Look into my eyes and see my pain Now that I lost what I thought I’d gained Sorrowness and fear is all I taste Now I understand what I had to waste My love.
— Seether, “Senseless Tragedy”A merda acontece: a porra do meu dinheiro acaba e em breve não vou ter como me manter.
Preciso ir para casa descobrir o que tem para vender por lá.
Gigante manda um amigo checar e descobre que Shivani saiu há quinze dias. Ninguém sabe para onde foi, mas acho que a família finalmente se meteu.
Penso em Krystian às vezes. Mesmo assim não telefono para ele. Está melhor sem mim e Shivani não o deixaria sozinho. Ela é boa demais para abandonar qualquer um.
Porra, para de pensar nela, mas que caralho!É noite quando entro no apartamento. Tudo está como deixei. Nossa casa.
Tudo o que vivemos volta e balanço a cabeça tentando esquecer.Não tem muita coisa que eu possa vender. A televisão e o som, talvez. É, vou ligar para o Gigante. Pego o celular e entro no quarto.
— Cadê a minha guitarra? O Pepe tá muito folgado, puta que pariu!
Gigante diz que só vai poder vir me ajudar de madrugada, então decido passar parte da noite na minha cama. Tomo um banho, enrolo uma toalha na cintura e saio pingando pela casa. Quando chego ao quarto, Shivani está olhando pela janela.
— Ah, caralho... — murmuro, chamando sua atenção.
Ela se vira para mim, em silêncio. Está usando calça jeans e moletom. Sei que só optaria por isso na pressa. Porteiro filho da puta!
Ela toca os lábios com a mão, emocionada. Está mais magra, pálida e com olheiras. Ainda usa o anel de compromisso que lhe dei e isso me mata. Não nos vemos há quarenta e nove dias e Shivani ainda não desistiu de mim. Não nos vemos há quarenta e nove dias e meu coração ainda perde uma batida por ela. Quarenta e nove malditos dias.
— Vai embora. — Sou duro. É melhor assim.
Shivani não se mexe. Seus olhos percorrem meu corpo e depois encontram os meus. Porra, porra, porra! Ela provavelmente está querendo ver se estou bem, mas só consigo pensar em jogá-la na cama.
— Você é muito egoísta, Bailey.
De tudo o que eu esperava ouvir dela, o tom duro estava fora da lista.
Levanto uma sobrancelha. Se ela quer seguir por esse caminho, o jogo dá para dois.— Só agora você percebeu?
— Só agora você foi. O que mostra que não é algo seu, é essa droga maldita.
— Vai embora.
Ela cruza os braços e levanta o queixo, me enfrentando. Puta que pariu, até disso senti falta!
Eu a conheço bem. Ela não vai sair. Se está aqui é porque acha que pode me salvar. Não pode e vou mostrar a ela. Mexo na mochila sobre a cama e tiro um saquinho de cocaína. Despejo parte do conteúdo sobre a cômoda. Shivani está tão chocada que demora para reagir. É tempo suficiente para que eu estique e aspire. Não tanto para chapar demais, mas o suficiente para escandalizá-la.
Sem pensar, ela vem para cima de mim e começa a me bater.
— Como você pode ser tão estúpido?! Essa merda vai ter matar! — Um tapa atinge meu rosto, outro o peito, e ela não para. — Por que você faz isso?
Prendo suas mãos e a empurro contra a parede, imobilizando-a.
— Isso é o que eu sou, Shivani — sussurro perto do rosto dela. Sinto algo escorrer na minha bochecha. Solto uma das mãos e descubro que ela me cortou em um dos tapas, estou sangrando. Volto a segurá-la.— Satisfeita?
— Não. Devia ter batido mais. — Seu olhar baixa e percebo que na confusão minha toalha caiu. Estou nu , prensando o corpo dela contra a parede. Caralho! Caralho! Caralho! — Me solta. A gente precisa conversar.
— A gente terminou, garota. Você e eu não existe mais. Não te devo satisfação.
— Cala a boca, Bailey. Ou se abrir que não seja para falar merda. — Ela está tão furiosa que me surpreendo.
— Ah, você é dessas agora? O que faz no Brasil ainda? Fiquei sabendo que seu amigo te quer em Londres.
— Como você sabe? — ela pergunta, confusa. Não sabia até agora! Vou matar aquele garoto filho da puta. — Me solta! — ela se debate.
— Quero que você vá embora — digo firme, pausadamente e bem perto de seu rosto.
Shivani tenta se mover e eu a prendo mais. Sua coxa está entre as minhas pernas e, pelo brilho repentino que surge em seus olhos, acho que ela vai me bater quando tiver oportunidade.
— Não sei mais quem você é.
— Sou o cara que vai partir seu coração.
— Não, você é o cara que já partiu meu coração.
A droga começa a fazer efeito, Shivani começa a fazer efeito. Puta que pariu, sou um viciado do caralho! Quero tudo! Quero as duas!
— Me solta. Você está me machucando.
Afrouxo os braços. Ela tem marcas vermelhas nos punhos. Sou um animal.
(N/A: Uma anta falante)
— Vai embora — digo, sem me afastar nem um milímetro.
— Não posso — agora é ela quem diz. — Você está me segurando. Minhas mãos estão na cintura dela. Quando isso aconteceu?
— Não dá pra ficar nisso a noite inteira.
— Então me solta. — Ela me encara. Pouco restou da menina inocente. Mais uma coisa para colocar na lista do que matei.
— Não dá — murmuro, sem desviar os olhos dela.
— Por quê?
— Porque eu te amo, porra! E isso não sai de mim, por mais que eu tente.
Se eu tivesse que dizer como começou, jamais saberia, mas, quando me dou conta, estou beijando Shivani e pressionando ainda mais seu corpo contra a parede. Ela aperta meus braços e envolve meu pescoço, me puxando cada vez mais.
Meus batimentos estão descontrolados, assim como meu senso de realidade. Cada toque me alucina. Estou chapado e não sei qual das duas drogas desperta mais a loucura em mim. Em segundos estamos na cama, estou dentro de Shivani, estou em casa.
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“Olhe nos meus olhos e veja minha dor/ Agora que perdi o que pensei ter ganhado/ Tristeza e medo são tudo o que provo/ Agora eu entendo o que tive de desperdiçar/ Meu amor.”
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As Batidas Perdidas do Coração
FanfictionShivani acaba de perder o pai. Com a mãe em depressão, ela se vê obrigada a assumir o controle da casa com o irmão mais novo. Bailey teve o pai assassinado há alguns anos e agora viu quatro pessoas de sua família, incluindo a única irmã, morrerem em...