Capítulo 25

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— A gente precisa parar de dizer que vai ser rápido. — Dulce suspirou enquanto observavam a velhinha que digitava usando apenas os indicadores.

— Então... — Blanche, a dona da loja de bolos, parou de digitar. — Qual é mesmo o sobrenome?

— Uckermann — respondeu Christopher, bem devagar.

— Pode soletrar, por favor? — A senhora sorriu, revelando fileiras de dentes que pareciam dentadura.

— Ah, claro. U-C-K-E-R-M-A-N-N.

— U. — Ela digitou e olhou para cima.

Dulce por pouco não conseguiu segurar o riso. Precisou desviar o olhar.

— C. — Christopher fez uma pausa.

E lá estava Blanche, olhando para cima outra vez. Mas que droga! Aquela mulher seria um teste de paciência até mesmo para os santos!

— K. — continuou ele.

— Uck? — perguntou Blanche. — Tão curtinho! Que tipo de sobrenome é esse?

— Não, não, não — Christopher se inclinou sobre o balcão. — Tem mais letras.

— Ah! — Blanche levou as mãos às bochechas e deu uma risada. — Desculpe, querido. Esse cérebro velho já não funciona como antes!

— Ele ainda funciona? — murmurou Dulce. Christopher lhe deu uma cotovelada e continuou a soletrar.

— E.

Blanche apertou a letra no teclado e olhou para cima.

Sério, daria para assar um pão no tempo que ela levava para digitar um nome.

— R.

— M.

— A.

— N.

— N.

Dulce e Christopher suspiraram quando a atendente finalmente digitou a última letra e apertou “enter”.

Os únicos sons na loja minúscula eram o zumbido do computador e o violino que tocava baixinho, como música ambiente. Alguns cupcakes estavam expostos em um porta-bolo colocado diante da máquina registradora e havia alguns bonequinhos de bolo espalhados por ali. Era uma loja realmente pequena.

— Ah, não! — A atendente suspirou.

Christopher olhou para Dulce. Uma expressão de completa irritação passou por suas feições perfeitas antes de ele perguntar, com a voz contida:

— Blanche, algum problema?

— São os bonequinhos.

— Sim?

— Os que foram entregues são um pouco diferentes dos modelos encomendados. Tentei ligar para o número cadastrado, mas ninguém retornou a ligação.

— Que número? — perguntou Christopher.

As mãos lentas de Blanche navegaram pelo teclado. Dois minutos depois, a senhora lia um número na tela.

— Vovó! — disseram Dulce e Christopher ao mesmo tempo, como se fosse um palavrão.

— Posso pegar os bonequinhos, vocês dão uma olhada e decidem o que fazer, que tal? — Blanche ergueu uma das mãos no ar. — Vou lá. Só preciso encontrar...

Quando ela desapareceu nos fundos da loja, Dulce se apoiou no balcão e suspirou.

— Quando ela voltar, estarei velha demais para ter filhos.

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