Como irritar uma caçadora

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Acordei em um quarto que não era o meu. Olhei para o lado, vendo três belas mulheres. Lembranças da noite anterior tomavam a minha mente. Festa, bebidas, deusas…

Me levantei com o maior cuidado para não acordá-las. Peguei minhas roupas e me teletransportei para o meu quarto, tomei um banho bem gelado, depois me vesti e desci para tomar o café da manhã.

Hoje era domingo e meu pai fazia questão de que, pelo menos em um dia da semana, todos os seus filhos se reunissem. Pais… vai entender.

- Bom dia, família. – Falei, me sentando a mesa. Eles responderam em uníssono. O que é um tanto estranho. Enfim, conversamos sobre o que fizemos na semana, discutimos sobre coisas banais, essas coisas. Quando acabei me levantei e fui saindo.

- A noite foi divertida, em Percy? - Falou Eros, dando um sorriso malicioso. Sabia que ele iria falar algo parecido, mas não estava afim de falar sobre isso com a minha família.

- Não sei do que você está falando. – Falei, com a maior cara de inocente, me teletransportando.

Meu objetivo de hoje? Visitar uma certa caçadora. Então apareci no meio de uma floresta (novidade para vocês, eu sei), a minha frente havia um campo aberto, onde dava para perceber uma intensa movimentação. Barulhos de lutas e risos eram ouvidos de longe.

Me aproximei subindo numa árvore, sentei em um galho que dava vista para o campo. Sorri ao ver que era minha amiga, uma das lutadoras. A sua oponente não era nada mais nada menos que uma filha de Ares. Phoebe o nome dela, era bem habilidosa, porém bem impaciente. Mesmo assim não parecia nem um pouco abalada pelo favoritismo de Zoe.

Zoe, por outro lado, estava calma e focada como eu a havia ensinado. Após uns minutos Zoe resolveu acabar com o show e desarmou a ruiva com apenas um golpe. Aplausos foram ouvidos. Dei um sorriso orgulhoso para a minha ex aluna.

Depois da luta Zoe se dirigiu para a sua própria tenda. Achei até chique, pois as outras tinham que dividir. Porém não reclamei, afinal facilitaria o meu trabalho. Me teletransportei para a pequena tenda, que era bem aconchegante, com algumas peles de animais e uma pequena cama. E não me pergunte como ela foi montada.

Zoe estava em frente a uma bacia com água, ela estava sem a parte de cima da roupa, porém ainda usava uma espécie de sutiã antigo. Zoe era minha melhor amiga, mas isso não impedia que eu a achasse um pedaço de mau caminho.

Me aproximei devagar, até estar há um braço de distância. E quando ia dar o bote fui surpreendido com uma rasteira. Caí no chão com força, o que me fez soltar um gemido de dor. Olhei para cima para ver uma garota com olhos ameaçadores me encarando, também notei que havia uma faca no meu pescoço.

- Nada mal, tenente. - Falei sorrindo.

- Fazer o que se sou a melhor? - Disse Zoe, tirando a faca do meu pescoço e dando um sorriso convencido.

- Como ela está humilde. - Murmurei. - Mas poderia sair de cima de mim?

- Me dê motivos para isso. - Respondeu.

- Eu sou um primordial e você tem que me obedecer. – Falei, tentando ser sério. Ela riu.

- Desculpa, mas estás sem nenhuma moral. - Retrucou ainda em cima de mim, ela estava sentada sobre minha barriga.

- Por favor. – Pedi, com a carinha mais fofa que consegui. E deve ter funcionado, pois ela revirou os olhos saindo de cima de mim. Me levantei batendo em minhas roupas que estavam com pelos do tapete de Zoe. – Não vai nem me dar um abraço?

- Tu passaste quase uma década sem me visitar e ainda queres que eu te trate bem? - Perguntou ela irritada.

- Sim! - Respondi como se fosse óbvio. Isso pareceu a enfurecer, pois ela começou a me bater. - Ai Zoe, da ultima vez que vim você mal me deu atenção.

- Estávamos em guerra, idiota. – Retrucou, ainda me batendo. Segurei a mão dela e a puxei pra perto dando um abraço apertado. No começo ela tentou me afastar, mas depois retribuiu.

- Também estava com saudades. - Sussurrei ainda abraçado. Me separei e vi que uma lágrima caia de seu olho esquerdo. - Me desculpe, eu não quis que pensasse que eu te abandonei, mesmo de longe continuei cuidando de você.

- Eu senti sua presença algumas vezes. - Comentou ela, enxugando a lágrima. - Só por isso que irei poupar seu bem mais precioso.

- Precisa ameaçar? - Perguntei temeroso. Ela apenas balançou a cabeça em afirmação, sorrindo travessa. Revirei os olhos cruzando os braços. Voltei o meu olhar para Zoe, na verdade uma parte em específico.

- Seu tarado! - Falou a tenente da caça, me dando um tapa.

- Ai garota, estava apenas apreciando a vista. – Falei, massageando o rosto no lugar onde ela havia batido.

- Homens… - Falou, se virando e vestindo a parte de cima. Fiz cara de decepção quando ela se voltou para mim, ela se limitou a revirar os olhos vulcânicos.

- Vida difícil essa minha. - Murmurei. Logo depois sorri para Zoe. - Então… quais as novidades?

- Acho melhor sentar. - Ela disse, apontando para cama, dei um sorriso. E assim foi a tarde toda com fofocas e histórias engraçadas da caça. Olhando por esse lado até parece bom ficar aqui, pensei. Mas logo mudei de opinião com as histórias de castração. Contei a ela sobre os heróis atuais que achava mais legais, também contei sobre meus casos. Ela riu quando falei que uma vez derrubei a menina da cama por causa do alvoroço.

- … e é isso. – Finalizei. Zoe estava com lágrimas nos olhos de tanto rir.

- Você não presta. – Falou, me empurrando com a mão, mas sem muita força.

- Nunca disse que prestava. – Falei, cruzando os braços e sorrindo malicioso. Zoe riu. Fomos interrompidos por um barulho. Me levantei em alerta, a caçadora começou a rir.

- Acalme-se, é só para avisar que a gente vai comer. - Explicou.

- Ok, não quero atrapalha-la. - Disse. - Agora tenho que ir. - Dei um abraço forte em Zoe. Ela parecia triste, mas não reclamou. Então eu parti para fazer outras coisas.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora