Capítulo 34

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This place needs me here to start This place is the beat of my heart

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This place needs me here to start This place is the beat of my heart.
– R.E.M., “Oh My Heart”

Chego algemado à delegacia.
Segundo o policial me disse, o filho da puta que matou minha família se lembra da tatuagem e não do rosto. O que não diz muito, mas ele é um riquinho filhinho de promotor e eu sou só um cara qualquer.

Encosto a cabeça na parede da cela e só consigo pensar em Shivani. Se eu tivesse me segurado, se não tivesse espancado aquele cara, se não tivesse bebido tanto e me drogado na madrugada passada, nós teríamos uma chance. Agora acabou.

Como ela vai reagir quando souber? O que minha mãe vai pensar? O que vai ser do Krystian?

Perguntas. Tantas perguntas e só respostas que me perturbam. Ainda assim, penso em cada uma delas durante as próximas horas. Vou perdendo a noção do tempo conforme ele se esvai pelo ralo, aonde vou chegar em breve.

Passo as mãos no rosto e abro os olhos. Tem um homem parado na frente da cela, olhando seriamente para mim.
É ele. O padrinho de Shivani que vi de longe hoje no hospital.

— Vamos. Solte-o — ele diz para o policial que me encara com raiva. — Venha, Bailey. — Seu tom é duro, diferente do jeito simpático que observei à tarde.

O guarda não entende por que estou sendo solto, e nem eu sei.

Eu me levanto, saio da cela, o padrinho coloca a mão em meu ombro e me guia para fora. Assino a papelada, pego meus documentos e o celular e pronto.
Não tenho a mínima noção do que está acontecendo. Ele me acompanha e deixamos a delegacia. Assim, sem mais nem menos. Que porra está acontecendo aqui?

— Tudo foi resolvido e retiraram a queixa — ele me encara enquanto pronuncia cada palavra. — Você tinha um álibi, e o garoto agredido não conseguiu fazer uma descrição clara. Para a polícia, você é inocente. Para mim, teve muita sorte.

Ele recomeça a andar e para perto de um carro. Desliga o alarme, que destrava as portas, e aponta para o outro lado.

— Entra aí — ordena.

Sim, ele está mandando mesmo. Na maior.
Não costumo aceitar ordens, mas levo em consideração que estou solto e que ele é o responsável.

Entro sem dizer nada, encosto a cabeça no banco e respiro fundo. Quando o mundo virou de ponta-cabeça e agora sou eu o cara que escapa da polícia por ser bem relacionado?

— Você sabe que eu sou padrinho da Shivani?

— Sei.

— Sabe que ela é como uma filha para mim, assim como o irmão dela?

— Sei.

— Sabe que sei atirar? — Troco um olhar com ele, sem saber o que é certo dizer, mas não demonstro medo, até porque não estou sentindo.

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora