Capítulo 16 - Adra

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— Eu não sei o que pensar. — Disse Adra ao se apoiar com os cotovelos no balcão com um suspiro final. — Eles são estranhos.

Thalassa lançou a ela um olhar sarcástico e voltou a arrumar o estoque de cristais, muito mais concentrada no trabalho do que na conversa, mesmo tendo sido quem perguntara sobre os amigos de Damian. Adra saíra pela primeira vez da Academia naquele sábado — um mês e meio depois — para ver Thassie e como a loja estava e acabara ficando para conversar com a amiga.

— Você acha a maior parte das pessoas estranhas, Adra. — Foi o que Thalassa murmurou por fim ao voltou para trás do balcão e se sentar. Adra mostrou a língua para ela e então contou sobre a briga e sobre o que ela falar para Damian.

— E eles agem como se nada tivesse acontecido. — Finalizou ela franzindo a testa para Thalassa. — É como se tivessem esquecido o que eu fiz. É estranho.

Por um momento, Thalassa permaneceu em silêncio, o que fez com que Adra olhasse para ela. Ela não conseguiu, porém, identificar a emoção que brilhava nos olhos dela antes que Thassie piscasse e aquele brilho desaparecesse.

— Adra, eles estão apenas tentando ser seus amigos. — Disse Thalassa, simplesmente. Adra franziu a testa, surpresa com a facilidade da garota. — Você deveria ter aceitado o convite deles para ir ao Caronte Café, sabe?

Depois de terem insistido em acompanhá-la até a loja, Damian oferecera-se para buscá-la mais tarde, quando, depois de aproveitarem a cidade, todos eles se reuniriam no café onde Adra e Damian conversaram pela segunda vez.

Adra, no entanto, levantou os olhos para Thalassa, com uma expressão que ela rezou para parecer tédio.

— Você é mais minha amiga do que eles. — Ela disse, monótona.

— E é por isso que nossa amizade não precisa da sua presença regular. — Disse Thassie imediatamente, suspirando enquanto se inclinava para frente, olhando nos olhos dela. — Escute, Adra, você não precisa ficar aqui na loja comigo. Você pode sair e se divertir. Nós não vamos deixar de ser amigas nunca, não importa se nunca mais nos veremos ou se você vier aqui todos os dias.

Adra sentiu uma pontada dolorida em seu peito ao ver a honestidade nos olhos escuros de Thalassa. Ela voltou seus olhos para a frente da loja, observando pela vitrine enquanto potenciais clientes passavam pela rua. Então suspirou e falou baixinho:

— Acho que vou tentar encontrá-los.

Ela podia ouvir o sorriso e o orgulho parcialmente escondidos na voz de Thalassa quando ela perguntou:

— Você consegue usar suas Sombras?

Adra deixou a cabeça pender, alcançando seu poder com facilidade. Ela quase sorriu ao sentir a Escuridão vibrando e sorrindo com seu contato, mas se forçou a concentrar sua energia na tarefa a frente:

Algumas vezes, quando uma bruxa convivia o suficiente com outras pessoas, ela podia encontrá-las com facilidade por meio de seu poder. Era algo em sua magia que reconhecia as Sombras dentro das pessoas com quem elas estavam acostumadas.

Então, rapidamente, Adra cantou para sua Escuridão, quase como se soubesse exatamente as línguas e os dialetos do escuro da alma de Damian e os outros. Alguns segundos depois, Adra conseguiu detectar um eco dessa Escuridão em uma das ruas mais movimentadas da cidade.

— Consegui. — Adra declarou, satisfeita. Antes, ela só tinha sido capaz de fazer o mesmo com Carino, Kia e Thalassa. O pensamento de que ela podia localizar mais pessoas era estranhamente reconfortante para Adra.

Thalassa, ao lado dela, sorriu de forma misteriosa e perguntou:

— Você seguiu a Escuridão de quem?

Todos os Anjos do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora