Capítulo 16

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Praguejando, Christopher encostou o carro e o desligou.

— Sinto muito, Dulce. Se eu tivesse alguma ideia de que eles iriam tratá-la como...

Ele soltou outro palavrão, com vontade de estrangular os pais dela por terem estragado o aniversário da filha. Em que merda eles estavam pensando, quando compararam Dulce com a irmã? Dulce era única, original. Era assim, igualmente, que ele costumava descrever uma mulher sem corpo nem personalidade, é verdade. Mas não Dulce. Quando dizia isso dela, estava sendo sincero. Ela era diferente, mas de um jeito que chamava a atenção. Era inegavelmente determinada... e tinha um corpo tão lindo que parecia o pecado. E uma atitude à altura dessa beleza e determinação, também. Era absurdo que eles pensassem que a filha não era boa o bastante. Uma química? A irmã de Dulce era uma química chata? Não fazia sentido. Eles não faziam sentido. Quanto mais pensava no assunto, mais irritado ficava.

— Como lixo? — sugeriu Dulce, secando as lágrimas. — Tudo bem. Não sei por que esperava que fosse diferente. Acho que foi o carro, ou o vestido, talvez até você.

— Pensei que, se eles a vissem, no mínimo se sentiriam culpados. E, se isso não funcionasse, ao menos ficariam com inveja por você estar se divertindo tanto. — Christopher praguejou de novo. — Juro que não era isso que eu tinha planejado.

— Ah, é mesmo? — Dulce deu uma risadinha. — Qual era o seu plano?

— Ah, você sabe. — Christopher brincou com uma mecha do cabelo de Dulce, depois a colocou atrás da orelha. — Deixar você louca por mim. Ser o Príncipe Encantado, e você, a Cinderela... Mas dessa vez o plano seria tirar o sapato, em vez de sair procurando uma mulher que coubesse nele.

— Então você seria o Príncipe Safado? Tirando os sapatos da princesa? Que escândalo!

Christopher riu, e seu coração batia forte no peito.

— Eu não disse que estava completamente redimido.

Dulce pareceu gostar. Ela riu e olhou para ele com os olhos limpos.

— Eu gosto de caras um pouco maus.

Ela estava tão próxima dele, receptiva... Ele não tivera intenção de beijá-la no restaurante, mas sentiu muita raiva dos pais dela e quis mostrar a eles que, mesmo que não dessem valor à filha que tinham, ele com certeza dava. O único problema era que, por mais que Dulce estivesse pensando que ele de fato parecia um príncipe, Christopher se sentia um vilão. Ele não podia se apaixonar por ela — e se apavorava com a possibilidade de já estar quase deixando isso acontecer.

— Você vai me beijar de novo?

Christopher confirmou com a cabeça.

— É outra regra dos aniversários.

— Ah, é? Qual? — Dulce se inclinou para mais perto, até que seus lábios roçassem os dele.

— Os beijos não contam. Então, digamos que eu beije você agora... — Seus lábios se tocaram. — E aí de novo... Você não pode me dar um tapa nem usar isso contra mim.

— É mesmo?

— É. — Ele passou a língua pelo canto da boca de Dulce e segurou seu rosto, intensificando o beijo.

O celular começou a vibrar no bolso de Christopher, mas ele o ignorou. Ele ignorou tudo que não fosse o gosto da boca de Dulce, e o toque de champanhe em sua língua o estava deixando louco.

Mas o celular não parou.

Finalmente, soltando um palavrão, ele pegou o aparelho e atendeu com um “alô?” irritado.

— Aqueles malditos! — gritou vovó.

— Hã?

— Estou a caminho.

— O quê? — Christopher estava concentrado demais no vestido decotado de Dulce e em seus lábios inchados. — Aonde você vai?

— Vou me encontrar com vocês. Pedi a Stuart que me ligasse. Ele me contou tudo.

— Stuart? Mas quem é Stuart?

Vovó suspirou como se ele estivesse sendo ridículo.

— O garçom, Christopher. Às vezes me pergunto qual é o seu problema. Ele usava uma plaquinha com o nome dele. Me encontre na casa de praia. Vamos passar a noite lá, e vamos fazer uma festa que ela não vai esquecer!

Vovó desligou.

Christopher soltou um palavrão e olhou para Dulce, explicando:

— Então... era a vovó.

— É, eu ouvi. Ela é contra falar baixo.

— Ela quer lhe dar uma festa. — Christopher encarou o telefone, depois desviou o olhar para os lábios de Dulce. — Devíamos aceitar.

— Bem. — Dulce pôs o cinto de segurança. — É meu aniversário, afinal... e estou morrendo de fome.

— Eu também — concordou Christopher. Mas ele não estava com fome de comida. Não. Queria mais daqueles lábios. Droga! Ele a queria inteirinha para si. Controlando o desejo, ligou o carro outra vez. — Bem, não vamos deixar Sua Majestade esperando.

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