Capítulo 02

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— Respire, Dulce. Respire. Inspire, expire... pronto.

Dulce tentava normalizar a respiração, mas estava tendo bastante dificuldade, pois sua irmã lhe dava tapas nas costas sempre que ela abria a boca.

— Passe o saco de papel. — Dulce arrancou o saco das mãos da irmã e começou a respirar ali dentro, devagar. Finalmente, depois de dois minutos pensando que fosse morrer, o ataque de pânico passou.

— Melhor? — sussurrou Maite.

— Não. — Dulce mordeu o lábio e olhou para o corredor. O mesmíssimo corredor por onde, minutos antes, Christopher Uckermann passara. Ele chegara a olhar para ela e abrir um sorriso educado antes de continuar o caminho até seu assento.

Um sorriso.

Era tudo o que ela merecia. Um sorriso educado. O fato de o avião ter escolhido aquele exato momento para passar pela maior turbulência da história só piorou as coisas.

Mas a cereja do bolo, o que realmente fez com que aquele fosse o pior dia de sua vida, foi quando os peitos da comissária de bordo acidentalmente — até parece! — pularam da blusa e bateram bem na cara de Christopher.

Aquele homem precisava ser castrado. Ele era a encarnação do sexo, e todos ao seu redor ficavam cientes disso. Mesmo Christopher não sendo uma celebridade, as mulheres se sentiam atraídas para ele como ratos para o queijo.

E ela já tinha sido um desses ratos.

— Babaca! — murmurou para si mesma, cerrando os punhos.

Mas aquilo fora anos atrás. Ela já estava calejada. Além de mais forte e mais sábia.

Sim, mais forte. Era uma figura pública, pelo amor de Deus! Tinha capacidade de agir como se estivesse tudo bem, e era exatamente isso que iria fazer.

E estava mesmo tudo bem.

Tudo muito, muito, muito bem.

— Dulce? — Maite a cutucou. — Você está se balançando para a frente e para trás de novo. Quer que eu pegue o saco?

— Não precisa. — Dulce sentiu os lábios se abrirem em um sorriso. — Já volto.

Maite estendeu o braço para bloquear a saída da irmã.

— Não. Não mesmo. Você está com aquela cara de louca. E eu realmente não quero que você seja presa. Como sua irmã e futura dama de honra, não vou me perdoar se eu deixar que você passe.

— Compro uma bolsa Louis Vuitton para você.

— Por outro lado... você é adulta e pode tomar as próprias decisões. Pode ir! — Maite ergueu o braço. — Preta. Vou querer a preta.

Dulce revirou os olhos e andou até o assento de Christopher.

O aviso de AFIVELAR OS CINTOS não estava mais aceso, então Dulce estava liberada. Tinha praticado aquele discurso desde o encontro fatal no ano anterior.

Ela queria mais que um casinho de uma noite, e Christopher... Bem, ele queria um casinho de uma noite e um “obrigado!”. Dulce nunca contou nada a Anahí, a amiga em comum, e jurou que levaria o segredo para o túmulo. Quer dizer, a não ser que visse Christopher outra vez, o que mudaria tudo.

Ela já tinha se perguntado o que diria se o encontrasse de novo. Como ele reagiria? Será que pediria desculpas por ter sido um babaca? Ou que nem mesmo se lembraria dela? Parecia que ele nem a tinha reconhecido! Tudo bem que ela estava com o cabelo mais comprido, mas rostos não mudam.

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