Nota da Autora

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Primeiramente, eu gostaria de começar dizendo que as bruxas e todas as figuras que sofrem preconceito dentro da sociedade criada no livro não são baseadas em nenhum grupo minoritário específico. As nuances e detalhes do sistema do preconceito da sociedade de Nikaés foram exclusivamente criados para retratar o preconceito como um todo e vários de seus lados.

Falado isso, a história da Adra e do Damian fala sobre virtudes e defeitos e como essas características, dentro do mundo caótico e difícil em que vivemos, podem acabar ajudando ou atrapalhando, independente de serem qualidades boas ou ruins.

O orgulho de Adra, a falta de empatia de Damian, a dificuldade de confiança de Thalassa, o rancor de Lena, todos esses defeitos moldam quem eles são, mas também dão a eles armas para se manterem vivos, bem e unidos quando o mundo os empurra constantemente para baixo. São as qualidades "ruins" que os salvam dia após dia, dificuldade após dificuldade.

Enquanto isso, a lealdade de Theo e Tékia à sua causa, o amor de Kia por Carino, todo o desejo por justiça das duas resistências — humanas e angelicais —, foram o que trouxe dor, luto e vingança à porta. Foi o que quebrou, o que feriu, o que machucou os personagens que circulam por toda a trama.

Porque o mundo é meio estranho, as nossas características raramente podem ser realmente classificadas entre boas e ruins — todas têm poder de causar bem e mal, de ferir ou de curar. Esse é o que eu tento provar com esse livro e com essas personagens, que não importa realmente que você seja orgulhose, desde que saiba disso e use seu orgulho como uma arma, empunhando-o sabiamente.

Não importa que empatia não te venha naturalmente, ou que você tenha dificuldade em entender porque certa pessoa se sente de certa maneira, desde que você esteja lá para as pessoas quando elas precisarem de você.

Mas se você é leal a uma causa, precisa tomar cuidado para não se perder nela. Se você ama alguém, precisa tomar cuidado para não se deixar quebrar por esse amor. Se você deseja justiça, precisa entender que não pode ser injusto em troca — isso seria hipocrisia.

Um outro ponto muito importante do meu livro são as consequências. Todas as nossas ações devem e têm consequências boas e ruins, mas quando nós estamos lutando por uma causa, nossas ações devem ser extra cuidadosas, porque machucar alguém por defender nosso ponto de vista é muito fácil.

Principalmente quando se está agindo.

Uma revolta, a luta por um ideal, por mais justo que seja, sempre vai fazer vítimas. Não há vitória para aqueles que não agem, mas também não há paz para essas pessoas. O que alguém verdadeiramente compromissado com uma causa faz, os limites que essa pessoa ultrapassaria são normalmente condenados pelas pessoas que não têm uma causa.

Mas existe verdade nesses atos, existe fé. Eisso não é algo que se pode apagar ou desprezar. Lutar por suas causas é semprebonito, sempre contagiante, mas é contagiante demais. Tomem cuidado para não seperderem nisso.

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