— Vocês estão prontos? — Perguntou Adra mais uma vez, olhando para seus amigos, que olhavam em volta com interesse mal disfarçado, apesar dos olhares alertas que recebiam de volta.
— Aquilo é um corpo? — Perguntou Sebastien, olhando para a parte mais gelada d'O Coven. Adra seguiu seu olhar e franziu a testa.
— Sim.
— Só para garantir, não é ninguém que vocês mataram, certo?
Adra revirou os olhos como se a ideia fosse ridícula. Então franziu a testa e avaliou o corpo.
— Acho que não.
— Ah, certo.
Ela estava certa que a voz de Sebastien tinha subido alguns tons.
Trocando um sorriso cúmplice com Lena, Adra passou os olhos por seus amigos, avaliando todos eles. Thalassa, um pouco afastada do grupo, mandava a ela um olhar nervoso enquanto mantinha as duas mãos juntas a frente do corpo, provavelmente para evitar que tremessem.
Adra havia conseguido convencê-la de deixá-los entrar na passagem d'O Coven para o Labirinto na segunda-feira em que ela e Damian saíram da Academia. Agora era sábado e, depois de uma semana extremamente estressante e movimentada, ali estavam eles, prontos para investigar corredores e mais corredores do Labirinto.
— Por que bruxas trabalham com corpos? — Perguntou Astaroth, ainda encarando o tal corpo.
— Temos aulas de anatomia. — Adra deu de ombros. — É interessante, porque a Escuridão da alma de uma pessoa normalmente tem um cantinho preferido em cada corpo que habita.
— E qual é o meu cantinho? — Perguntou Sebastien, virando-se para ela.
— Suas costelas. — Adra cutucou o lugar com a ponta dos dedos indicadores, sentindo os ossos abaixo da camisa e do colete que Sebastien estava usando. Ele sorria ao se desvencilhar do toque dela.
Era fácil identificar esses lugares. Quando era criança, Adra precisava se concentrar bastante. Mas agora, ela só precisava olhar para uma pessoa para saber. Lena mantinha sua Escuridão nas falanges dos dedos. Astaroth, na nuca. Theo a mantinha na ponta dos pés e Damian...
Damian a mantinha em todos os lugares.
Nele, a Escuridão se espalhava como se o corpo dele fosse seu reino e o cérebro, seu castelo. Ela adorava isso sobre ele: tudo o que Damian sentia, ele sentia com a cabeça, não com o coração.
Espantando aqueles pensamentos de sua cabeça, Adra disse para todos eles:
— Vamos.
O Labirinto podia ser extenso e perigoso, mas as entradas para ele podia ser achadas com tanta facilidade pela cidade que você quase poderia cair em uma delas por acidente. Era um dos motivos pelos quais os turistas estavam sempre se arriscando.
Pelo que, no entanto, Adra não sabia dizer.
A entrada que ficava dentro do Coven era simples: uma pequena intersecção na pedra das paredes que dava para uma rampa. Com ela, qualquer bruxa podia entrar no Labirinto.
O primeiro grupo, como combinado, era formado por Lena, Astaroth e Sebastien. Eles entraram com Adra, que os guiou pela rampa sem muitas palavras, parando quando percebeu os arquejos atrás dela.
— Por Lúcifer, isso são... — Sebastien não terminou de falar, muito impressionado para isso.
— Ossos. — Disse Astaroth baixinho atrás dela. — Há séculos atrás, as bruxas não tinham permissão para cremar seus mortos. Eu acho que é por isso que esse lugar existe?
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Todos os Anjos do Paraíso
FantasyAdra era uma bruxa em um mundo de demônios, o que significava problemas por si só, mas quando seu pai é assassinado pela mesma que está matando adolescentes dentro da misteriosa Academia Lethe, ela não mede dificuldades para entrar na escola e caçar...