Capítulo 72

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Remembering you — what happened to you?I wonder if we’ll meet again Talk about life since then Talk about why did it end?— Stereophonics, “Dakota”

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Remembering you — what happened to you?
I wonder if we’ll meet again Talk about life since then Talk about why did it end?
Stereophonics, “Dakota”

Nos primeiros dias na clínica, chego bem perto de morrer. Ou pelo menos é assim que me sinto, como se a morte me rondasse e dissesse que seria mais fácil e menos doloroso.

É difícil para alguém como eu ser tão controlado e vigiado, mas aos poucos estabeleço uma relação com minhas partes obscuras e me sinto melhor por não passar por isso sozinho. Sou obrigado a ser aberto e não me adapto bem a isso. Sim, sempre fui sincero com as pessoas, mas neste lugar é como se cada pensamento meu devesse ser partilhado.

Todas as minhas dores são investigadas e cada ferida é escancarada para sangrar à vista de todos. As semanas anteriores à internação, minha vida antes das drogas, minha família, Shivani, nada mais é só meu. Tudo o que sinto passa a ser de todos, assim como o que os outros sentem passa a ser meu.

O pior momento, e que me rende a crise de abstinência mais avassaladora, é contar o que me trouxe à internação. Meu amor por Shivani e a dor que causei a ela. É por isso que estou em tratamento.

Muitas listas são feitas, das pessoas que feri, das que me feriram. Das razões para me odiarem, das minhas razões para odiar o mundo. São tantas que temo não haver papel suficiente.

Estou internado há trinta dias. É a primeira vez que vou receber visitas. Primeira vez que vou ter notícias do mundo lá fora. Faz trinta e um dias que ela foi embora.

Prometi a mim mesmo que não pediria a ninguém para procurá-la ou para dar algum recado meu, mas o terapeuta diz que devo colocar para fora o que sinto e que escrever pode ser bom. Então pretendo escrever cartas que ela nunca vai ler. Não sei se dá para chamar de carta, mas a primeira é esta:

Me desculpa, P̶o̶r̶r̶a̶

É, preciso trabalhar nisso. O terapeuta diz que tem agressividade no meu jeito de falar, mas é meu jeito!

Tudo o que eu queria era apagar o que fiz, era poder ouvir o coração do nosso bebê, era poder dormir com ela todas as noites. Meu Deus, eu daria tudo só para dormir com ela em meus braços.

⏭  ▶ ⏮

“Lembrando de você — o que aconteceu com você?/ Eu me pergunto se vamos nos encontrar novamente/ E conversar sobre a vida desde então/ Conversar sobre por que acabou.”

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora