Lugar Estranho...

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A placa à beira da estrada indicou que estávamos deixando o Missouri e finalmente entrando no Kansas. Meu corpo já apresentava sinais de cansaço e meus ouvidos também, já que Nico reclamava a cada minuto, o que me fez refletir se foi uma boa decisão trazê-lo nessa missão. Por fim resolvi parar em um hotel à beira da estrada, o lugar não era muito bonito e tinha uma energia estranha, mas eu sabia que se não parasse para descansar poderia causar um acidente.

- Tinha lugar pior não? - Nico resmungou tirando o capacete. Revirei os olhos.

- Também não gosto, Nico. Mas não temos opções melhores. – Falei caminhando em direção à recepção. Nico me acompanhou sem falar mais nada e meus ouvidos agradeceram.

Assim que entrei na recepção um arrepio subiu pela minha espinha e eu quase voltei para a moto, mas o cansaço falou mais alto. O lugar não era feio, as paredes eram cobertas de um papel de parede vermelho escuro com alguns detalhes dourados, tinha um sofá preto de couro e uma mesinha de centro. Havia um balcão de uma madeira um pouco mais escura e um quadro com chaves atrás, pregado na parede, entre eles estava a nossa recepcionista com um uniforme branco. Era uma mulher de uns trinta e poucos anos, parecia muito concentrada em sua revista para nos dar atenção.

- Boa noite. – Cumprimentei, colocando a mão em cima do balcão. A mulher levantou o olhar me avaliando, seu rosto parecia ter um corte um pouco em cima da sobrancelha.

- Boa noite. - Ela falou, tentando soar alegre, o que não combinava nada com o lugar. - O que desejam?

- Um quarto para passar a noite, se for possível. - Pedi o mais simpático possível. A recepcionista assentiu e começou a mexer no computador.

- Tudo bem. - Ela falou ainda olhando o computador. - O quarto 17 está vago. Vão passar só uma noite?

- Sim. - Nico falou. Ele estava um pouco atrás de mim e olhava em volta como se esperasse que algo ruim fosse nos atacar, não podia julgar. Aquele lugar tinha uma aura sombria e até eu já estava começando a ficar receoso.

- Certo. - A mulher avaliou Nico com uma sobrancelha erguida e parecia que iria comentar algo, mas deu de ombros indo pegar a chave atrás de si. - Aqui está a chave. Você pagará metade agora e metade quando sair.

- Sem problemas. - Peguei a chave, assinei uma ata e lhe entreguei o dinheiro. Fiz sinal para Nico me acompanhar e caminhei pelo corredor dos quartos.

As paredes do corredor eram do mesmo jeito da recepção. Passávamos pelas portas procurando o número do nosso quarto. Eu sentia como se alguém estivesse nos observando e Nico parecia sentir o mesmo, pois sua postura estava tensa. O lugar era muito silencioso e frio, o que só fazia meu medo aumentar. Finalmente chegamos a porta, o número 17 brilhava com a cor dourada.

- Percy, esse lugar não é legal. - Nico disse assim que tranquei a porta.

- Deve ser só coisa da nossa cabeça. – Falei, fazendo o possível para ser indiferente.

- Se só um de nós tivesse sentindo isso, talvez fosse, mas os dois não podem estar alucinando. - Argumentou o moreno, ele falava baixo como se alguém pudesse nos ouvir.

- Você queria um lugar para descansar. - Comecei elevando um pouco a voz. - Eu estou exausto e por mais que esse lugar não seja cheio de raios de sol e arco-íris eu planejo passar a noite nele.

- Ok! - Ele falou, jogando a mochila na cama e indo para o banheiro. Me joguei na cama quando ouvi ele ligar o chuveiro. Por mais que ele tivesse razão eu não tinha tempo para sair por aí caçando um lugar melhor, nosso tempo era curto.

Depois que me acalmei me sentei na cama tirando a jaqueta e as luvas. Meus pensamentos foram para Thalia, onde ela estaria? Será que estava perto daqui? E o que eu mais temia saber, ela estava bem? Balancei a cabeça. Óbvio que ela estava bem, eu a treinei para isso. Já treinei heróis para missões piores, não posso deixar meus sentimentos interferirem.

O Filho de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora