Não, esse era seu irmão, Alfonso. Christopher era o errado, o festeiro. Era aquele que, aos 14 anos, tinha sido surpreendido pelo pai de Anahí enquanto cheirava cocaína com garotas que tinham o dobro de sua idade, e então recebera um puxão de orelha e o aviso de que estava arruinando a própria vida.

E estava mesmo.

E não ajudara em nada o fato de que, quando Bill o flagrara, Christopher estava tão louco e desorientado que caíra no rio perto de casa e quase se afogara.

Desde então, ele nunca mais usou drogas, a não ser álcool. E isso porque a bebida talvez fosse o único meio de tornar tudo mais fácil, menos doloroso. Christopher nunca fingira ser quem não era... Agora, porém, não sabia ao certo se ainda gostava de ser aquela pessoa.

>>•<<

O Desafio Onde histórias criam vida. Descubra agora