Capítulo 21 - Adra

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A sala para onde Elias arrastara Adra estava vazia quando eles checaram. Damian tinha uma sombra crescente em seu rosto e aquilo fazia com que a pele de Adra se arrepiasse de preocupação.

Lena bateu em uma mesa, a mão espalmada na madeira. Ela fechou os olhos e respirou fundo enquanto Sebastien passava a mão pelo braço dela em apoio. Theo tinha o olhar nela e em Damian, tão sombrio quanto o amigo ao se recostar na parede de madeira, cruzando os braços sobre o peito.

— Ela não pode ter sumido assim, tem que ter alguma coisa que nós deixamos passar. — Disse Lena finalmente. Adra suspirou, esfregando a testa, forçando-se a pensar.

— Astaroth foi pelo mesmo caminho que eu mostrei para vocês. — Disse ela finalmente. — Eu tenho certeza disso, nós chegamos bem no corredor em que eu e Elias viramos e nos separamos dela. Alguém pode ter visto ela, nós podemos perguntar.

— Não. — Disse Damian imediatamente — Nós não queremos causar nenhum pânico na escola. Astaroth pode simplesmente ter achado um professor ou algo assim e pedido por ajuda. Eles podem estar nos procurando agora mesmo.

Adra comprimiu os lábios.

— Você está tentando racionalizar isso, Damian. — Ela avisou, sem hesitar com o tom de censura. Damian fez careta, mas não retrucou, porque sabia que ela estava certa. — Podemos fazer o caminho de novo, mas é melhor se algum responsável souber sobre isso.

— Tudo bem. — Damian cedeu após um momento de hesitação. — Vamos procurar alguém, mas vamos voltar pelo caminho que fizemos para ver se conseguimos encontrar alguma coisa. Um dos brincos de ouro que ela usa ou os anéis de prata. Qualquer coisa.

Todos eles concordaram em murmúrios e se apressaram para fora da sala, algo a que Adra agradeceu silenciosamente. Ela não queria se lembrar do olhar furioso de Elias ou da mão dele apertando seu braço enquanto estava ali. Adra não queria se lembrar que ele, assim como os vários outros demônios que quiseram se aproveitar de outras bruxas, iria sair impune.

Adra também não queria se lembrar de como Elias poderia ser o assassino de seu pai, porque ela se odiaria se soubesse que congelara diante do homem da qual jurou se vingar.

Então, não, Adra precisava se concentrar em Astaroth e na localização de sua amiga. Ela tinha o coração dolorido no peito com todas as possibilidades que passavam em sua mente. Uma em especial, que Adra tentava ignorar a todo o custo, mas que continuava voltando a sua mente, porque era a teoria mais provável.

— Você está bem? — Theo perguntou em um murmúrio, caminhando ao lado dela, tão lento quanto os outros enquanto tentavam procurar alguma coisa que indicasse o paradeiro de Astaroth.

— Não. — Foi tudo o que Adra disse, sem querer alongar o assunto. O olha pálido de Theo se encheu de raiva.

— Ele merecia uma punição pelo que fez com você. — Adra não disse nada, porque era verdade. Então sentiu a mão de Theo pressionando a sua em um aperto reconfortante. — Eu sinto muito, Adra.

Ela abriu a boca para responder alguma coisa — Adra ainda não sabia o que, mas Theo tinha parado.

— Damian. — Theo chamou e apontou para o chão de madeira escura, perto de uma estátua enorme.

Ao lado do pedestal, havia uma das pulseiras de ouro que Astaroth sempre usava. Havia uma porta também há poucos centímetros dali.

O rosto de Damian virou pedra e ele agarrou a maçaneta, puxando-a com veemência. A porta permaneceu no lugar, emperrada.

Adra sentiu as palmas das mãos suarem enquanto o calor dominava seus ombros. Se algo tivesse acontecido, se Elias tivesse encontrado Astaroth... Seria culpa dela. De novo, seria culpa dela. Como fora com Carino, como fora com Kia, seria culpa dela se Astaroth se machucasse e Adra não sabia se podia suportar, se podia sobreviver se...

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