Capítulo 29

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Catch me as I fall Say you’re here and it’ s all over now

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Catch me as I fall Say you’re here and it’ s all over now.
— Evanescence, “Whisper

Minha mãe foi levada para dentro do pronto-socorro há meia hora. É pouco tempo, eu sei, mas é desesperador.

Não consigo ficar parada. Sinto que, se eu não andar de um lado para o outro, vou desmoronar. Se me movimento, parece que faço algo, apesar de não fazer nada. Estou enlouquecendo.

Olho para o celular outra vez. Nenhuma ligação de Bailey.
Não sei nem se ele me ouviu quando liguei.Estou à beira de um ataque de nervos.

Lamar me abraça de repente.

— Calma, Shiv. Calma. Você é tudo o que eu tenho. Se acalma, porque, se eu perder você, vou pirar. Fica comigo e não surta.

Eu o abraço de volta, encosto a cabeça em seu peito e choro. Sabemos que temos nossos avós, tios e primos, mas nossa família — nós dois, o papai e a mamãe — sempre foi tão apegada que cada perda deixa um buraco imenso.

Deixo escapar um soluço desesperado. Queria entender quando minha vida se tornou essa sucessão de catástrofes.
Devia ter um aviso prévio:

“Prepare-se, a partir de hoje tudo vai desmoronar”

Uma hora eu estava no shopping escolhendo roupas novas e no minuto seguinte estava acompanhando meu pai na quimioterapia, assinando os papéis no hospital, escolhendo seu caixão. Não quero ter de fazer isso por minha mãe. Não tenho mais forças para isso.

Meu irmão massageia minhas costas e diz:

— Vai ficar tudo bem.

— Você acha? — fungo ao perguntar.

— Só posso me apegar a isso. Vai ficar tudo bem.

— É o que o pai diria.

— É o que eu estou dizendo agora.

Sei o que ele quer dizer. Nosso pai se foi, mas ele está aqui. Ele não vai me deixar.

bachche! — ouvimos vovô e nos viramos para ele, correndo para seus braços exatamente como ele nos chamou: “crianças”.

Ele nos abraça. Cada um perdido e envolto por um braço, desejando o colo do homem de quem tanto queremos fugir às vezes.

— Vovô, ela estava tão gelada — conto, ainda muito assustada.

— E não respondia — Lamar acrescenta, e percebo que também chora.

— Vai ficar tudo bem — vovô diz, e nos entreolhamos.

Vovô ensinou ao papai, que nos ensinou. Somos pontas soltas cujo centro se foi para sempre.

— Quero falar com o médico. Vocês sabem quem é o responsável?

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora