Capítulo 22 - Damian

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Pelo menos Paris não fez um escândalo ao retirá-los da Academia assim que Damian e Adra concordaram em achar o tio dele e Savva. Tinha sido complicado convencer a bruxa a se deixar levar pela Guarda Real e Damian com certeza sabia o motivo disso:

Nenhuma bruxa com um pingo de senso de auto preservação iria se entregar à Guarda Real dessa maneira. Foda-se que fugir iria fazer com que ela parecesse culpada. Aos olhos dos oficiais, ela já era culpada apenas por nascer.

Inferno, Damian sabia daquilo melhor do que ninguém. Quantas vezes ele não vira as bruxas em Átropos serem arrastadas aos gritos pela Guarda Real porque algum demônio a havia acusado de roubo? Quantas vezes ele vira seu avô fazendo o mesmo só para se livrar de amantes que ficavam desobedientes demais?

Mas Damian conseguiu convencer Adra de que tinham mais chance de escapar da culpa pela morte de Elias se ele pudesse falar com o novo detetive geral — Paris. Ela só conseguiu se acalmar o suficiente para concordar com o plano dele depois de saber que Paris era família para ele, embora isso não fosse totalmente verdade.

Damian não desgrudara os olhos de Adra durante todo o trajeto desde o escritório de Savva até a saída dos fundos da escola, mais perto da Central da Guarda do que a entrada principal — e a forma de saída mais discreta também.

Não que aquilo fosse uma coincidência: Damian sabia que aquele saída havia sido construída para garantir que a Guarda Real pudesse entrar e sair da Academia Lethe quando precisasse. E com a discrição para as famílias mais poderosas de demônios.

E ele também sabia que se a única suspeita pelo assassinato fosse Adra, ela teria sido arrastada pela entrada principal como um cachorro. O pensamento fazia com que seu peito queimasse em revolta, a raiva quase o cegando para todo o resto, por isso Damian se manteve sob total controle, sem se deixar pensar em nada disso.

Ele sabia que seu estoicismo ajudava Adra a ficar calma também, então aquilo era um bônus.

Quando saíram, Damian murmurou para Paris que Adra ficaria com ele durante toda aquela situação e, talvez por causa do carinho que sentia pela filha do melhor amigo morto, Paris não discutiu com ele, colocando-os no mesmo carro e na mesma sala de interrogatório.

Eles não falaram enquanto os minutos se esticavam em horas, mas Damian segurou a mão fria e suada de Adra durante todo aquele tempo, tentando passar para ela toda a calma que podia.

Ele não queria falar ali, não queria arriscar falar algo que poderia colocá-los em problema caso alguém estivesse ouvindo escondido. Adra parecia entender isso, porque não tentou iniciar uma conversa e eles esperaram em silêncio.

Ele aproveitou aquele momento para pensar sobre a morte de Elias, sobre quão oportuna ela tinha sido. Bem no dia em que Adra fora ameaçada por ele, bem depois de todo o seu grupo ter ficado furioso com ele. Sem dúvida, o assassino deveria saber do que estava acontecendo.

Então quem poderia ser?

Claramente, o desgraçado queria que a Guarda Real pensasse que eram eles e estava conseguindo aquilo com facilidade. Não que a burrice da Guarda surpreendesse Damian de alguma forma: com a quantidade de subornos e de dinheiro sujo que corria entre eles, aquilo era mais uma milícia do que uma polícia séria.

E eles acreditariam no que eram pagos para acreditar.

A pergunta original, então remanescia: quem era aquele que estava matando os alunos da Academia?

Damian tentou achar uma conexão, mas era difícil, principalmente com sua mente focada em Adra e no perigo que ela estava correndo naquele momento. Ele sabia que não seria detido por muito tempo, mas Adra não tinha os mesmos privilégios que ele, o que significava que Damian precisava dar um jeito de livrá-la daquelas suspeitas da Guarda Real.

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