Capítulo 39

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Christopher parou o BMW na frente da casa, e, sem nem desligar o motor, saiu em disparada para a porta da frente.

— Vovó!

— Christopher! — Ela saiu correndo pela porta de entrada, segurando a bolsa. — Me leve para o hospital!

Ele parou. Ela parecia muitíssimo bem. Na verdade, estava com um belo macacão branco e os enormes óculos de sol pretos. Ela passou depressa por ele e abriu a porta traseira do carro.

— Oi, Dulce. — Vovó bateu a porta atrás de si.

E então Christopher viu a fonte do problema da avó sair pela porta da casa a passos firmes atrás dela. Petunia.

Pela expressão tensa no rosto da mulher, ele percebeu que não tinha sido um encontro agradável. Petunia vestia um cardigã rosa e exageradamente grande por cima de uma blusa de gola rulê, embora fosse verão. Por baixo da saia jeans comprida, meia-calça cor da pele. Sapatos ortopédicos completavam o visual.

— Ah, Christopher! — Petunia deu uma risadinha. — Senti falta do meu garotão!

Ele deu um abraço apertado na tia-avó.

— Tia Petunia, você ainda parece ter 50 anos!

— Ora, seu bobo! — Ela dispensou o elogio com um gesto.

O cabelo branco estava preso em um coque no topo da cabeça e os óculos grandes demais escorregavam pelo nariz. Ela os endireitou e botou as mãos nos quadris.

— Ela não está morrendo, aliás.

— É, eu percebi. — Christopher olhou para o carro, onde vovó acabara de passar batom e agora apertava os lábios.

— Ela só não tinha um carro. — Petunia olhou além do sobrinho-neto. — O restante do pessoal saiu para resolver coisas do casamento e eu e Nadine ficamos sozinhas.

— Preciso limpar alguma mancha de sangue? — Christopher olhou para a casa. — Pratos quebrados? Alguma coisa?

— É claro que não. — Petunia fungou com desdém. — Eu estava apenas tendo uma boa conversa com Nadine sobre essa roupa escandalosa.

— Mas ela está de branco. — Christopher coçou a cabeça, confuso. — Você não gosta de branco?

— Não é por causa da cor, querido — explicou a senhora. — Aquela mulher está usando sapatos de salto vermelhos com spikes. E, quando ela me mostrou os saltos, sabe o que vi?

— O quê?

— Uma tatuagem! — uivou Petunia, fazendo o sinal da cruz e agarrando o terço.

— Deve ser falsa — mentiu Christopher. Vovó provavelmente fez a tatuagem só para irritá-la.

— Não é! Eu perguntei! — Petunia voltou com o terço para dentro da blusa e suspirou. — Eu só não quero que ela vá para o inferno. É pedir muito?

— Ninguém vai para o inferno por causa de uma tatuagem.

— Você tem razão. — Petunia se endireitou. — As pessoas vão para o inferno porque Deus as manda para lá, e, assim que Ele vê tatuagens, elas perdem a chance do céu! — Bufando, ela se virou e voltou para a casa.

Mulheres. Esfregando a nuca, Christopher foi até o carro e bateu na janela. Vovó a baixou, mas se recusou a fazer contato visual. Apenas fez biquinho e olhou para a frente.

— Bem, estou esperando. — Ela umedeceu os lábios. — Pode começar o sermão.

— Vovó, não vou fazer um sermão — respondeu Christopher, perplexo. — Mas por que é que você não tenta se dar bem com ela?

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