Meu pai havia me liberado para matar uns monstros, então estava seguindo o rastro de um grupo. Eu poderia simplesmente aparecer na frente deles e explodi-los, mas qual seria a graça disso? Além disso, odeio depender dos meus poderes.
O rastro dos monstros estava ficando cada vez mais fresco, então eu corri um pouco mais rápido. Alguns segundos depois cheguei em uma clareira. O que vi me deixou um pouco surpreso. Um grupo de mais ou menos trinta garotas lutavam contra um exército de monstros. Elas até que estavam se saindo bem, mas era óbvio que não iriam suportar muito.
Destampei contracorrente, e, sem nem mesmo avisar, comecei a abrir caminho por entre os monstros, que aos poucos começaram a me perceber e atacar em número maior. Se antes atacavam individualmente ou em duplas, agora atacavam de quatro ou cinco. Os mais difíceis eram as dracaenas, pois elas pensavam antes de atacar. Suas investidas eram calculadas e frias, tinha que admitir, elas eram ótimas. Entendo agora porque os semideuses estavam perdendo muitas lutas.
Enquanto lutava com uma hidra percebi que em nenhum momento as garotas se abalaram, pelo contrário, quando viram a oportunidade partiram para cima dos monstros. Quando finalmente consegui matar a hidra, me virei para analisar o campo. Com uma leve surpresa percebi que o enorme exército havia sido reduzido a pó dourado. E haviam trinta mulheres com olhares assassinos olhando em minha direção, suas armas estavam todas apontadas para mim.
- Quem é você? - Perguntou a que parecia ser a líder. Ela tinha uma estatura média, era morena e seus olhos negros me examinavam como se eu fosse um objeto a ser estudado.
- Eu sou Percy, prazer em conhecê-la. – Falei, dando meu melhor sorriso e oferecendo minha mão. Seus olhares se estreitaram. Bufei recuando minha mão. -Primordial dos Heróis. - Resmunguei, era tão difícil assim ser respeitado sem saberem quem eu sou?
- Primordial? - A que parecia a líder repetiu em tom de deboche e começou a rir junto com as outras. Apenas dei um sorriso de lado.
- Sim, Srta. Petensileia. - Respondi. Ela parou de rir e me encarou curiosa.
- Como sabe meu nome? - Petensileia questionou com uma sobrancelha erguida.
- Ah, perdoe-me, peguei a mania do meu pai de ler mentes. – Falei, nem um pouco arrependido. Li as mentes das outras garotas. Hum... amazonas, interessante.
- Quem é seu pai? - Perguntou Androktone, outra amazona.
- Ai, não digo… - Falei falsamente envergonhado. Guardando a espada e colocando os braços para trás.
- Responda Homem! - Hipólita falou. Ela parecia ser o braço direito de Petensileia.
- Ladys, não sou de cobrar respeito, mas não posso tolerar desrespeito. - Falei, dessa vez sério. Aumentei minha áurea o suficiente para assusta-las. E funcionou, pois elas arregalaram os olhos e se curvaram.
- Desculpe-nos Sr. - Falou com a voz trêmula . Diminuí minha áurea ao normal.
- Por favor, levantem-se. - Pedi, voltando ao humor normal. Elas me atenderam. - Entendo que não tenham acreditado em mim, afinal não me conhecem, mas saibam que estou sempre olhando por vocês. - (Sim, eu não sabiam quem eram, mas eu sinto cada herói da galáxia, ué.)
- O que faz aqui, Mi Lorde? - Perguntou Cálcia.
- Vim dar um passeio, sabe? Para distrair. E nada como matar uns monstrinhos. - Respondi sorrindo. Elas riram, o que já foi um avanço. “Será que estava na moda criar grupos de adolescentes odiadoras de homens?” Pensei enquanto observava as moças. - E vocês?
- Fazemos o mesmo, Mi Lorde. - Respondeu uma amazona ruiva.
- Por favor, me chamem só de Percy. - Pedi gentilmente. Elas assentiram. - Então… que tal me contar sobre a origem das amazonas?
- Bom, nós viemos da região de Ponto. - Respondeu Sarmatá. - Vivemos saqueando e viajando por aí.
- Hum, então não seria melhor terem se tornado caçadoras? - Perguntei um tanto pensativo. As amazonas me olharam como se eu tivesse xingado a mãe delas.
- Não! - Responderam em uníssono.
- Calma, gente. - Levantei as mãos em sinal de rendição.
- O grupo de Ártemis rejeitam os homens, e nós de certa forma achamos eles úteis. - Respondeu Petensileia. Olhei para ela com uma sobrancelha erguida.
- Obrigado pela parte que me toca. - Resmunguei. Em vez de ficar com medo elas apenas riram.
- Disponha, Percy. - Falou Hipólita. Ela era bonita, pele morena, cabelos negros e olhos tão azuis como o céu diurno.
- Então vocês gostam de ficar viajando por ai? - Perguntei, cruzando os braços. Algumas suspiraram.
- Não, mas o que podemos fazer? - Perguntou Teseia. Ela era morena, olhos castanhos um tanto baixa, mas parecia ser bem forte. Era filha de Ares.
- Que tal construir um Império? - Sugeri. Elas pareceram pensar sobre o assunto.
- Mas como faríamos isso? - Questionou Hipólita. - Não temos guerreiras o suficiente para tomar uma cidade.
- Realmente. – Disse, colocando a mão no queixo. Elas eram excelentes lutadoras, porém era um grupo relativamente pequeno. Então uma ideia surgiu em minha cabeça e eu dei um sorriso digno de Hermes. – Porém, têm um primordial como patrono.
- O Sr. faria isso por nós? – Perguntou Petensileia surpresa. Todas estavam, acho que não tiveram muito contato com deuses, e se tiveram eles foram arrogantes.
- Claro! Afinal são heroínas. - Sorri de lado. - A partir de hoje toda amazona terá minha benção e assim será enquanto se mantiverem do lado certo.
- Obrigada Sr. - Falaram. Depois desse dia elas se tornaram grandes amigas e felizmente nunca deixaram o poder consumi-las. Eu as ajudei a criarem um reino independente, mas elas não pararam de guerrear, obviamente. Fazer o que? Velhos hábitos não mudam.