Os óculos escuros não estavam ajudando. Cambaleando, Christopher fazia o possível para manter os olhos fixos na esteira. Assim que pegasse as malas, daria o fora dali. Vovó já era crescidinha, podia chegar sozinha ao hotel. Além disso, se precisasse encarar Dulce mais uma vez, ele certamente perderia a cabeça e faria alguma maluquice, como ficar olhando fixamente para os lábios dela ou tentar estrangulá-la. Era difícil saber qual das duas opções era mais provável.
— Christopher? — chamou vovó. — Christopher, já encontrou minhas malas?
— Não — grunhiu ele, em resposta. — E creio que seja porque eu não estou procurando por elas. Estou atrás da minha bagagem. Você mesma pode encontrar a sua e ir para o hotel maravilhoso de sempre, no centro.
Nadine segurou a mão do neto e a apertou.
— Ah, na verdade, já tenho onde ficar!
— Ótimo.
Vovó soltou sua mão e pegou o celular.
— Sim, só a limusine, por favor. Perfeito. Sim, são dois passageiros.
Ela acenou para Dulce e para a outra garota. Dulce ignorou Christopher, o que era ótimo: ele só queria esquecer aquele dia. Ele se afastou e observou enquanto as duas garotas pegavam suas malas e saíam. Já iam tarde. Tudo o que ele queria era dormir.
Olhando pelo lado bom, ao menos vovó tinha chamado uma limusine para ele. Não que Christopher fosse pobre nem algo do tipo, mas não ter mais os direitos sobre uma empresa multimilionária estava longe de ser algo positivo, ainda mais considerando o estilo de vida que ele levara nos últimos cinco anos. Passara a faculdade em festas e gastara como se não houvesse amanhã, sem ligar para nada além de si mesmo. O que teria sido ótimo, se o dinheiro não tivesse acabado de repente. Bem, na realidade o dinheiro não tinha exatamente acabado: ele ainda era milionário, mas, sem a herança da avó, a grana diminuía. Teria de dizer adeus às viagens impulsivas às Ilhas Cayman, às coberturas de hotéis e às festas de aniversário nas quais esbanjava centenas de milhares de dólares.
Aquele deveria ser o ano em que assumiria os negócios da família.
Em vez disso, vovó desistira da aposentadoria e assumira novamente o controle do conselho da empresa, deixando Christopher como mero vice-presidente.
Sem o salário de CEO, ele se tornava um pouco... ingrato. Ou seria apenas irritado? Não tinha certeza. Mas precisava de uma bebida forte e de sexo antes de sequer pensar em aparecer no trabalho segunda de manhã. Talvez Sarah estivesse disponível. Ou Natasha. Tinha se divertido com ela, por um tempo.
— Ela está ali! — Vovó apontou a enorme mala rosa com estampa de oncinha. — Vá pegar! Depressa!
Resmungando, ele ergueu a mala da esteira e quase perdeu o equilíbrio.
— Meu Deus! O que você enfiou aqui?
— Ah, você sabe... — Vovó fez um gesto de indiferença. — Uma mulher nunca viaja sem roupas e maquiagem.
— Certo. — Ele encontrou a própria bagagem e a pegou. — Então, cadê a limusine?
— Que limusine? — A avó tirou os óculos de sol Chanel da bolsa.
— A limusine — repetiu Christopher. Todo aquele suplício no avião o deixara exausto. — Você acabou de ligar pedindo uma limusine para duas pessoas. Cadê ela?
— Christopher, tenho certeza de que existem muitas limusines, onde cabem bem mais que duas pessoas, mas, para ser sincera, não sei do que você está falando. Na realidade, mandei uma mensagem ao motorista, pedindo a ele que ligasse para Dulce e a irmã dela.
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O Desafio
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] "Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Christopher Uckermann é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, f...