A diretora Savva era, com toda a certeza, uma guia muito mais falante do que Theo Aretí fora. Depois que ela e Adra saíram do corredor lúgubre da diretoria, a mulher não pôde deixar de apontar para as várias estatuas que ladeavam os corredores da escola como soldados, falando sobre suas histórias e os artistas que foram felizes o suficiente para ter sua arte exibida na escola mais conhecida de Nikaés.
Corredores aqueles que estava completamente vazios, muito diferentes do momento em que ela chegara à Academia.
Adra tentou se concentrar no caminho que estavam fazendo para pelo menos se lembrar de como chegar ao salão de entrada, mas era difícil se concentrar nisso com a conversa animada da diretora atraindo sua curiosidade a todo momento, assim como todas as coisas para as quais ela apontava, tudo o que havia para se observar e admirar, tudo o que havia para aprender.
Ela conseguiu memorizar, no entanto, que os dormitórios eram mistos e os alunos podiam fazer as modificações que quisessem desde que alertassem a diretoria.
— Temos regras muito rígidas por causa disso, mas estendemos que é melhor assim do que separar vocês por gênero. — Disse Savva enquanto explicava aquela separação. — Como eu não perguntei a você sobre sua preferência, coloquei-a com uma outra garota. O nome dela é Lena e eu acho que vocês vão se dar muito bem.
O que era só outro jeito de falar que ela não fazia ideia de como seria a relação de Adra com sua colega de quarto. A perspectiva de conhecer mais alguém de sua idade fez com que as palmas da mão dela suassem ao redor da alça de sua mala, tornando ainda mais difícil carregá-la.
Adra, no entanto, permaneceu em silêncio, sem confiar em si mesma para falar algo e acabar saindo como uma estúpida. Elas pararam, então, em frente à uma porta feita de madeira escura e a diretora bateu, esperando com os olhos escuros brilhando para ela com simpatia, como se ela soubesse exatamente o quão nervosa Adra estava.
Ela não gostou daquela sensação de estar exposta e desviou os olhos de Savva. Se aquela mulher suspeitasse do que ela estaria ali para fazer seria seu fim na Academia.
Mas Adra não deixaria que ela descobrisse. Não até ter sua vingança.
A porta se abriu de uma vez, quase com violência, revelando uma garota da idade dela, menor em estatura que Adra e com cabelos lisos e pretos que emolduravam seu rosto redondo com perfeição. Os olhos castanhos e puxados dos lados se fixaram primeiro em Savva, então seguiram para nela, brilhando por um segundo com algo que Adra não conseguiu ler.
— Bom dia, diretora. — Cumprimentou a garota e então olhou para ela. — Oi.
— Oi. — Adra respondeu em meia voz, sem saber exatamente se deveria falar mais alguma coisa. Ela mal sabia se deveria estender a mão ou alguma coisa assim.
— Lena, essa é Adra Anoixi. — Savva apresentou-a rapidamente e então acrescentou: — Ela vai ser sua nova colega de quarto, desde que a última... partiu.
Um arrepio percorreu a espinha de Adra. Ela iria dormir na mesma cama que Aglaie, compartilhando a mesma colega de classe, quase a mesma vida que ela. Isso era definitivamente perturbador.
— Oh, tudo bem. — Disse Lena com o rosto completamente em branco. Adra não sabia dizer se ela estava feliz ou indiferente ou mesmo com raiva como podia fazer com os outros demônios cujo caminho ela cruzara com Theo mais cedo.
Lena deu espaço para que Adra passasse pela porta e elas olharam para a diretora Savva, que rapidamente se despediu, desejando à Adra boas aulas e se colocando à disposição dela. Depois do discurso de praxe, as duas garotas finalmente foram deixadas a sós e Lena observou em silêncio enquanto Adra entrava.
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Todos os Anjos do Paraíso
FantasyAdra era uma bruxa em um mundo de demônios, o que significava problemas por si só, mas quando seu pai é assassinado pela mesma que está matando adolescentes dentro da misteriosa Academia Lethe, ela não mede dificuldades para entrar na escola e caçar...