capítulo 12

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As beautiful as fire against the evening sky You fuel the lost desire — I no longer wanna die

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As beautiful as fire against the evening sky You fuel the lost desire — I no longer wanna die.
— Seether, “Take Me Away”

Nunca em toda a minha vida — bem louca, assumo — vi uma garota nocautear um cara daquele jeito.

Quando entrei, demorei poucos minutos para localizar Shivani. Ela se destacava de todos ao redor. E não pense que falo da roupa ou do estilo.
Enquanto todos estavam à vontade, a garota torcia o nariz de forma quase ofensiva.

Eu estava pronto para chamar seu nome no momento em que percebi o clima tenso, e, quando balancei a cabeça achando que teria de bancar o herói da donzela indefesa, ela simplesmente esmagou as bolas do cara. Ela esmagou as bolas do cara. ESMAGOU AS BOLAS DO CARA!

O pensamento que se repete feito um eco atrasa minha reação, e só desperto quando a vejo correr em minha direção. Não que ela tenha me visto — pela trombada que a gente dá, tenho certeza que não.

Eu a pego antes que caia, mas ela está tão assustada que dou um passo para trás.

— Calma, sou eu. Tá tudo bem — digo, ao ver que ela está pronta para me atacar.

Instintivamente, coloco a mão entre nós e protejo a zona que poderia correr riscos ao perceber que seus olhos estão arregalados.
Quero ajudá-la, mas não estou a fim de danificar meu equipamento.

— Bailey? — ela pergunta, confusa.

O brilho de reconhecimento é seguido pelo alívio em seu olhar. Dou um meio-sorriso. Taí algo que eu não esperava — nem o alívio nem o sorriso.

— Sim. — Seguro seus ombros, mas a mantenho longe do meu corpo. — Posso me aproximar ou vou acabar no chão como aquele cara? — Duvido que ela me pegasse desprevenido, mas brinco para aliviar a tensão, e ela dá um soluço misturado com risada. Ela está à beira de um ataque de nervos.

— Pode.

Eu a abraço, por dois motivos. Primeiro: sei que é o que ela precisa. Ela está em estado de choque.
Segundo: esta é a minha área. Conheço muitos caras que estão na festa. E aqui funciona assim: ou você marca a garota como sua, ou alguém vai catar.

O cara caído se levanta, e dois de seus amigos já estão vindo até mim.

— Fica aí! — falo alto, apontando para ele com uma mão e envolvendo Shivani com o braço livre. Ela não faz objeção.

Alguém desliga o som. Tem uma coisa que as pessoas curtem mais do que música numa festa:
uma boa briga.

— Mermão, essa mina precisa de um corretivo.

— Fica na sua! Cadê o Gigante? — pergunto pelo dono da casa, enquanto um círculo de pessoas se junta à nossa volta.

Merda! Um dos caras caminha decidido até nós. Coloco Shivani atrás de mim, fecho o punho e acerto a cara dele, que desaba com o nariz estourado.

Não dá tempo nem de pensar. O outro cara me ataca. Sou mais rápido — pego o braço dele, torço e, usando o peso de seu corpo, o jogo no chão. Pelo barulho e pela posição, sei que no mínimo desloquei seu ombro.

Ouço um tiro e Shivani dá um pulo, seguido de um grito. Em um instante, seguro sua mão.

— Acabou a putaria! — berra o cara mais alto e maluco que já conheci, enquanto balança um revólver para cima e para baixo. Assim que me vê, ele abre os braços e sorri. — Barman, parceiro! Tinha que ser você o puto pra agitar essa porra. Tava mole isso aqui.

Qualquer ameaça de confusão termina. Ninguém que conhece o cara ousaria continuar, a menos que quisesse ser desovado como indigente em algum lugar.

— E aí, cara? — cumprimento sem soltar Shivani, chamando a atenção dele.

Gigante coloca o revólver na cintura, sem tirar os olhos da garota. Ele é um negro forte, e o modo como parece querer Shivani me incomoda.
Também, como não querer com essa maldita saia curta? Nunca pensei que teria um problema com ele, mas me preparo para o pior.

— Sua mina?

— É — respondo, agradecendo ao gato que comeu a língua de Shivani. Ela só olha ao redor, enquanto aperta a minha mão.

— Porra! As melhores sempre são suas.

— Nah! Perdi uma linda pra você uma vez. Duas, na verdade. — Sou certeiro, e ele dá uma gargalhada.

— Irmão, aquela mulata e aquela ruiva...

Acompanho a risada e percebo que o choque de Shivani está passando, porque ela revira os olhos, com cara de menosprezo. Felizmente Gigante não percebe.

— Vim buscar meu primo. Viu o moleque por aqui? — pergunto, querendo resolver a situação e ir embora.

— O krystian apareceu com um moleque novo que não quis experimentar nada além de álcool.

Shivani suspira de alívio e não consigo conter um sorriso. Ela realmente não conhece nada do que o mundo oferece.

— Estão aí ainda? — pergunto.

— Não, saíram com duas garotas. Não sei pra onde foram. O moleque novo é divertido. Careta demais ainda, mas divertido. Fala pro Krystian trazer ele mais vezes.

— Nem ferrando... — Shivani murmura baixinho, perto do meu ouvido.

A música recomeça, e preenche o ambiente. É a minha deixa para cair fora.

— Beleza. Vou indo.

Quero sair logo daqui.

— Já? Não quer nem ficar e dar um tiro ou dois?

Shivani arregala os olhos para mim e tenta soltar a mão, provavelmente pensando no tipo do cara que a salvou.

Não permito que ela se solte e me movo de forma que seu corpo fique bloqueado. É melhor que não a vejam reagindo assim a mim, ou o disfarce já era.

— Hoje não — respondo sem me virar e continuo seguindo para fora da casa, mas ainda escuto Gigante gritando atrás de mim.

— Não vai deixar essa aí te mudar, hein?

Ri enquanto caminho e berro a resposta:

— Nunca!

— E pega ela de jeito! Com força! Mostra quem manda! — ele segue gritando.

(Ah vá tomar no cu!)

Estou gargalhando. Ela me dá um murro no braço, visivelmente ofendida, e anda batendo o pé apressada à minha frente, mas não paro de gargalhar.

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“Tão bela quanto fogo contra o céu noturno/ Você alimenta o desejo perdido — eu não quero mais morrer."

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora