Capítulo 42 - Adra

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Dias depois, eles embarcaram no expresso que os levaria de volta à Agraés e à fonte de seus problemas. Adra dormiu boa parte da viagem, exausta com os últimos dias com Damian no chalé.

Ela tinha cumprido o que combinaram e explorara cada pedaço de pele, cada estremecimento e gemido de Damian. Adra se deliciara com cada gosto, cada cheiro, cada som dele. Em troca, Damian tinha lhe dado o Paraíso.

Eles tiveram dois dias e meio para fazerem o que quisessem e as partes preferidas de Adra com certeza tinha sido apenas estar com ele. Lendo um livro na sala em cantos opostos ou na cozinha dançando, não importava desde que ela estivesse com ele.

Ao chegarem à estação no meio da tarde, no entanto, os problemas começaram. Seus amigos, tendo recebido as cartas que Gregori lhes enviara, estavam esperando por ela e Damian na estação, loucos de preocupação e dúvidas. Astaroth tinha lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto Sebastien estava mais sério do que Adra jamais vira.

— Vocês têm certeza? — Perguntou Lena sem sequer cumprimentá-los, o rosto dela estava impassível, mas as mãos estavam apertadas em punho.

Adra suspirou antes de assentir.

— A rainha confirmou tudo há alguns dias. — Disse ela enquanto Damian ficava em silêncio.

— Dami... — Sebastien começou, mas Damian balançou a cabeça. Ele não queria falar sobre Theo ou sobre a traição dele.

— Nós não podemos deixar que ele saiba. — Disse Damian em voz baixa e rouca, não inteiramente natural, mas nenhum deles comentou sobre o assunto. Damian gesticulou para a saída da estação: — Voltem para a Academia e ajam como se nada estivesse acontecendo. Eu e Adra precisamos falar com as bruxas do Coven dela.

Eles pareceram surpresos.

— Falar com as bruxas? — Perguntou Astaroth. — Mas por quê?

— Precisamos que elas fiquem de olho nos túneis enquanto reunimos nossas provas contra Theo e as enviamos para Paris Kolasi e o resto da Guarda. — Adra explicou rapidamente. — Ele pode ter mudado suas coisas de lugar desde a última vez que estivemos lá, mas dificilmente vai conseguir escapar de todo o Coven, principalmente com aquelas penas na mala dele. Nós podemos rastreá-lo onde quer que esteja e conhecemos o Labirinto como ninguém.

— Vocês já chegaram a se perguntar o motivo daquela mala, aliás? — Perguntou Astaroth, os olhos críticos sobre eles.

— E por que só foram contar sobre ela para nós na carta que mandaram? — Lena tinha um tom de briga.

Adra olhou para ela, cautelosa, mas Sebastien, pegando a amiga pelo pulso com delicadeza, foi quem a silenciou. Eles se entreolharam e um certo entendimento passou entre eles. Lena relaxou um pouco e não insistiu no assunto, ainda que seus olhos prometessem uma conversa.

— Depois que recebi sua carta — Astaroth olhou para Damian. — eu comecei a pesquisar tudo o que podia sobre anjos e normalmente eles são bem pacíficos. De qualquer modo, considerando tudo o que o Theo fez até agora, nós claramente temos uma exceção, mas eu li que, na Terra, as asas deles acabam caindo e as penas são guardadas como memória do que eles podem alcançar.

— Não que Theo esteja para alcançar qualquer coisa além do inferno. — Sebastien murmurou.

Todos o ignoraram e Astaroth continuou a falar:

— Mas elas também são uma fonte de vida. Eles podem se curar com elas. — Os olhos dela estavam cautelosos em Adra. — Isso quer dizer que nós não podemos deixar que ele chegue até a mala também. Acha que suas bruxas podem fazer isso?

Todos os Anjos do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora