Capítulo 11 - Damian

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— Você não deveria ter me defendido, Dami. — Disse Theo depois de vários segundos, quebrando o silêncio que se instalara.

Ele olhava diretamente para o amigo e encarou-o sem medo quando Damian lhe lançou um olhar de puro ódio ao ouvir a quieta repreensão. Adra observou Damian se acalmar sob o peso do olhar manso de Theo, principalmente porque o sentimento não era direcionado para o amigo, mas para a lembrança do que Nestor falara.

Do que ele usara para atacar Theo.

— Você teria se defendido? — A voz de Damian era firme enquanto ele encarava o amigo. Theo suspirou e desviou os olhos de Damian por um segundo, deixando sua resposta muito mais que clara sem precisar dizer nada. — Então não me peça para não te defender quanto ele te fez encolher, Theo. Não vou ficar calado enquanto ele te intimida e te ataca.

Theo avaliou os olhos negros de Damian, a expressão de fogo e determinação em seu rosto, então sorriu suavemente, rindo pelo nariz. Ele balançou a cabeça como um pai exasperado e disse:

— Não há jeito de te convencer, não é? — Damian sorriu em resposta, ainda tenso, mas verdadeiro. Theo suspirou e sorriu para o amigo, verdadeiro e carinhoso. — Tudo bem.

— Bem, não está tudo bem para mim. — Adra disparou entre dentes, despertando de seu torpor chocado, e todos se voltaram para ela. Por um segundo, Adra quase se encolheu, então seus olhos se encontraram com Damian e fogo rugiu em suas veias mais uma vez.

— Ela está realmente brava. — Lena murmurou, quase acuada, mas encarou-a sem medo quando Adra se virou para ela, queimando com o olhar.

— Cale a boca. — Mandou ela.

Lena apenas deu de ombros, destemida. Adra se voltou para Damian, cujo olhar havia se transformado em algo mais frio que gelo.

— E por que, doce, você está tão indignada com a minha defesa? — Ele perguntou lentamente e foi assim que Adra entendeu que ele estava tentando segurar o próprio temperamento. Não era isso que ela mesma fazia, afinal?

— Por que você não desce desse pedestal um pouquinho e simplesmente não olha a sua volta? — Contra atacou Adra imediatamente, fazendo um gesto amplo com a mão para o resto do refeitório. — Eu não sou como vocês, demônios. Eu sou uma bruxa. Enquanto vocês têm milhares de leis para proteger vocês, eu não tenho nada. O que você acha que vai acontecer se seu príncipe decidir que não gosta o suficiente de mim para me deixar ficar na Academia?

Damian abriu a boca para falar, mas Adra não tinha acabado.

— Onde isso deixa o seu plano? — ela perguntou, lutando para manter a voz em um volume razoável para não atrair ainda mais atenção para si. — Eu tenho pessoas... coisas a proteger também, seu idiota presunçoso. E você tem alguma ideia do perigo em que pode ter colocado essas coisas? Você tem alguma ideia do quanto pode prejudicar...

— Por mais delicioso que seja esse discurso — Damian a interrompeu, mostrando os dentes, finalmente perdendo a paciência. — eu avisaria você para me escutar antes de começar a me acusar como se eu...

— Como se você fosse um mimado filhinho de papai? — Interrompeu Adra, tão furiosa com ele. Mais. — Você é. Não vou pedir desculpas por dizer a verdade.

Ela soube que atingira um nervo assim que parou de falar e o silêncio os assombrou. A tensão era como eletricidade passando entre eles sem parar, deixando-a enrijecida e desconfortável. Damian comprimiu os lábios em uma linha fina, os olhos negros ficando ainda mais gelados.

— Para a sua informação — Ele disse em uma voz mortalmente séria e baixa. —, sua estadia na Academia te coloca sob a proteção e guarda do meu avô, o próximo na linha de sucessão ao trono após Nestor, e o conselheiro mais próximo do rei. Charis não vai deixar que você seja expulsa nem mesmo se você fizer as calças do príncipe pegarem fogo.

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