Capítulo 50 - Damian

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— Tem certeza de que fez o certo, Damian? — Perguntou Lena, não pela primeira vez, ao interromper seus pensamentos.

Damian observou da janela de seu quarto enquanto a Guarda Real entrava na Academia com a diretora Savva como escolta. Depois que ele libertara Theo, Damian só ficou acordado por tempo o suficiente para garantir que Thalassa não o tinha matado em seu caminho para a liberdade — ou o que Theo acreditava ser liberdade.

O rei, tendo chegado à Agraés e não encontrado Damian depois de tratar de todos os assuntos relacionados à morte de seu filho, tinha voltado para Mávros na esperança de encontrá-lo já na capital.

Quando isso não aconteceu, o rei Stravos ordenara que Damian permanecesse com seus amigos na Academia até que ele tivesse tempo para outra viagem. Com a sucessão ao trono bagunçada pela chocante morte de Nestor, a coroa alegou que precisava de tempo para organizar os papéis de cada nobre em uma situação como essa.

É claro que Tékia ficou mais do que feliz em lembrá-los que não havia nenhuma bagunça na linha de sucessão, uma vez que ela tinha sido estabelecida muito antes de qualquer outra coisa, inclusive antes da Ascensão. A hierarquia consanguínea da família Ypéroch pouco importava em uma situação como essa — as famílias que herdariam o trono se limitavam ao núcleo familiar do chefe da Casa em questão.

Com relutância, o rei fora até a Casa Kolasi após duas semanas da morte de seu filho e solicitara a coroação de Charis como o príncipe herdeiro. Um convite que o avô de Damian teve muito desprazer em recusar, cedendo o lugar — e a chefia da família Kolasi — para Damian em vez disso.

Não era preciso dizer que isso chocou todos os nobres de Nikaés.

— Damian, você não está me ouvindo. — Lena falou, sem paciência. Damian apenas continuou a encarar a janela e disse:

— Claro que estou ouvindo.

— E então? — Lena pressionou. — Tem certeza de que fizemos o certo em deixar Theo ir embora?

— Não. — Admitiu Damian quietamente, mal se mexendo quando Lena deixou o lado dele. — Mas não consegui fazer outra coisa.

Pelo menos não por enquanto.

— Nenhum de nós conseguiria. — Disse Sebastien, passando a mão pelo cabelo crespo em frustração. — Ele era a porra do nosso amigo. O melhor de todos nós.

Damian lutou para não estremeceu quando a faca cravada e seu peito foi torcida pelas palavras de Sebastien. Era verdade, Theo tinha sido o melhor entre eles todos, o mais educado e o mais puro. Agora, pelo menos, estava claro o motivo.

— Falem por vocês. — Thalassa disse do outro lado do quarto, sentada na cama que uma vez pertencera a Theo. Ela tinha o caderno de Adra nas mãos, assim como a carta que a amiga lhe dera antes de morrer. Damian olhou longamente para o caderno. — Eu o teria matado sem hesitar.

— Por isso foi Damian quem o confrontou. — Disse Astaroth, sempre lógica. Thalassa apenas deu de ombros, sem se desculpar. — Precisávamos fazer isso se quisermos que nossos planos deem certo. Vamos encontrar Theo de novo quando a hora chegar.

Quando Thalassa finalmente entendesse tudo o que podia sobre as descobertas de Adra.

Ao conversarem depois da morte dela, Thalassa admitira à Damian que Adra sempre foi ótima nos estudos, uma pessoa de mente ágil e rápida que entendia conceitos abstratos como ninguém. Sem falar que a quantidade de poder que Adra tinha para uma bruxa — tudo porque os pais dela se amavam — era perturbadora.

Em resumo, Thalassa não sabia se poderia entender e aprender o que Adra aprendera em alguns meses para ressuscitar Athan no mesmo período de tempo.

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