Heróis Sombrios I

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Olhava os meus novos alunos treinarem, era impressionante a evolução deles em apenas 4 anos. Suas habilidades, tanto na esgrima e no arco e flecha quanto nos poderes, melhoraram e muito. Enquanto os observava lembrei de quando os vi pela primeira vez.

Eu estava no topo de um prédio, em Nova York. Apesar de os deuses estarem concentrados na Alemanha, havia algo ali que me interessava. Um casal de meios-sangues filhos do submundo.

Observava o casal Maria di Ângelo e Hades entrarem no prédio, logo atrás vinham meus pequenos alvos Bianca e Nico di Ângelo. Maria era uma velha amiga minha, a conheci na Itália, quando tinha seus 13 anos, era uma menina muito esperta e de uma curiosidade fascinante. Entendo perfeitamente o porquê de Hades ter se interessado por ela. Infelizmente eu estava aqui por um motivo triste.

As irmãs do destino haviam me pedido um favor, treinar esses dois heróis. Segundo elas Zeus iria tentar mata-los hoje, porém ambos serão importantes no futuro. Uns instantes depois vi um raio atingir o edifício, rapidamente me teletransportei para o interior do prédio, onde se encontravam os irmãos.

Apareci logo atrás dos irmãos, os dois estavam assustados e chorando, Bianca segurava o irmão abraçando-o fortemente. Enquanto, um pouco mais a frente, Hades segurava Maria nos braços. Ela me viu, mas estava fraca demais para esboçar qualquer reação.

"Descanse, minha pequena amiga, irei cuidar deles." Falei telepaticamente, ela assentiu. Então olhou para seus filhos e depois para Hades uma ultima vez antes de partir. O deus do submundo deixou uma única lágrima cair, enquanto os irmãos soluçavam. Eles tentavam chegar perto, mas Hades de alguma forma bloqueava. Acredito que para o próprio bem deles. Ele me olhou firme, eu dei um breve aceno para ele. Então me teletransportei com os irmãos.

Você deve estar pensando que somos insensíveis por não deixa-los se despedirem de sua mãe, porém se o tivéssemos feito Zeus talvez os teria visto.

- Quem é você? - Perguntou uma chorosa Bianca, colocando-se a frente do seu irmão. Sorri com a atitude, era uma garota tão forte quanto Maria.

- Eu sou Percy e irei cuidar de vocês a partir de agora. – Falei, me abaixando para ficar na altura deles. Óbvio que eles ficaram com medo no começo e depois com raiva, mas entenderam os motivos.

Tivemos intermináveis conversas, eles tinham muitas mágoas para com seu pai e os outros deuses, principalmente Zeus. Todavia, com o tempo isso foi diminuindo e eles foram amadurecendo.

- Ganhei de novo! - Falou Bianca em voz alta. Isso me puxou de volta para o presente. Ela apontava uma espada para o mais novo. Nico a olhava irritado, porém com os braços erguidos.

- Não é justo, você trapaceou! - Nico declarou.

- Essa é a desculpa. - Retrucou Bianca, enquanto baixava a espada.

- Percy, o que você achou? - Perguntou Nico, me olhando com um olhar suplicante. Ai, aquele olhar de cachorrinho sem dono me partia o coração.

- Desculpe-me, amor. Mas ela ganhou de forma honrosa. - Falei erguendo as mãos.

- Até seu namorado concorda comigo. - Riu Bianca, enquanto bebia um pouco de água. Nico me olhou irritado e cruzou os braços, fazendo um bico. Peguei uma garrafa de água e levei para ele. Dei um breve selinho e entreguei a água.

- Você precisa se concentrar nos seus próprios movimentos. - Falei para ele.

- Sim, eu sei. - Ele falou depois de um gole. - Mas ela fica me irritando.

- Os seus adversários também o farão, eles irão fazer muito mais que falar. - Disse calmamente. - Vão simular, xingar e provocar. Você nunca deve dar ouvidos, ou irá perder a luta.

- Novamente. - Cantarolou Bianca, se aproximando. Nico a olhou com raiva, depois fechou os olhos e respirou fundo se acalmando e pegando sua espada de ferro estígio, presente de seu pai.

- Revanche? - Falou ele, com uma voz estranhamente calma. Levantei uma sobrancelha, assim como Bianca.

- Eu não acho que… - Ia começar a falar.

- Eu aceito. - Me interrompeu Bianca. Desembainhando sua espada.

- Ninguém liga mais para os meus conselhos… - Resmunguei, pegando a água de Nico. Ele riu e me deu uma piscadela.

- Olha o drama, Percy. - Falou o moreno. Coloquei a mão no peito, fingindo estar magoado. Os irmãos me ignoraram e voltaram a lutar. Eu, como ser sedentário que sou, fui sentar.

- Nada mal. - Falou uma voz feminina do meu lado.

- Claro que não é mau, são meus alunos. – Retruquei, sorrindo convencido.

- Eu também não falei que estava bom. - A deusa disse risonha.

- Íris, eu não pedi sua opinião. – Falei, me voltando para ela. Íris estava linda como sempre, usava um vestido branco, e seus olhos multicolores me encaravam divertidos.

- Não precisa pedir.

- O que faz por aqui? - Questionei. - Se me permite saber.

- Só estou visitando um amigo. - Respondeu dando um sorriso malicioso.

- Nem vêm Íris, agora sou um primordial comprometido. – Falei, me afastando um pouco. Essas deusas taradas…

- Eu não tenho ciúme, você sabe… - A deusa do arco íris falou, passando a mão no meu ombro. - Mas hoje vim pedir para você resgatar um filho meu.

- Por que vocês deuses acham que eu posso fazer isso? - Perguntei indignado. - Eu ainda sou um primordial.

- Exatamente por isso, você que comanda as leis.

- Não, isso é coisa do meu pai. - Massageei as têmporas irritado.

- Percy, por favor. Se você não o ajudar, ele será morto. - Ela implorou. Era raro ver deuses implorando, o negócio deve ser sério.

- Ok. Eu darei um jeito. - Suspirei. Íris sorriu, se levantou e me deu um beijo no canto da boca, sumindo logo em seguida. Olhei para os irmãos que estavam um pouco distante, eles estavam tão concentrados que nem perceberam a visita. Agradeci aos céus por Nico não ter visto essa cena.

- Gente! - Chamei eles. Bianca se desconcentrou por um segundo, tempo o suficiente para Nico a desarma-la.

- Ganhei! - Falou Nico, triunfante.

- Não foi justo! - Reclamou Bianca.

- A desculpa é essa. - Retrucou Nico, sorrindo.

- Garotos. - Chamei novamente, dessa vez ao lado deles. Eles se voltaram para mim. - Tenho uma missão para vocês.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora