Capítulo 47

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Oh, I don’t wanna share you with nothing else I gotta have you to myself Oh, I can’t help it, I’m so in love I just can’t get you close enough, no

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Oh, I don’t wanna share you with nothing else I gotta have you to myself Oh, I can’t help it, I’m so in love I just can’t get you close enough, no.
— Shania Twain, “I’m Jealous”

O expediente está quase acabando. Bailey passa por mim e diz que precisa ir ao estoque para deixar a lista de compras atualizada para Pepe. Depois podemos ir embora.

A hostess passa ao lado da nossa mesa pela milésima vez. Ela deu em cima do Noah a noite inteira, agora segue na direção em que Bailey foi.

— Se eu fosse você, ia atrás — Sabina avisa, trocando um olhar com Savannah.

— Essa aí vai aprontar. — Até Nour, que é a mais ingênua de nós, percebe.

— Ela quer seu namorado. Tô avisando — Sabina insiste.

Noah desvia o olhar do meu e me levanto. Ele também percebeu. Não é que eu não tenha visto, só pensei que ela respeitaria o fato de Bailey ter me assumido como namorada.

Meu sangue ferve quando sigo na mesma direção. Já fui até o estoque uma vez com Bailey, mas fiquei na porta enquanto ele fazia a contagem da mercadoria. Agora encontro a porta fechada e ouço a voz de Bailey lá dentro:

— Já falei que não quero, caralho!

— Ah, vá. Tá namorando agora? — a garota zomba. — Não ligo, se esse é o problema. Você pode muito bem dar uma rapidinha comigo e voltar pra menina doce pra quem você canta.

Coloco a mão na maçaneta e me assusto ao ver minhas amigas atrás de mim. Até Pepe nos observa de longe

— Vou dar uma rapidinha na sua cara! — digo ao entrar no estoque e ver a vaca com o zíper do macacão aberto até o umbigo.

— É bom mesmo, porque se não der eu dou. — Sabina larga a bolsa nas mãos da Nour e para ao meu lado.

Bailey me pede desculpas com o olhar. Ironicamente, terminamos a noite invertendo as posições — agora sou eu quem está morrendo de ciúme.

— Fecha essa merda e vaza — ele diz para a garota, referindo-se ao macacão, e continua anotando algo em uma prancheta.

Ao mesmo tempo em que o pouco-caso de Bailey a irrita, eu me acalmo. Nesses últimos dias aprendi muito bem a reconhecer quando ele está excitado, e para essa menina sobra apenas desprezo. A garota o encara e, sem se importar com a cena, umedece os lábios.

— Pra mim chega, vou te matar! — tento dar um passo à frente e sou suspensa no ar pelas mãos do Noah.

— Calma, Shiv. Olha em volta — ele diz tranquilo, e Bailey aperta a prancheta, nos encarando. — É um estoque cheio de bebidas. Não é lugar pra brigar.

Eu me sinto com doze anos de novo, quando tentei bater em três garotos que se juntaram para quebrar a bicicleta de Lamar. Noah estava ali para me segurar e evitar que eu piorasse a situação. Tudo bem que depois, quando eu estava bem longe dali, ele, Lamar e outros garotos se vingaram.

— Chega, Andressa. Sai — Pepe está na porta e sua voz é dura como nunca ouvi. — Vamos acertar suas contas de uma vez.

— O quê?! — ela se revolta. — Tá louco?

— Você está no meu estoque, com os peitos de fora, assediando meu funcionário.

— Muito sexy — Sabina murmura, e todos sabemos que não é da Andressa que ela fala.

— Eu? Todo mundo conhece a fama do Bailey. Ele pode muito bem ter começado — ela fala, balançando a cabeça de forma absurdamente irritante.

— Ele poderia, no passado, mas não agora. Você sabia que o seu trabalho aqui era temporário. Está no contrato, então acabou.

— O Bailey não vai ser punido? Geral sabe que ele comia todo mundo aqui!

— Punido por quê? Por não te comer? Não, não vai. Você sabe muito bem o que o Bailey significa para o bar. O André esteve aqui ontem. Lembra do que ele disse, né? Que o Bailey é essencial e o único funcionário, além de mim, que é insubstituível. Pode parar com a cena. Tenho várias testemunhas de que você está dando em cima dele desde que chegou.

— Mas que vaca... — murmuro, revoltada.

— Vem. Vamos até o escritório agora. — Pepe balança a mão, e ela passa por mim contrariada. Tento meter a mão na cara dela, mas Noah me segura outra vez, enquanto Bailey bate a prancheta na prateleira, irritado.

Sabina se aproveita do momento e dá um pisão com o salto agulha no pé de Andressa, que sai xingando, amparada por Pepe.

— Vamos sair também — Noah diz e vai puxando as meninas, até que fico sozinha com Bailey.

Nem por um segundo achei que ele estivesse cedendo à provocação de Andressa, mas estou irritada com a cena. Devagar, ele se aproxima de mim e fecha a porta, mantendo a mão ali e o rosto próximo ao meu.

— Então é aqui que você pegava as meninas, seu puto?!

— Tá virando moda isso. — Um brilho encantador surge em seu olhar. Ele aprecia meu ciúme. — Acho que é melhor voltar a me chamar de idiota.

— Puto! — Levanto o queixo e cruzo os braços. Ele dá um meio-sorriso, exatamente como fazia logo que nos conhecemos, quando eu me comportava assim.

— Sim, eu era. No passado, sabe? Desde que te beijei pela primeira vez, acabou pra todas as outras. Só quero você. Posso ter transado antes, como você também fez, mas isso é passado. É por você que eu acredito num futuro. Foi com você que eu descobri que as tais batidas perdidas do coração existem.

Eu me lembro dos nossos beijos no escritório e não consigo evitar a pergunta, mesmo sabendo que não é da minha conta.

— Você já ficou com alguém no escritório?

— Não.

— O estoque é seu motel particular.

— Era. No passado, lembra? Agora é você que está com ciúme.

— Não, não estou.

— E o que é isso então? — Ele descruza meus braços devagar e segura meu queixo perto do seu rosto.

— Instinto protetor despertado por uma vaca que acha que pode chegar tirando a roupa para o meu namorado.

Bailey ri baixo, perto da minha boca, e me beija antes que eu possa reagir.

— Vamos pra casa — ele sussurra sem se afastar. — Tem algo que nunca fiz aqui e tô louco pra fazer com você a noite inteira.

— O quê? — acaricio sua barba, já me esquecendo de todo o resto.

— Amor.

⏭  ▶ ⏮

“Ah, eu não quero te dividir com nada mais/ Preciso ter você para mim/ Ah, eu não posso evitar, estou tão apaixonada/ Eu simplesmente não consigo ter você perto o suficiente, não.”

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora