Capítulo 44

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Meu bem me deixa sempre muito à vontade Ela me diz que é muito bom ter liberdade Que não há mal nenhum em ter outra amizade E que brigar por isso é muita crueldade Mas eu me mordo de ciúme

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Meu bem me deixa sempre muito à vontade Ela me diz que é muito bom ter liberdade Que não há mal nenhum em ter outra amizade E que brigar por isso é muita crueldade Mas eu me mordo de ciúme.
— Ultraje a Rigor, “Ciúme”

No fim, Shivani sai da clínica muito feliz. A mãe ainda tem um caminho longo pela frente, mas vê-la bem melhor do que quando entrou deixa Shiv cheia de esperança. Sua alegria me contagia.

A avó se aproxima de mim rapidamente, me dá um beijo no rosto e diz:

— Cuide dela.— Depois se afasta, sem me dar chance de falar nada.

O avô segue com o gelo. Levo Shivani para o carro e acaricio seus cabelos em todo o trajeto. Quero que ela fique bem.

Paramos em casa. Eu a deixo lá, para que possa tomar banho e se preparar para mais tarde, e vou de moto para o trabalho. Ela ainda não sabe, mas chamei suas amigas para irem ao bar e encomendei um bolo, sem ter certeza se ela estaria no clima para comemoração. Com a mãe bem, ela vai estar.

Durante todos esses dias, Lamar e Krystian têm ficado comigo no bar. Sei que Pepe também me vigia, mas é mais discreto.

Há uma hora estamos apenas eu e Krystian, porque Lamar foi buscar a irmã.

Estou preparando uma caipirinha de saquê quando a vejo entrar. Engulo em seco. Puta que pariu! Ela está usando um vestido rosa curto, com uma jaqueta de couro preta por cima e um coturno que vai quase até os joelhos.

— Quero ver escapar do estoque... — Pepe passa e me provoca. Realmente, quero ver como vou me segurar para não agarrar essa mulher até o fim da noite.

Quando ela vê as amigas, quase chora de felicidade. Estou de longe, apreciando cada uma de suas reações, extasiado. Até Sina veio, a amiga que eu não conhecia e que é casada com o primo do ex-namorado da Shiv.

Shivani se afasta das amigas e vem até mim. Tenho um presente para ela. Aperto o bolso e sinto a caixinha. Meu coração dispara em expectativa.

— Pepe, vou ali no escritório.

— Ah, Bailey!

— Relaxa, volto rapidinho. Só quero dar um beijo nela. Por favor, cara. Só um beijo.

— Vai, vai — Pepe responde, rindo.
Cruzo com Andressa quando saio do balcão, mas nem paro. Pego Shivani pela mão e ando o mais rápido que posso até o escritório, trancando a porta atrás de nós.

Antes que eu consiga falar, Shivani me empurra contra a parede e me beija. Porra! Porra! Porra! Como vou conseguir manter minha palavra de que seria só um beijo?

Minha mão já está procurando a barra do vestido, sem controle. Puta que pariu! O que me segura é que ela pressiona o corpo contra mim e esbarra na caixinha. Shivani se afasta só um pouco, encosto a testa na dela e digo:

— Feliz aniversário. Posso saber por que sou eu que tô ganhando o presente? — Passo a mão em sua bunda. — Não que eu me importe.

— Gostou da roupa? — ela gira, me provocando.

— Se gostei? Vou ficar com dor nas bolas até a gente chegar em casa. — Em casa. É tão natural pensar na minha casa como também dela. — Tenho um presente pra você.

— Sério? — Seus olhos brilham. — O que você fez hoje, e tudo o que tem feito, já são presentes lindos.

— Pode até ser, mas esse é melhor.

Pego a caixinha preta de veludo e entrego a Shivani. Ela abre devagar e suspira, sorrindo.

— Ah, meu Deus! Um anel de Claddagh! É um anel de Claddagh! — ela dá pulinhos, explodindo de felicidade. Meu coração se dissolve no peito. — Como você sabia?

— Sua prima me ajudou.

O anel de Claddagh é composto por um coração com uma coroa e duas mãos que o seguram. E é o anel de prata que Angel deu a Buffy na série Buffy, a caça-vampiros, que Shiv adora. O significado da coroa é lealdade, das mãos, amizade, e o coração é o óbvio: amor.

— Eu amei, Bay. De verdade, amei muito. O melhor presente que já ganhei.

Enxugo uma lágrima em seu rosto e a beijo outra vez.

— Posso colocar em você?

— Pode.

Pego o anel e deslizo no dedo anelar da mão direita, com a ponta do coração direcionada para o punho.

— Você sabe até o que o anel significa?

— Sei. Sempre vou querer saber mais sobre as coisas que você gosta.

Shivani olha a própria mão, admirando o anel, sorridente.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer. Ou melhor, me agradeça mais tarde, em casa — digo, abrindo a porta. — Infelizmente preciso voltar para o bar.

— Ah, só um minutinho. — Ela fecha a porta correndo e me beija outra vez.

Uma hora depois, Shivani se aproxima do bar novamente.

— Não precisa ficar aqui. Vai lá com as suas amigas — digo, querendo que ela se divirta.

— Já vou. Só passei um pouquinho para ver como você estava.

— Ainda querendo você — provoco, colocando duas garrafas de Smirnoff Ice sobre o balcão para o garçom.

Ela morde o lábio inferior sem deixar de me olhar. Um cara alto e moreno se aproxima da mesa em que as amigas estão sentadas, e Sabina aponta para o bar. Ele caminha decidido. Um pressentimento me incomoda. O tal cara está olhando para as costas de Shivani

O garçom me pede mais duas cervejas e me viro para abrir a geladeira, no mesmo momento em que Shivani dá um gritinho.
Olho para ela e o filho da puta está com as mãos em volta de sua cintura, tirando-a completamente do chão.

— Noah!

Então esse é o Noah. Ótimo.

— Shiv! — Ele dá um beijo estalado nela, que continua longe do chão.

Nunca na vida senti tanto ciúme.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta quando ele finalmente a põe no chão.

Sem dar a mínima para mim, o puto coloca a mão no rosto dela, ajeita seu cabelo e diz:

— O quê, você não sabe? Sou oficialmente o plano B.

Que porra é essa de plano B?

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora