E as caçadoras vencem!... denovo.

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- Eu não acredito que ela nos colocou aqui. - Reclamou Nico, cruzando os braços. Há pouco tempo havia começado o famoso caça bandeira, Thalia tomou a liderança e montou toda a estratégia. Ela já tinha me perdoado, porém ainda tinha uma raiva internalizada, principalmente de Nico. Então ela nos colocou fora da ação, para proteger a bandeira.

- Eu sei que você quer bater em umas caçadoras, mas devemos seguir o plano, não estou afim de ouvir Zoe me zoando por séculos por ter perdido para elas. – Falei, olhando-o cruzando os braços. Vi ele revirar os olhos.

- Você só quer que ela te perdoe, então vai fazer tudo que ela mandar como um cachorrinho. - Ele tinha um tom irônico. Me limitei a dar de ombros, estava mais preocupado em como sair do acampamento para começar a procurar Annabeth. Se eu ainda tivesse poderes...

- Se não quiser ficar pode ir. Não estou no humor para aguentar reclamações, Nico. - Me levantei, ficando maior que o moreno. Ele me olhou com uma sobrancelha erguida, depois assentiu e começou a correr rumo à floresta. Olhei para o punho de Zeus, onde se encontrava a bandeira e suspirei, ficando em posição de luta.

Do jeito que eu conhecia Zoe era fácil prever seus movimentos. Ela usaria todas caçadoras para proteger a bandeira e apenas ela viria, talvez com uma ou duas para dar apoio e usá-las como distração para possíveis defesas.

Sorri quando a vi surgir das árvores, junto de Bianca e Phoebe, uma das caçadoras que eu não treinei, consequentemente uma das que me odeiam. Requisito padrão para ser uma caçadora ‘odiar homens’.

- Você demorou. – Afirmei, me colocando entre elas e a bandeira.

- Gosto da fazer suspense. - Comentou divertida. Vi pela visão periférica Phoebe franzir a testa, talvez estranhando aquela situação.

- Vão ficar só olhando? - Provoquei. Em poucos segundos Zoe se aproximou me atacando com suas facas de caça. Eu desviei e em um movimento a empurrei para longe, Bianca, sem esperar, me atacou e após lhe dar uma rasteira Phoebe veio. E assim foi, as três me atacando, uma atrás da outra, sem me dar descanso. O que era uma boa estratégia, devo reconhecer.

Eu estava conseguindo segurar bem, apesar de alguns cortes e de estar molhado de suor. Eu não dei brecha para nenhuma delas passar, e, quando eu achava que ia conseguir fazer isso até que Thalia pegasse a bandeira delas, um zumbindo começou. Dessa vez começou baixo e foi aumentando gradativamente até eu não aguentar mais. Infelizmente foi na hora em que Bianca desferia um golpe em mim, sua faca de caça acertou em cheio a minha barriga.

Vi Bianca arregalar os olhos, assim como Zoe. Caí no chão tampando os meus ouvidos, o zumbindo era tão alto que eu quase não conseguia registrar a dor da facada. Pela visão periférica meu cérebro conseguiu registrar que Phoebe sem se importar comigo pegou a bandeira e correu para dentro da floresta.

As meninas se ajoelharam ao meu lado, Zoe rasgou um pedaço da sua camisa e tentou estancar o sangue coisa que eu dificultava por estar me contorcendo. E da mesma forma que o zunido veio ele sumiu. Meus olhos estavam molhados das lágrimas que saíram de dor.

- Me perdoa, me perdoa... - Ouvi Bianca sussurrar. Parei de me contorcer e olhei para ela, limpando minhas lágrimas. Vi que ela mesmo tinha chorado e tentava estancar o sangue com as mãos trêmulas.

- Tudo bem, Bi. - Consegui dizer. Me concentrei no ferimento e senti ele começar a fechar até que não sobrasse nem uma cicatriz. Mesmo quando não tinha nada mais Zoe continuava a me olhar com preocupação. Bianca me puxou para cima para um abraço. - Não foi culpa sua, está tudo bem.

- Percy... - Zoe tentou dizer, mas pela primeira vez a vi sem palavras. Eu mesmo estava, tinha que descobrir o que era isso. E se aconteceu duas vezes era bem provável que continuaria. Mas minha prioridade ainda era achar Annabeth, logo depois iria atrás de seja lá quem está fazendo isso.

- Eu também não sei. - Falei quando Bianca se afastou. Tirei minha camisa para limpar o meu icor, afinal como poderia explicar isso para os campistas e para Quíron?

- O que aconteceu? - Perguntou Bianca já mais calma.

- Eu não sei. - Confessei. - Quando eu estava lutando com vocês começou um zumbindo, mas era baixo e foi aumentando gradativamente. Eu tentei ignorar, mas chegou a um ponto que eu achei que ia explodir.

- Já é a segunda vez que isso acontece. - Zoe falou, me ajudando a levantar. - Você tem ideia de quem pode ser?

- Poderia ser muitas coisas já que agora eu estou vulnerável. - Falei. - Eu já ajudei em muitas guerras, derrotando grandes divindades tão poderosas quanto os Olimpianos ou até mais.

- O que você vai fazer? - Perguntou Zoe, quando passei meu braço em volta dela para me apoiar. Começamos a andar em direção ao lago, já que a caça já tinha terminado.

- Vou investigar, mas só depois que encontrar Annabeth. - Disse decidido.

- E Ártemis... - Falou Bianca. A olhei confuso.

- Mas ela está em uma caçada, não foi sequestrada. - Falei indeciso com aquela informação.

- Eu tive um sonho ontem. - Disse Zoe com uma voz baixa como se fosse um segredo. - Vi Ártemis acorrentada em um lugar escuro.

- Isso é uma grande surpresa. – Falei. Eu já sabia que semi deuses podiam ter "visões" enquanto estavam dormindo. Ia falar mais, porém quando estávamos chegando ao riacho ouvi a voz de Thalia praticamente gritando. Me desvencilhei das meninas para não gerar comentários desnecessários.

- Eu quase consegui! - Ouvi Nico dizer quando finalmente saí da floresta. Vi que todos estavam ali, desde campistas às caçadoras.

- Você estragou tudo! - Disse Thalia, o ar começou a ter um cheiro de ozônio. Os dois estavam tensos.

- Basta. – Disse Quíron. Mas os dois pareceram não escutar.

- Não, você fez um plano de merda. - Disse Nico. - Mas o que pode esperar de uma filha de Zeus, né? - Me pus entre eles.

- Vocês dois. Já deu. - Falei alto. Mas fui tão ouvido quanto Quíron.

- O que você quer dizer? - Esbravejou Thalia.

- Você é tão arrogante e mimada quanto seu papai. - Debochou Nico. Vi o rosto de choque de todos os campistas e um trovão soou ao longe. Senti os pelos dos meus braços arrepiarem, e só tive tempo de empurrar Nico para fora do riacho. Então senti uma descarga elétrica percorrer o meu corpo e meu corpo ser jogado para fora do riacho também.

- Hoje não é meu dia. - Resmunguei me levantando. Provavelmente se eu fosse um mortal eu teria morrido, ou se fosse um simples semideus eu teria ido para a enfermaria e iria passar um bom tempo lá. Olhei em volta os campistas me olhavam em choque, assim como Quíron e algumas caçadoras. Zoe e Bianca apenas me olharam com mais preocupação.

- Desculpe... - Ouvi Thalia, que me olhava assustada. - Eu n-não queria...

- Você passou dos limites, cara de Pinheiro. - Gritou Nico e o chão começou a tremer. E em volta de Thalia esqueletos surgiram do chão, gerando gritos de surpresa e assombro. Quando os esqueletos iam pegar Thalia uma voz serpentinosa começou a falar.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora