Maybe I'm In Love - Jiara

28- De olho no prêmio

Sexta-feira.

                               Kiara

Eram aproximadamente 20:00, o campo era iluminado por grandes holofotes e a arquibancada contava com inúmeros estudantes, a maioria de Yale, o time da casa. A noite estava fria o que não melhorava a nossa situação, nem dentro e nem fora do campo.

O jogo estava péssimo. Nós estávamos perdendo, e o Rafe errou três lances em menos de cinco minutos, ao que parece ele estava mais focado em Ashley que pulava e gritava da arquibancada enquanto acenava para ele a cada dois segundos.

Eu sabia que isso aconteceria, aquela cobra peçonhenta já tinha feito lavagem cerebral no pobre garoto. Se aquilo continuasse assim, nós íamos perder feio. Vejo Charles jogar sua prancheta por cima da cabeça dos auxiliares. Eu tinha que fazer algo.

- TEMPO! - Eu grito antes que Charles tenha um derrame.

O juiz autoriza e os garotos atravessam o campo vindo em nossa direção, eu já podia prever o gritos carregados de palavrões que Charles faria questão de direcionar ao Rafe. Os meninos tiram os capacetes e se preparam para ouvir o que os aguarda.

- VOCÊS ESTÃO DE BRINCADEIRA? - Charles joga o boné no chão e os garotos estremecem. - QUE PORRA FOI AQUELA PARKER? ONDE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO?

Se Kenton não se acalmasse as coisas só iriam piorar, eu sei que os garotos estão indo mal, mas gritar não vai adiantar. Eles precisavam de orientação, estão perdidos em campo, precisam de um norte, e eu vou dar isso a eles.

- JÁ CHEGA! - Eu grito e todos me olham. - Eu quero que prestem bem atenção porquê eu só vou falar uma vez! Vamos mudar esse esquema. Quero uma formação T. Pope e Jonh B. Vocês ficam com as extremidades. - Eu os encaro e eles concordam com a cabeça. - Kelce. Você vai cobrir os meninos. - Ele confirma um positivo. - JJ e Topper. Eu quero os dois centralizados. - Eles balançam a cabeça. - Quero os três corredores do lado direito do gramado. - Eu falo encarando os mesmos. - E você! - Eu aponto para Rafe. - Se eu ver você olhar para outra coisa que não seja a bola, eu juro por Deus que arranco os seus testículos e faço um chaveiro. - Ele engole seco, mas mesmo assim assente. - Nós vamos ganhar essa merda, então, de olho no prêmio. - Eu digo firme. - JJ! - Ele me olha. - Você é o Capitão, coordene seu time em campo. Não faça eu me arrepender.

- De olho do prêmio. - Ele sussurra me olhando nos olhos.

O juiz apita. É o fim do tempo técnico. Os meninos voltam para o campo e mesmo estando a beira de um colapso, eu não podia me sentir mais viva, a cada segundo que passava eu tinha mais certeza, aquele era o meu destino, e ninguém ia me impedir de vive-lo.

Charles me olhava perplexo. Acho que eu estava tão surpresa quanto ele. Eu não planejava tomar as rédeas desse jeito, e muito menos com toda essa tranquilidade, mas a sensação era incrível, eu sentia a adrenalina no meu sangue, e eu adorava isso.

- Você é igualzinha ao seu pai. - Charles diz cauteloso.

- Que bom que se acalmou, se você fosse expulso nós estaríamos perdidos. - Eu digo tentando esconder o sorriso de felicidade.

- Tem talento, garota, não desperdice isso. - Kenton sorri.

- Não vou! - Eu sorrio confiante.

Volto minha concentração para o jogo. A partida se inicia novamente, e até agora o Rafe não errou nenhuma jogada, o que já é um avanço. A estratégia que eu havia montado estava funcionando, mas eu só ficaria feliz se esse placar mudasse, rápido.

E ele mudou.

Empatados.

Ouço os gritos dos garotos e o motim se formando no fundo do gramado. Por mais eufórica que eu estivesse nesse momento, minha expressão não muda e nem a de Charles. Acho que nós não queríamos perder a postura, afinal nós ainda não tínhamos ganhado.