De volta ao lar

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Todo o acampamento veio olhar o que havia quase evaporado a água do lago. Quando Apolo saiu do carro foi um alvoroço por parte das garotas, principalmente por parte das filhas de Afrodite. As caçadoras saíram, ignorando a existência de tudo e todos e rumaram para o chalé de Ártemis. Vi Quíron se aproximando, curioso com tudo aquilo, ele quase empalideceu quando avistou as caçadoras.

- Por ordem de Ártemis ficaremos no acampamento. - Anunciou Zoe para o velho centauro, que se limitou a balançar a cabeça em afirmação. Ela então acompanhou as caçadoras.

- Até a próxima, meninas. - Falou Apolo quando viu Zoe se afastar mais. - Tchau Quíron.

- Lorde Apolo. - Disse Quíron, fazendo uma breve reverência. Apolo disse algo baixo para Thalia e partiu no seu agora furgão.

- Olá, Quíron. – Disse, me aproximando. Este parecia um tanto abatido e cansado, como se não dormisse há uma semana. - Esse é Nico Di Ângelo.

- Você é um centauro de verdade? - Perguntou Nico maravilhado. Ele parecia uma criança quando conhecia uma criatura nova, o que eu achava terrivelmente fofo.

- Acredito que sim, meu jovem. - Sorriu Quíron, só agora olhando em volta, notando a falta de algumas pessoas. – Onde está Annabeth e a irmã de Nico?

- Acho melhor entrarmos. - Falou Thalia, se aproximando, ela estava muito séria, o que me preocupou um pouco, eu queria saber o que se passava em sua cabeça. Fomos para a casa grande, e a parte alazão branco de Quíron voltou a ser escondida em sua cadeira de rodas. Entramos na sala, para o meu desgosto Dioniso estava lá, sentado de frente para uma mesa de ping pong. Vestia um agasalho laranja-neon de pele de leopardo e seus sapatos roxos de corrida, uma coroa de louros dourada estava inclinada de lado em seu cabelo escuro e encaracolado.

- Então? - Perguntou Quíron quando já estávamos sentados e acomodados. Grover fez um relatório completo da missão, quando acabou o velho professor coçava a barba pensativo.

- Oh, querido. - O Sr. D falou numa voz chateada. - Não, mais um perdido. - Estava tentando não prestar atenção nele.

- O que você quer dizer? - Perguntou Thalia. - Quem mais está perdido?

- Nós deveríamos mandar uma busca por Annabetth imediatamente. - Quíron ignorou Thalia, o que pareceu a irrita-la.

- Eu vou! - Thalia se prontificou. Sr. D fungou.

- Certamente não! - Ele falou. Thalia  começou a reclamar, mas o Sr. D ergueu sua mão. Ele tinha aquele fogo arroxeado e furioso em seus olhos, que supus dizer que alguma coisa ruim e divina ia acontecer se a gente não se calasse. Coisa que obviamente eu não deixaria acontecer.

- Pelo que vocês me disseram. - Sr. D disse. - Nós saímos empatados nessa escapada. Nós, ah, infelizmente perdemos Annie Bell...

- Annabeth. - Corrigi rapidamente.

- Sim, sim. - Sr. D falou gesticulando, como se aquilo não fosse importante. - E vocês arranjaram um garotinho chato para substituí-la. Então não vejo razão para arriscar outros meios-sangues num resgate ridículo. A possibilidade é muito grande de que essa menina Annie esteja morta.

- Annabeth ainda pode estar viva. - Disse Quíron, mas eu podia ver que ele estava tendo problemas em soar otimista. - Ela é muito brilhante. Se... se nossos inimigos a tiverem ela vai tentar jogar por tempo. Ela pode até fingir cooperar.

- Isso é verdade. - Thalia falou. - Luke iria querer ela viva.

- Se for esse o caso. - Disse Sr. D. - Receio que ela terá que ser esperta o bastante para fugir por conta própria. - Thalia se levantou da mesa.

- Thalia. - O tom de Quíron estava bastante alarmado. No fundo da minha mente, eu sabia que o Sr. D não era alguém para contrariar. Nem se você fosse uma impulsiva garota com hiperatividade como ela, ele não daria nenhuma folga. Mas ela não pareceu se importar.

- Você está feliz de ter perdido outro campista. - Falou. -Você gostaria que todos nós sumíssemos!

- Você tem um argumento? - Sr. D abafou um bocejo.

- É. - Ela rosnou. - Só porque você foi mandado aqui como punição não significa que você tem que ser um babaca preguiçoso! Esta é a sua civilização também. Talvez você pudesse tentar ajudar um pouco! - Thalia completou. Por um segundo não houve barulho, exceto pelo crepitar do fogo. A luz refletia nos olhos do Sr. D, dando a ele um olhar sinistro. Ele abriu sua boca para dizer algo, provavelmente uma maldição que iria explodi-la em pedacinhos, quando Nico bateu na mesa.

- Aham! - Disse ele. Eu mal lembrava que ele estava ali de tão calado. - Lembrei de você, o cara do vinho, você era a minha carta preferida no jogo Mitomagia. - Sr. D tirou os olhos de Thalia e deu a Nico um olhar de repugnância.

- O "cara do vinho"?

- Dioniso, certo? Oh, uau! Eu tenho sua estatueta. - Nico falou, seus olhos pareciam brilhar.

- Minha estatueta. - Murmurou o Sr.D.

- No meu jogo Mythomagic. E uma carta holográfica também! E mesmo que você tenha apenas quinhentos pontos de ataque e todo mundo ache que você é a carta de deus mais fajuta, eu realmente acho que seus poderes são legais! - Nico explicou.

- Ah. -  Sr. D parecia verdadeiramente perplexo, o que provavelmente salvou a vida de Thalia.

- Bem, isso é... gratificante. - Dioniso falou.

- Thalia! - Quíron falou rapidamente. - Desça para os chalés. Informe aos campistas que iremos jogar capture a bandeira amanhã à tarde.

- Capture a bandeira? - Perguntei.

- É uma tradição. - Disse Quíron. - Uma partida amistosa, sempre que as Caçadoras visitam. - Quíron explicou.

- É. -  Murmurou Thalia. - Aposto que é realmente amistosa.

Quíron agitou a cabeça na direção do Sr. D, que continuava franzindo a testa enquanto Nico falava de quantos pontos de defesa todos os deuses tinham no seu jogo. Me levantei puxando Thalia para fora.

- Está tentando se matar? - Perguntei quando já estávamos um pouco afastados da casa grande. Thalia revirou os olhos e cruzou os braços, ainda estava com raiva. - Escute, Thalia. Sei que está preocupada com sua Annabeth, mas isso não é um motivo para cometer suicídio! - Falei irritado. - Esqueceu do fato de que mortos não ajudam os vivos? - Perguntei mais calmo. Ela suspirou, descruzando os braços.

- Você viu como ele falou, como se...

- Se Annabeth não fosse nada. - Completei. Thalia balançou a cabeça concordando pesarosamente. - Nós vamos encontra-la Lia, eu prometo.

- Eu não quero perder mais ninguém, Percy. - Eu senti a dor nas palavras dela, eu sabia como era perder todo mundo, é uma dor imensa e mesmo quando você sabe que seus entes queridos estão bem a saudade não deixa a dor passar.

- Você não vai. – Falei me aproximando e lhe envolvendo em um abraço. - Confia em mim. - Ela não respondeu, apenas me abraçou mais forte.

- Acho melhor ir fazer o que Quíron pediu. - Disse ela se afastando, o que me deu uma pontada de tristeza. - Eu não estou mais com raiva de você, caso queira saber.

- Esse assunto me interessa muito. - Comentei, o que a fez rir. Ela não falou mais nada e foi para a quadra avisar os campistas que estavam ali.

- Aparentemente ela te perdoou. - Disse Nico chegando mais perto. Sorri para ele como cumprimento.

- Obrigado. - Falei. - Se não fosse você as coisas teriam ficado feias lá.

- Agradeça mesmo. - Ele ficou sério. - Puxar o saco de um deus como aquele é um grande sacrifício.

- Eu não vou discordar. - Eu ri um pouco e ele me acompanhou. Depois me lembrei de Bianca, franzi o cenho. - Como você está? Em relação a Bi.

- Eu não sei. - Ele suspirou. - Estou me sentindo abandonado, mas não iria impedi-la de fazer suas escolhas. Acho que ela já é grande demais.

- Você está muito maduro. - Comentei. - Estou orgulhoso.

- Obrigado. - Ele sorriu envergonhado, depois balançou a cabeça como se espantasse os pensamentos. - Então, vai me mostrar esse tão famoso acampamento?

- Será um prazer. - Falei oferecendo o braço, ele aceitou e começamos a excursão.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora