Se aproveitam da minha nobreza.

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Andava de um lado para o outro, no quarto do hotel. Fazia alguns dias que Thalia estava naquele estado, isso me deixava profundamente preocupado. Da última vez que chequei os heróis estavam chegando na entrada do mar de monstros, mais conhecido como Triângulo das Bermudas, particularmente prefiro o nome dado pelos mortais, muito mais engenhoso.

- Vai acabar fazendo um buraco no chão. - Comentou uma voz infantil.

- Essa não é a minha maior preocupação no momento. – Falei, me voltando para a ruiva sentada em um sofá.

- Acalme-se Percy, eles vão conseguir. - Falou confiante a pequena deusa.

- Como pode ter certeza, Hestia? – Perguntei, indo me sentar ao seu lado.

- Eu apenas tenho fé. - Ela falou sorrindo. Eu ri um pouco. - Posso saber o motivo da risada?

- Nada demais, apenas é engraçado ouvir uma deusa falando isso. - Respondi. Ela riu também.

- Sr., eles entraram no mar de monstros. - Falou Tulio, ele era uma águia. Havia lhe pedido para olhar como andava a missão.

- Ótimo. - Falei sorrindo.

- Mas aconteceu algo. - Ele disse.

- Poxa Tulio, poderia me deixar ter alguns segundos de felicidade? – Perguntei, parecendo indignado. Hestia riu e acho que a águia também, se é que isso é possível.

- Continue. - Pediu a deusa da lareira gentilmente.

- O filho de Poseidon e a filha de Atena foram parar na ilha de Circe, felizmente a filha de Ares continua no curso para a ilha de Polifemo. - Ele disse.

- Circe já deve tê-lo transformado em algum animal. - Falou Hestia.

- Um porquinho da Índia. - Falei. Hestia levantou uma sobrancelha me olhando. - O que? Eu que sugeri, muito mais fofo que porcos. Espero que Zeus não se ofenda.

- Não fale assim dos pobres porcos. - Hestia falou sorrindo. Eu ri, fico feliz em ver Hestia brincando com Zeus, antes ela era tão séria.

- Quem é você e o que fez com a Hestia que eu conheci? - Perguntei com a mão no peito. Hestia sorriu e deu um leve tapa em meu braço.

- Você é impossível. - Falou. Sorri, então voltei meu olhar para Thalia e meu sorriso morreu.

- Eu tenho que fazer algo. – Disse, me levantando.

- Percy, sabe que não pode interferir. - Me repreendeu a criança.

- Eu não vou, só vou visitar uma velha amiga. – Falei, dando um sorriso de lado, e, sem esperar por uma resposta, me teletransportei para a Ilha de Circe.

Apareci na praia e dei logo de cara com uma mulher. Esta parecia uma comissária de bordo, usava tailleur azul, maquiagem perfeita (mesmo que não precisasse), cabelo puxado para trás. Ela apertou minha mão me cumprimentando, não parecia nem um pouco surpresa por ver um cara brotando do nada. Ela me deu um sorriso deslumbrante.

- Primeira vez conosco, Sr.? - Perguntou sorridente.

- An, não. Eu já estive aqui algumas vezes. – Respondi, ainda encantado com aquele sorriso. Mas aí lembrei da Thalia e logo voltei ao estado normal. - Gostaria de falar com Circe, por favor. - A moça me olhou de cima a baixo.

- Siga-me. - Disse após alguns segundos. Fui atrás dela. Adentramos ao Balneário. O lugar era surpreendente. Havia mármore branco e água azul onde quer que eu olhasse, haviam terraços na encosta da montanha, piscinas de todos os níveis conectadas por tobogãs de água.

Enquanto andávamos eu via as hóspedes, todas mulheres, óbvio, também havia todo tipo de animal domesticado. Suponho que homens que tiveram o desprazer de esbarrar com Circe.

Quando subimos em uma escadaria, em direção ao edifício principal, ouvi uma voz feminina cantando. Sua voz pairava no ar como uma canção de ninar. Sorri ao reconhecer a voz.

Entramos em um salão, cujo a parede da frente era toda de janelas, a parede de trás estava coberta por espelhos, assim o salão parecia não acabar nunca. Havia um conjunto de móveis brancos, aparentemente caros e sobre uma mesa no canto havia uma grande gaiola de arame. Infelizmente não pude avaliar mais o local, pois foquei na cena que se desenrolava na minha frente.

Annabeth estava com sua adaga apontada para Circe, esta a olhava com raiva nos seus olhos cinzas penetrantes.

- Parece que cheguei na hora certa. – Falei, cruzando os braços e sorrindo. As duas figuras voltaram seus olhares para mim.

- Percy? - Circe disse. - O que faz por aqui?

- Você novamente? - Disse Annabeth.

- O que está acontecendo aqui? - Perguntou a minha guia.

- Calma gente, são muitas perguntas. – Falei, erguendo as mãos. - Irei responder, mas primeiro peço que você guarde sua adaga, querida.

- Por que faria isso? - Perguntou a loira.

- Porque estou pedindo. - Disse. Mas ela não se moveu. - Não acha que se eu quisesse machucar você eu já não o teria feito? – Perguntei. Após alguns segundos de reflexão Annabeth abaixou a arma, mas não guardou. Eu já falei que gostei dessa menina?

- Agora poderia responder o que faz aqui? - Perguntou Circe.

- Vim visitá-la. – Falei, sorrindo e indo abraça-la. Mas esta ergueu a mão.

- A verdade, Perseu! - Exclamou irritada a feiticeira.

- Eu vim ajudá-los. – Respondi, voltando a cruzar os braços. - Preciso que eles cumpram a missão.

- Quem é você? - Perguntou Annabeth.

- Os heróis não te conhecem? Mas que rebaixamento. - Circe falou com deboche. Olhei para ela irritado, mas esta só me deu um sorriso sarcástico. Revirei os olhos me voltando para a filha de Atena.

- Eu sou o primordial dos heróis. - Respondi.

- Não me parece grande coisa. - Comentou a recepcionista. Circe começou a rir da minha cara. Annabeth não falou nada, mas parecia concordar com a morena.

- Se aproveitam da minha nobreza. - Falei irritado. - Mas continuando, gostaria de te pedir para liberta-los.

- E o que ganho com isso? - Perguntou a morena, após superar a crise de risos.

- Minha gratidão eterna. – Falei, dando meu melhor sorriso. Ela me olhou com a sobrancelha erguida. - Ok, o que você quer? - Circe deu um sorriso malicioso. O meu sorriso morreu e ali eu me arrependi de ter feito aquela pergunta.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora