No fim, nenhum dos outros conseguiu descobrir nada de útil na sala em que Aglaie e Elias morreram.
A única vantagem que eles conseguiam ver era o fato de que, aparentemente, só havia uma saída — a porta de entrada, uma vez que as janelas tinham barras de ferro impedindo a entrada e, portanto, a saída de qualquer um.
Por não saber sobre a entrada do Labirinto, a Guarda Real estava se focando em testemunhas que pudessem ter visto o responsável naquelas duas mortes, o que os colocava fora do caminho de Adra e os outros.
Mas com as descobertas de Adra e Thalassa no Labirinto, algumas outras coisas se complicaram. O cobertor e o colchonete eram o problema: apesar de saberem que um aluno era o responsável por tudo aquilo, agora eles precisavam considerar todos os alunos da Academia, porque a Isiméria já não era um álibi confiável.
Aquela consciência estava pesando em Damian e Adra podia ver aquilo desde que buscaram Lena, Astaroth e Sebastien do Labirinto. Ele não deixara que Theo e ela contassem aos outros sobre as penas ou o que encontraram no Labirinto.
Damian também estava fixo na ideia de falar com o avô, mas não explicou para ela o motivo. Quando Adra tentava perguntar, ele apenas comprimia os lábios em uma linha fina e falava que Charis sabia de coisas que outras pessoas não sabiam.
Adra não fazia ideia do eu aquilo significava, mas sabia que ele tinha ficado bravo quando, ao responder a carta de Damian pedindo para vê-lo em algum momento dos próximos finais de semana, Charis exigiu que eles se vissem apenas na Isiméria de Primavera, dali alguns meses.
Sem nada que eles pudessem fazer no meio tempo, o solstício de inverno veio e passou, trazendo com ele os ares gélidos e as noites de gelo que Adra aprendera a amar desde pequena. Ela gostava de como o ar era parado nos invernos de Agraés, como o frio machucava a pele. Era duro e imperdoável e real.
Felizmente, não houve mais nenhum ataque a nenhum outro aluno e Adra presumiu que a presença deles em seu esconderijo tivesse assustado aquele rato para que ele ficasse escondido em seu esgoto pelos próximos meses pelo menos.
Como nada mais para fazer além de esperar, todos eles tinham se dispersado para suas atividades de escola e Adra estava sempre voltando ao trabalho que fizera para Dajuma. Ela já o entregara e ganhara nota máxima do professor, mas o problema era que algo parecia incompleto.
A Morte estava fazendo sentido e isso não estava certo. Adra só precisava descobrir o que estava encaixando tão bem que estava acabando errado.
Essa investigação a levara a se aventurar quando podia por Agraés, para a biblioteca pública e para o Coven com mais frequência do que Adra gostava de admitir, ainda que a presença de Eupraxia e Spiridon já não fossem tão horríveis assim.
Na maior parte do tempo, no entanto, seus estudos mantinham Adra na Biblioteca das Almas por mais tempo que ela desejava, uma vez que seus amigos preferiam passar o tempo deles na Biblioteca Comum ou na Biblioteca Escura. Damian, no entanto, estava passando bastante tempo com ela desde a morte de Elias, e lhe fazia companhia em grande parte dos dias.
Foi assim que eles começaram a discutir naquela tarde de sábado, dois meses depois do acontecido, sobre o que tinham encontrado no Labirinto.
— Eu só acho que, apesar de precisarmos ser cautelosos com esse segredo — Disse Adra para ele, cutucando a lombada de couro dos livros na prateleira. — Contar para os outros parece ser uma ideia melhor do que deixá-los no escuro desse jeito.
Eles estavam no segundo andar, no mesmo lugar onde, seis meses atrás, Adra concordara em trabalhar com eles para achar aquele assassino. Damian, que se apoiara no corrimão de madeira da sacada, cruzou os braços e olhou para ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os Anjos do Paraíso
FantasyAdra era uma bruxa em um mundo de demônios, o que significava problemas por si só, mas quando seu pai é assassinado pela mesma que está matando adolescentes dentro da misteriosa Academia Lethe, ela não mede dificuldades para entrar na escola e caçar...