Dulce enxugou uma lágrima quente e tentou não fazer muito barulho enquanto fungava debaixo das cobertas.
Patético, sério.
Ela estava chorando por Christopher Uckermann — de novo.
Só que, desta vez, ele não tinha sido rude, apenas honesto. Mas ainda doía pra caramba. Ainda a fazia querer afogar as mágoas em sorvete e chorar bastante — não que isso fosse consertar as coisas.
Amiga.
Boa amiga.
E ele gostava de loiras.
Não sabia por que machucava tanto ser rejeitada outra vez. Talvez fosse pela maneira como ele a beijara, ou por ele ter sido tão doce ao longo daquele dia.
Mas, até aí, era seu aniversário. Christopher só estava tentando ser legal. Porque era muito possível que, por baixo de toda aquela vaidade e galinhagem, ele na verdade fosse um cara decente.
Só que não era o cara para ela.
Tomando cuidado para não fazer barulho, Dulce pegou o celular que estava embaixo das cobertas e mandou uma mensagem para Anahí.
Não vejo a hora de conhecer Jace!
Pronto. Enviada. Seguiria em frente, porque, se não fizesse isso, realmente acabaria virando a louca dos gatos, para sempre à espera de que Christopher abrisse os malditos olhos e prometesse seu amor eterno. E as chances de isso acontecer eram as mesmas de Brad Pitt desistir de Angelina Jolie para ficar com ela.
Com um suspiro, Dulce programou o despertador para as seis, pois assim acordaria a tempo de voltar para casa e se arrumar para o trabalho. Alarme programado, enfiou outra vez o celular debaixo das cobertas e tentou dormir.
A música do Maroon 5 a despertou de forma tão abrupta que Dulce quase caiu da cama. Na verdade, teria caído mesmo, não fosse pela perna quente e musculosa que a prendia no colchão. De algum jeito, tinha arrancado as cobertas no meio da noite e acabara embaixo de 84 quilos de músculos masculinos.
Talvez devesse aproveitar o momento, já que isso nunca mais aconteceria.
Christopher começou a respirar mais profundamente. Quando Dulce tentou se libertar, ele passou o braço ao redor de sua cintura e a apertou firme contra o corpo.
Com um gemido, ele enfiou o nariz em seus cabelos e suspirou. Puta merda!
Desesperada, Dulce examinou o quarto em busca de socorro, até que lembrou que ainda estava com o celular. Usando apenas uma das mãos, procurou o alarme irritante que fazia as pessoas acordarem aos berros: precisava se vingar, afinal.
Acionou o despertador e encostou o aparelho no ouvido de Christopher.
No instante em que o barulho começou, ele arregalou os olhos, mas não se moveu. Em vez disso, Christopher a encarou como se estivesse em uma espécie de sonho. As pupilas se dilataram, a respiração ficou acelerada. Cada músculo que a prendia ficou tenso. Dulce podia jurar que dava para ouvir o coração dele, que continuava a olhá-la fixamente.
Então, de repente, como se acordasse do estupor, ele se afastou e desviou os olhos.
— Obrigado por me acordar. Desse jeito eu nem tive vontade de matar você.
— Disponha. — Dulce bufou. — Você estava dormindo como uma pedra.
— Estava quentinho.
— Você me usou como coberta — comentou Dulce, levantando-se.
— Mulheres são os melhores cobertores. — Ele se virou e deu uma piscadela no momento em que Dulce jogava um travesseiro em sua cabeça. Infelizmente, ele conseguiu desviar.
— Você é um babaca.
— Pelo menos não fico provocando — retrucou ele.
— O quê? — Dulce foi até seu lado da cama e o cutucou no peito. — Eu fico provocando? Ao menos não saio por aí beijando as pessoas, dizendo que não tem problema porque é aniversário delas! — Ela fez um gesto de abrir e fechar aspas ao pronunciar as últimas palavras e o olhou de cara feia.
— Você gostou. Admita. E gosta, sim, de provocar. Pelo menos eu fui sincero. E daí que eu gosto de beijar você? Me processe. Também gosto de beijar a minha avó, o que não quer dizer que eu vá... — Ele fez uma careta.
— Não, não pare. — Dulce cruzou os braços. — Eu realmente quero entender aonde você quer chegar com isso.
— Ah, fique quieta! Está cedo, estou excitado e você está por sua conta e risco aí parada, tão perto de mim, só de camiseta e cueca.
— Então eu não estou mais provocando. Só estou disponível, é isso?
Ele deu de ombros.
— O sapatinho serviu, não foi mesmo, Cinderela?
Golpe baixo.
Furiosa, Dulce tentou dar um tapa nele, mas Christopher segurou seu braço e a puxou para a cama, rolando para cima dela.
— Admita. Você estava pensando o mesmo que eu: Ah, veja só! O galinha do século está atrás de mim! Vou só provar mais esse presente de aniversário...
Seus olhos assumiram um brilho diferente, quase como se ele estivesse com raiva. Ela tentou empurrá-lo, mas era impossível mover Christopher. Cada pedacinho dele parecia entalhado em pedra, mas seu corpo era quente, tão quente, que ela achava que morreria só de tocá-lo. Ele a mantinha viva apenas por um fio.
— Está bem — mentiu. — Eu só queria um gostinho. — Os olhos de Christopher brilharam de raiva. — Quem disse que só você pode ter tudo?
De olhos arregalados, ele praguejou e a soltou, rolando para longe.
— Eu levo você para casa.
— Quê? Não vai dar uma resposta ácida? — perguntou Dulce, inocentemente.
Ele ficou um momento em silêncio, então murmurou alguma coisa sobre avós manipuladoras antes de responder, aos sussurros:
— Não. Nada.
— Ótimo.
— Ótimo! — gritou ele.
— Ótimo! — Dulce o empurrou de volta para a cama e correu para a porta, que se abriu antes que ela tocasse a maçaneta.
— Tudo bem por aqui? — perguntou Anahí, desviando-se de Dulce para lançar a Christopher o olhar da morte.
— Tudo ótimo — respondeu ele da cama, ainda deitado de costas e encarando o teto. — Tudo uma maravilha. Só estou esperando Dulce se arrumar para poder levá-la de volta para a cidade.
Dulce se obrigou a abrir um sorriso.
— Só preciso lavar essa essência de galinha do corpo e estarei pronta. Alguns de nós ainda precisam ir trabalhar.
— Eu ouvi isso! — gritou Christopher, da cama.
— Fico surpresa por você ainda poder ouvir alguma coisa, já que ronca tão alto! — devolveu Dulce, saindo depressa do quarto.
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O Desafio
Fanfiction[CONCLUÍDA] "Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Christopher Uckermann é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, f...