Incrédula, Adra caminhou até onde Thalassa, Eupraxia e Spiridon estavam parados, tendo uma conversa com alguns guardas. Ela estava oculta em suas sombras, apenas observando com curiosidade o que havia trazido um trio tão dissonante a se juntar.
— É um absurdo! — Disse Eupraxia, mantendo a calma, mas claramente revoltada.
— Nós só queremos saber o que está acontecendo com Adra Anoixi. — Dizia Spiridon em sua voz grave e calma, os braços cruzados sobre o peito.
Aparentemente, a razão daquela união era ela.
— Eu estou aqui. — Disse Adra, removendo suas sombras para aparecer entre os guardas e Thalassa, que arquejou com surpresa antes de se lançar para ela, abraçando-a apertado.
— Ah, você está bem!
Adra observou enquanto os guardas se afastavam deles, enojados, enquanto cochichavam entre si. Ela decidiu ignorá-los por agora. Estavam em um espaço público, por mais desconfortável que a Central da Guarda fosse, e seguras o suficiente.
— Eu estou bem. — Ela assegurou ao esfregar as costas da amiga, tranquilizadora.
Adra olhou para Eupraxia, que tinha os lábios comprimidos em uma linha fina e severa na direção dela e Spiridon, que observava tudo aquilo, inexpressivo.
— Nós ouvimos que você tinha sido presa e eu estava com tanto medo. — Thalassa continuou a murmurar, agarrada a Adra como se ela fosse uma âncora. Adra sentiu a culpa envolvê-la ao ouvir o desespero na voz de Thalassa, mas...
— Como vocês ouviram que eu tinha sido presa? — Perguntou ela, sem poder se conter.
— Uma outra bruxa viu você sendo trazida para cá. — Disse Eupraxia quietamente. Ela ainda parecia insatisfeita, mas sua voz era dura por causa do ambiente, não por causa de Adra. — Você sabe como a fofoca é.
Fofoca se alastrava como fogo em um monte de palha entre as bruxas. Sim, Adra sabia.
— E vieram por quê?
— Porque você é uma de nós. — Disse Spiridon calmamente, como se fosse um fato e, mesmo sabendo que era verdade, Adra se descobriu surpresa com aquilo.
Ela já vira Eupraxia e Spiridon se juntando para tirar bruxas presas injustamente da cadeia quando a Guarda Real as levava, sabia o quanto trabalhavam para que a justiça mínima fosse feita a seu povo em Agraés, mas se convencera de que, por odiá-la, aquelas cortesias não se estenderiam a ela.
Adra estava errada, ao que parecia.
— É muito maior que você. — Eupraxia disse como se soubesse exatamente o que Adra estava pensando. Ela olhou para os olhos verdes de sua antiga mentora e pensou que talvez ela soubesse mesmo.
É muito maior que você.
E era: mesmo que as bruxas a odiassem, deixar que ela fosse presa por um crime que não cometera seria fazer com que sua espécie inteira desse um passo atrás. A Guarda veria aquilo como o coven recuando, enfraquecendo sua resistência ao preconceito deles e aquilo não era aceitável.
Muito menos por alguém que elas odiavam tanto.
Adra suspirou, assentindo. A desprezo do jogo político, ela estava feliz que Spiridon e Eupraxia estavam ali, apesar de achar que podia viver muito mais tranquilamente sem dever alguma coisa à sua matrona. Thalassa finalmente se desenrolou do pescoço dela, hesitante, mas ainda ficou por perto.
— Obrigada por se preocuparem. — Disse ela, sentindo Damian se aproximando deles, sem dúvida notando que os oficiais da Guarda não ficaram acuados por muito mais tempo. — Mas eu já cuidei de tudo.
![](https://img.wattpad.com/cover/251231657-288-k18655.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os Anjos do Paraíso
FantasyAdra era uma bruxa em um mundo de demônios, o que significava problemas por si só, mas quando seu pai é assassinado pela mesma que está matando adolescentes dentro da misteriosa Academia Lethe, ela não mede dificuldades para entrar na escola e caçar...