A Nomeação

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Só mais um tiro e acaba, pensei comigo mesmo, apontando para o alvo a 500 metros de distância. Respirei fundo puxando a corda do arco até próximo a minha bochecha, soltei a flecha vendo ela atingir o olho do touro. Soltei a respiração que estava prendendo, logo uma felicidade me invadiu e eu comecei a fazer a "dancinha da vitória". Ouvi palmas atrás de mim e me virei dando de cara com cinco primordiais.

- Parabéns, Percy. - Saldou meu pai, dando um sorriso de orgulho. Sim, Caos tinha me adotado se é isso que querem saber.

- Eu falei que eu conseguiria, não falei? – Perguntei, dando um sorriso convencido. Nix e Gaia reviraram os olhos e Urano e Érebo me deram um pescotapa. Durante esses 100 anos eu conheci todos os primordiais, treinei com a maioria deles, incluindo o Tártaro que infelizmente não está aqui hoje. Acho que ele sabia que eu iria me gabar. - Posso saber o motivo da violência? - Perguntei para os dois trogloditas.

- Porque é divertido bater em você. - Responderam dando um sorriso de deboche. Eu iria rebater mas meu pai bateu palmas chamando nossa atenção.

- Percy vá se arrumar e esteja no salão principal em uma hora. - Falou meu pai. - Hoje você receberá os seus domínios. - Assenti e me teletransportei rumo ao meu quarto que ficava no palácio do meu pai. O meu quarto era relativamente grande, com uma cama em seu centro, uma cômoda do lado esquerdo, uma mesa para estudos, e uma prateleira que estava cheia de livros. Quem diria que eu um dia gostaria tanto de ler, não? As paredes eram azuis, exceto uma que tinha o desenho de uma praia. Eu sempre gostei do mar, por isso amei o meu treinamento com Pontos já que tive que passar cinco anos no mar.  

Saí do banheiro e fui em direção ao closet. Desde que cheguei aqui havia me deparado com várias coisas estranhas como calças, celular, computador e principalmente a internet. Me vesti em um terno cinza com uma gravata verde claro que entrava em contraste com meus olhos verdes-mar. Me encarei no espelho, estava na forma de 18 anos, minha barba estava perfeitamente aparada e meu cabelo estava curto, com alguns fios caindo em minha testa.

Eu estava ansioso, tinha esperado e sonhado tanto com esse momento. Meu pai me fez aprender como se usava cada tipo de arma existente, até aqueles que não eram armas. Explicou que a maior arma é nosso corpo e que por isso precisamos conhecê-lo por completo. Também me ensinou a ler mentes, o que foi um pouco complicado porque eu tinha que ficar concentrado e isso é extremamente difícil para mim. Foi um ótimo tempo pois conheci meus irmãos, eles foram duros no começo, mas depois criamos um belo vínculo. Quer dizer, acho que não consigo passar muito tempo sem fazer uma brincadeira com Tártaro, ou não receber os abraços calorosos de Ananke, nem ficar sem ouvir as piadas sem graça de Urano, ou ter que separar as brigas de Nix e Érebo, não sei o que faria sem os concelhos de Gaia e Chronos, ou parar de competir com Hemera e Aether, ou ficar sem saber as dicas sobre garotas de Pontos e Éros, e, principalmente, não conseguiria viver sem o apoio e compreensão de Caos, que me ajudou a superar a falta da minha família.

Eu ainda sinto saudade de meu pai Paul e minha mãe Sally, bem como a falta de Sofia, minha pequena irmã. Mas agora eu tenho uma nova família, uma grande e barulhenta família, mas é a minha família e eu não poderia pedir outra melhor. Com esse pensamento me teletransportei para o salão principal do palácio. Meus irmãos estavam todos ali e deram um enorme sorriso quando me viram. Todos sentados em seus respectivos tronos. Meu pai não conseguia esconder o enorme sorriso de orgulho.

- Estamos aqui hoje para nomear os domínios do meu filho. - Falou meu pai com a voz imponente. Atrás de mim três luzes brilharam revelando as Parcas, elas sorriram para mim. Diferente de como todos imaginam, as Parcas são bonitas e jovens. Seus cabelos são brancos e vão até o meio das costas, também são pequenas cerca que de 1,50 de altura, tem a aparência de 20 anos e olhos brancos opacos, o que da um pouco de medo assim que as conhece, mas depois você se acostuma.

- Perseu Jackson, aproxime-se. – Chamaram as três em uníssono, só para deixar claro isso também da medo as vezes. Caminhei em direção a elas me ajoelhando na frente delas. - Jure por Caos que irá honrar seu domínio não importa o que aconteça.

- Eu Perseu Jackson juro em nome de Caos honrar e jamais trair o meu domínio independente do que aconteça. - Falei com uma firmeza que eu nem sabia que tinha, as três sorriram para mim e abriram seus braços. Uma luz azulada inundou o grande salão e em uma só voz elas pronunciaram:

- Salve Perseu Primordial dos heróis, da lealdade, da verdade e dos animais. - A luz ficou mais intensa ao meu redor, e eu pude sentir o poder entrando em mim. Eu fui erguido no ar por uma força invisível. Depois de alguns segundos caí no chão em pé, eu me sentia mais vivo do que nunca, eu queria correr, gritar, pular ou qualquer outra coisa que pudesse gastar a energia que eu estava sentindo, porém eu tinha o sentimento de que por mais que eu fizesse tudo o que queria, essa energia não se esgotaria. Meus pensamentos foram interrompidos por um pequeno terremoto no salão. Um trono começou a surgi entre os tronos de Aether e Chornos. Era uma mistura de azul escuro com branco e parecia me chamar, sem nenhum receio caminhei rumo a ele me sentando no mesmo. Outra descarga de energia se passou por meu corpo, depois de alguns segundos as coisas se acalmaram e a luz azulada se dissipou no salão. Agora eu podia ver o rosto sorridente de todos os presentes.

- Maldição! A imortalidade lhe caiu muito bem. - Resmungou Aether, o que fez todos rirem.

- Agora você pode admitir que eu sou o mais bonito daqui. - Falei dando uma piscadela para ele, que se limitou a revirar os olhos causando outra rodada de risos.

- Bem, agora que está tudo resolvido acho que podemos iniciar a festas. - Falou Tártaro olhando esperançoso para meu pai.

- Acho que dessa vez você tem razão Tártaro, só desta vez. - Meu pai falou, e Tártaro lançou um olhar ofendido, mas, antes que pudesse responder, meu pai estalou os dedos nos teletransportando para a festa.

E pelo resto da noite eu curti a felicidade de estar com a minha família.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora