Corria entre vários pinheiros, eventualmente desviando de alguns troncos e galhos caídos, uma espessa camada de neve dificultava o meu avanço. Mesmo estando um frio de 5°C eu estava suando como se estivesse no deserto do Saara em pleno meio dia. Coloquei uma nota mental de nunca mais aceitar ficar sem meus poderes e de começar a ir na academia.
Parei quando quase caí de um penhasco. Coloquei as mãos em meus joelhos, respirando com dificuldade. Olhei em volta "Onde eles estavam?" perguntei a mim mesmo. Sabia que Thalia e Annabeth haviam saído em uma missão para ajudar Grover, eu teria ido junto, mas meu pai precisava que eu fosse evitar uma guerra entre os reis de Larint, um dos vários planetas povoados da galáxia de Andrômeda. Quando voltei ele me teletransportou para o meio dessa floresta de pinheiros.
Eu me levantei, fechando os olhos tentando sentir Thalia, eu sabia que ela estava aqui em algum lugar. Depois de alguns segundos a senti, abri os olhos fazendo uma careta. Ela estava mais para cima daquele penhasco e não estava sozinha. Da próxima vez pedirei a papai para me colocar bem em cima do meu objetivo. Comecei a correr agora rumo ao topo do lugar, tentei me concentrar ao máximo para sentir quem estava lá, mas parece que tinha algo me bloqueando, o cansaço talvez.
Após alguns minutos de corrida comecei a ouvir barulhos de briga, espadas, lanças, garras talvez. Apressei o passo até surgir em uma clareira, e o que vi me paralisou por um tempo: Thalia, Grover e Annabeth lutavam com um monstro, uma Mantícore para ser mais exato, mas não foi isso que me paralisou e sim a visão do outro lado. Lutando contra três empousas estavam Nico e Bianca de Ângelo, fui tirado do lugar por um Grover voando em minha direção devido ao golpe da Manticore.
- Você está bem? – Perguntei levantando-o.
- Já estive melhor. - Ele falou, tirando a neve dos cabelos encaracolados.
- Vai ficar só olhando? - Gritou Thalia. Vi pelo canto de olho que Nico percebeu a minha presença, o que o fez se desconcentrar e levar um arranhão no braço, mas logo voltou à luta. Segui seu exemplo e me joguei na luta, destampando Contracorrente.
- Cheguei muito atrasado para a festa? - Perguntei ao monstro, que me olhou irritado quando cortei seu braço esquerdo. O corte foi profundo e dele jorrava uma gosma verde.
- Estão brotando do chão? - Questionou o monstro, mas não veio em minha direção como eu achei que faria, ele apenas lançou espinhos, que mais pareciam mísseis vindo em minha direção. Desviei deles com dificuldade, Annabeth olhava a situação com sua adaga em mãos esperando o melhor momento para atacar, Thalia fez o monstro ficar de costas para mim, grande erro dele. Em um único ataque consegui cortar uma parte do seu rabo/lançador de mísseis, ele então voltou a atenção para mim tentando me agarrar, dei um golpe pela direita o qual ele defendeu com suas garras, Thalia então o espetou com sua lança e assim fomos revezando, cada vez mais o empurrando para a beira do penhasco. Vi pelo canto do olho quando a filha de Atena foi ajudar os Di Ângelo, empatando a briga, agora as empousas não tinham chance alguma.
Parecia que a luta estava ganha, quando comecei a ouvir um barulho de helicóptero, e logo ele apareceu atrás da Manticore. Era preto e tinha metralhadoras do lado, olhei para dentro e o que vi me surpreendeu. Não eram monstros que estavam lá e sim humanos, com cara de maus e armados.
- Rendam-se e talvez eu os deixe viver. - Disse o monstro com ar vitorioso. A essa altura Thalia já estava ao meu lado, assim como os Di Ângelo e Annabeth sujos de pó de monstro. Eles olharam para mim esperando uma decisão, não tinha como chegar no helicóptero antes deles atirarem em nós. Eu não podia usar meus poderes, bom, talvez os da água...
- Larguem as armas. - Disse para os meus amigos. Coloquei Contracorrente no chão e eles fizeram o mesmo com suas armas.
- Muito bem, aparentemente a missão foi um sucesso, não vou levar só dois e sim cinco meios sangues e um sátiro. - Sorriu satisfeito o monstro. Me concentrei no oceano abaixo, podia sentir a maré, as ondas, as correntes. Senti uma conexão que nunca havia sentido antes, será que eu conseguiria criar um gêiser?
- Isso ainda não acabou. - Rosnou Annabeth. Quando eu ia puxar a corrente para cima ouvimos o som de uma trombeta muito familiar. Da floresta surgiram umas vinte garotas com arcos na mão. À frente de todas estavam Zoe e uma garota que acredito ser a deusa da Lua.
- Isso é intervenção direta. - Choramingou o monstro.
- A caça aos monstros está na minha alçada. - Disse a garota que aparentava ter uns 13 anos.
- Permissão para atirar, minha senhora. - Pediu Zoe.
- Eu posso até morrer mais levo um comigo. - Disse a Manticore, avançando em Annabeth. Eu peguei Contracorrente, mas quando ia para frente da loira um zumbindo ensurdecedor me atingiu, eu caí no chão tapando meus ouvidos. Terminou tão rápido quanto começou, rápido o suficiente para eu ouvir a deusa da Lua.
- Permissão concedida. - Disse Ártemis. Foi tudo tão rápido, o monstro agarrando Annabeth a puxando para a beira do precipício, as flechas das caçadoras o acertando e ele caindo com a filha de Atena. Eu corri em direção ao penhasco, mas já era tarde demais. Eles já tinham sumido.
- Não! - Gritei furioso. Então o gêiser que eu estava preparando explodiu, acertando o helicóptero e o empurrando para cima, desequilibrando-o. Logo ele começou a perder altitude e caiu, mas antes de chegar no oceano ele se recuperou e quando achei que eles iam sobreviver, foram transformados em vários pássaros.
- Por que você fez isso? - Me voltei para Ártemis furioso.
- Humanos não podem participar das minhas caçadas. - Respondeu ela indiferente.
- Não. - Disse. - Por que não impediu o ataque quando ele pegou Annabeth?
- Matar ele seria a melhor chance de sua amiga. - Falou. - Ele se jogaria de qualquer maneira. E ela não morreu, eu posso sentir.
Aquilo não me consolou, eu caçaria esse monstro até as profundezas do Tártaro se fosse preciso, mas eu traria Annabeth de volta! ...Ou não vou me perdoar pelo o que deixei acontecer.