Capítulo 42

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Dulce ficou encarando a porta fechada, atônita. O que tinha acabado de acontecer? Christopher havia mesmo acabado de lhe dar conselhos sobre como ser uma boa amiga? Depois de a iludir e levar Belinda para um quarto, para que eles se pegassem? Aquele cara não fazia o menor sentido! E ainda tinha tido a audácia de dizer que o que Dulce supostamente estava fazendo era algo baixo? Ela nem ia fazer as entrevistas! Tinha decidido sacrificar o emprego — um emprego do qual ela por acaso precisava para sobreviver — porque não queria trair os amigos.

O imbecil não tinha nem mesmo lhe dado a chance de se explicar! Mais uma vez, a atitude arrogante de sabe-tudo de Christopher tinha vindo à tona, deixando-a confusa e de coração partido. Dulce o vira beijando com vontade sua inimiga número um, e Christopher é que lhe dava um sermão, como se fosse ela quem tivesse partido o seu coração!

Como sempre tivera dinheiro, Christopher nunca entenderia a hesitação entre fazer e não fazer a reportagem. Ele não percebia como coisas básicas — ter dinheiro para pagar o aluguel, comer, não decepcionar os pais mais uma vez! — podiam ser tentadoras.

Com um gemido, ela se jogou na cama e xingou Christopher Uckermann de todos os nomes possíveis. Aquilo estava virando um hábito. Talvez, se o xingasse o suficiente, seu coração parasse de doer. Tão perto, mas tão longe.

Christopher quase não dirigiu a palavra a Dulce durante o sábado. Na verdade, só se falaram quando ele pediu para usar o fio dental, naquela manhã. Ela o balançou na frente dele, esperando que Christopher fizesse alguma piada.

Em vez disso, ele o pegou, passou nos dentes e saiu do quarto.

E, para piorar as coisas, Dulce tinha acabado de ser demitida.

O prazo chegara ao fim. Era possível que sua carreira de repórter estivesse arruinada.

Dulce olhou o relógio de pulso. Já eram cinco da tarde, e Anahí e Alfonso ainda não tinham voltado da cidade. Os dois haviam saído para resolver algum problema de última hora.

Ela tentou ligar para o celular de Anahí outra vez, mas ninguém atendeu.

Todos estavam ficando inquietos. Dulce começou a andar de um lado para outro em frente ao terraço. Meia hora depois, vovó atravessou a porta.

— Eles não vão conseguir chegar a tempo para o ensaio — avisou. — Os pneus furaram.

— Pneus? Furou mais de um? — perguntou Christopher, levantando-se do banco de madeira.

— Infelizmente, sim. Parece que alguém os cortou.

Petunia sacudiu a cabeça.

— Portland está cheia de gângsteres. Deve ter sido um desses marginais.

— É. — Christopher deu um sorriso sarcástico. — Porque conhecemos muitos gângsteres que querem acabar conosco.

Petunia enrijeceu.

— Vamos ter que continuar sem eles. — Vovó esfregou as mãos. — Dulce, você é a dama de honra. Vai substituir Anahí. Christopher, como padrinho, você fica no lugar de Alfonso.

Dulce sentiu o estômago revirar. Deus era mesmo cruel. O único cara por quem ela se apaixonara desde a escola ocupava o lugar do noivo, só que não de verdade. Outra vez tão perto. Sentiu um aperto no coração ao encará-lo, porque sabia que aquilo nunca aconteceria de verdade. Era alguma piada horrível do Universo. Ela seguraria a mão de Christopher. Ele fingiria colocar um anel na dela.

E, depois, ele iria embora.

Dulce se sobressaltou quando vovó apitou.

— Ordem, pessoal!

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