Shivani acaba de perder o pai. Com a mãe em depressão, ela se vê obrigada a assumir o controle da casa com o irmão mais novo. Bailey teve o pai assassinado há alguns anos e agora viu quatro pessoas de sua família, incluindo a única irmã, morrerem em...
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I know I can be afraidBut I’m alive And I hope that you trust thisheartBehind my tiredeyes. — Dido, “I'm No Angel”
E, mais uma noite, Bailey diminui a velocidade para estacionar em frente à minha casa.
— Pode parar ali, por favor? — aponto para um lugar perto do muro, bem embaixo da guarita.
Desço, tiro o capacete e entrego a ele. Bailey tira o dele, já que no bar tinha um sobressalente. Ele coloca ambos em cima da moto e se aproxima de mim, quando encosto no muro.
— Então, o namorado rodou... — Ele para a meu lado e olha para frente, como eu.
— É. — Minhas mãos estão para trás, encostadas no muro gelado, esperando que o frio mantenha meu corpo calmo.
— Alguma razão específica?
Suspiro e as palavras escapam, como bolhas de sabão seguindo o rumo do vento.
— Meu pai dizia que, quando descobrimos que estamos apaixonados, o coração fica tão assustado que pula um batimento, como se estivesse se preparando para todas as variações de velocidade que vai ter que enfrentar a partir daí. É o que ele chamava de “batidas perdidas do coração”. Segundo ele, o coração nunca recupera o ritmo correto até se encontrar no peito de outra pessoa.
Não nos olhamos enquanto eu falo. Faço uma pausa, depois continuo:
— Eu fui apaixonada pelo César. A gente namorou por três anos e foi muito bom por um tempo, mas nunca senti meu coração pular um batimento. Nunca perdi uma batida. Quando meu pai morreu, tanta coisa foi acontecendo, e me apeguei a cada uma das nossas conversas. Agora eu quero isso. Quero perder uma batida. Você já sentiu algo assim?
— Nah! Só se perdi uma batida da bateria sem perceber ou errei no preparo de alguma bebida, o que é pouco provável.
Nós rimos e Bailey se vira para mim, ainda encostado no muro. Faço o mesmo em direção a ele. Sua expressão fica séria, antes de começar a falar:
— Meu pai acreditava que existe apenas uma pessoa certa para cada um de nós. Eu não sei. É uma visão romântica e arriscada. Mas talvez nossos pais tenham razão, sei lá. Vai ver que é por isso que a minha mãe nunca mais encontrou outra pessoa pra amar.
— E é por isso que a minha deixou de viver... — É impossível não desviar o olhar, mas volto os olhos para ele quando o sinto segurando minha mão. — Se o coração só recupera o ritmo no peito da outra pessoa, o coração da minha mãe vai viver para sempre fora do compasso. — Uma lágrima escorre e, antes que eu possa enxugar, sinto sua mão em meu rosto.
— Eu penso muito nisso. Perdi meu pai, meus tios, minha irmã, mas minha mãe perdeu todos e o homem por quem se apaixonou. Perdeu o homem que seu coração escolheu amar. Não escolhemos amar nossa família. Amamos e pronto. É uma extensão de nós. Um amor que nasce e morre com a gente. Mas um parceiro... Aquela pessoa que vai viver com você até o fim, é diferente. É muita coisa pensar em quanto você tem que amar alguém pra tomar essa decisão e depois ter isso arrancado de você.