- ... aí eu trouxe ela para cá. E o resto vocês já sabem. - Terminei o breve relato sobre a minha semana. Tentei parecer o mais seguro possível, já que estava sendo avaliado como se fosse um criminoso por dois poderosos semideuses bastante irritados. Já citei que eles são poderosos?
Estávamos na cabana de Zeus, que não tinha mudado muito desde minha última visita. A estátua do meu sogro estava tampada com um pano, o que me fez ficar um pouco mais confortável.
- Então, você quer que a gente acredite que você só foi para Ogygia hoje? - Nico perguntou sério.
- Eu não tenho porque mentir. - Eu disse. Eles trocaram olhares entre si.
- Tudo bem nós acreditamos em você, então qual é a sua história com Calypso? - Thalia perguntou retirando sua jaqueta e a jogando do outro lado do quarto. Depois se sentou na minha poltrona de leitura e cruzou os braços me esperando falar.
- Quem disse que temos uma história? - Perguntei rapidamente.
- Talvez o jeito que ela olha para você? - Nico disse, ele continuava em pé. Parecia ser o mau policial.
- Ok. - Eu disse respirando fundo. - Mas precisam prometer que não vão ficar com raiva.
- Se você não nos der uma razão... - Thalia como boa policial disse, até deu um sorrisinho. Refleti se contaria tudo ou não, eu não queria mentir, mas não queria que os dois surtassem. Porém se eles descobrissem que eu omiti algo eu teria um grande problema.
- Tudo aconteceu muitos séculos atrás. - Comecei decidindo que iria contar tudo. Afinal, tudo era passado. Não era?
[...]
- Então você pediu ela em casamento? - Nico perguntou, ele já tinha se sentado ao meu lado. Os dois não estavam mais zangados, na verdade estavam bem neutros, o que considerei algo positivo.
- Sim.
- E ela recusou por não se achar digna? - Foi a vez de Thalia.
- Sim.
- E agora ela quer lutar na guerra para mudar isso, na esperança de vocês ficarem juntos? - O moreno questionou.
- Não. - Esfreguei os olhos. - Ela quer abrandar sua culpa, pagar sua dívida com a sociedade e tudo mais.
- Certo. - Thalia disse como se não acreditasse. - Então ela não falou que depois ia tentar te reconquistar?
- Bom, ela falou. Mas eu deixei claro que não quero nada com ela. - Expliquei. - Ela concordou em sermos apenas amigos.
- Apenas amigos... - Nico repetiu. Thalia e ele trocaram olhares, como se não tivessem acreditando.
- Sim, eu vou garantir que seja só isso. Eu prometo. - Disse sério.
- Tudo bem, mas se ela tentar algo vamos garantir que ela ganhe uma passagem só de ida para o mundo inferior. - Thalia disse ameaçadora, eu não tinha dúvidas que eles cumpririam a palavra. Então apenas concordei com a cabeça.
- Já que estamos resolvidos, acho que vou tomar um banho. - Nico disse se levantando.
- Acho que também estou precisando. - Thalia disse avaliando a si mesma. Se levantou e foi em seu armário pegar uma toalha.
- Eu apoio a ideia. - Sorri também me levantando.
- Oh, você não. - A morena sorriu maliciosa. - Você vai arrumar a cabana, quando sair do banheiro não quero fazer absolutamente nada.
- Eu posso fazer isso depois. - Disse manhoso.
- Ou você pode fazer agora. - Nico piscou para mim e se virou entrando no banheiro. Seguido por Thalia que ria da minha cara de indignação. Assim que eles desapareceram, mesmo a contra gosto, fiz o que foi "pedido". Eu merecia, afinal tinha sumido por uma semana sem lhes dar satisfação, eu sabia aonde estavam, pois fazia questão de dar umas espiadas. Mas eles não sabiam sobre mim.