Adra tinha chegado à conclusão de que era tudo culpa da proteção.
A proteção que ela mantinha ao redor de si provavelmente bloqueava o sensor de Damian sobre sua atração por ele, porque era um absurdo total dizer que ela não estava atraída por ele.
Ela não era o tipo de pessoa que mentia para si mesma.
Adra não estava apaixonada — disso ela tinha certeza —, mas não podia dizer que não queria experimentar Damian de todas as formas que sua imaginação permitia.
O problema era que ela não podia fazer isso.
Não quando ele falara tão honestamente para ela sobre ser usado daquele modo pelas pessoas, não quando havia gente que o usava para satisfazer os próprios desejos egoístas — como Artemis que ultimamente não parecia ter a capacidade de deixá-lo em paz a cada momento do dia, mesmo com a recusa incessante de Damian.
Adra se odiaria se usasse alguém dessa forma, por isso ela chegou à conclusão de que aquilo teria de parar.
Definitivamente.
Então, nos meses que se seguiram àquela conversa, Adra decidiu que a melhor forma de ignorar tudo isso era se concentrando na tarefa que tinha em mãos: o trabalho do professor Dajuma, uma vez que qualquer visita ao labirinto tinha sido postergada por causa do período de provas, apesar de isso não ter impedido que Damian e ela voltassem àquele corredor para descobrir que ele dava para um salão que Adra conhecia muito bem.
E ela levou a tarefa de se manter ocupada à sério.
Desde que fizera aquela mosca andar na aula de Dajuma, Adra havia desvendado muito sobre a morte de pequenos animais. Eles ainda estavam trabalhando com insetos, já que o professor falara que era muito mais difícil controlar os mortos quando eles tinham uma massa maior — por isso, exercícios como controlar pessoas mortas só eram ensinados em faculdades e campos de treinamento do exército.
Mas o que intrigava Adra não o poder dos demônios: era o das bruxas. Qual seria o poder das bruxas sobre a morte, ela se perguntava, e o que eram aquelas sombras que ela via sempre que alguém morria?
Adra fora ensinada que as sombras eram como fantasmas, ecos do que as criaturas tinham sido em vida, mas e se elas eram mais?
Foi por isso que ela procurou orientação na Biblioteca das Almas. Como uma das cinco bibliotecas da Academia Lethe, aquela tratava principalmente de necromancia e religião. Adra sabia que muitas pessoas em Nikaés e além do país cultuavam os antigos deuses humanos e demônios também. Aqueles livros pareciam tratar de todas aquelas crenças, mas ela estava mais interessada nas teorias sobre a morte.
E foi lendo algumas teorias enquanto anotava os temas importantes para seu trabalho que Astaroth a encontrou naquele dia.
— Você parece exausta. — Ela falou como cumprimento enquanto se sentava do outro lado da mesa. Adra riu sem humor e disse:
— Você está aqui para me irritar ou tem algum outro propósito? — Ela não tinha a intenção de ser grossa e Astaroth apenas deu de ombros, como se não tivesse sido ofendida também.
— Na verdade, eu vim até aqui porque queria saber o que você e Damian foram procurar na outra noite. — Ela disse e Adra arregalou os olhos. — Há dois meses.
— Como você sabe que a gente saiu? — Perguntou ela.
— Damian contou, mas não quer falar sobre o que aconteceu, então eu imaginei que você pudesse saber. — Astaroth explicou de novo, folheando um livro sem parecer realmente interessada no conteúdo.
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Todos os Anjos do Paraíso
FantasyAdra era uma bruxa em um mundo de demônios, o que significava problemas por si só, mas quando seu pai é assassinado pela mesma que está matando adolescentes dentro da misteriosa Academia Lethe, ela não mede dificuldades para entrar na escola e caçar...