Capitulo 53

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Nicolas POV

- Ela me mandou embora.

- Eu disse que era para você ir com calma.

- Eu esperei uma semana. - Gustavo riu e negou com a cabeça.

- Uma semana é pouco pra quem esperou dez anos. Você tem que amaciar o terreno Nicolas. Não simplesmente aparecer depois de dez anos e achar que ela vai sentar de boa vontade e conversar com você. - tomou mais um gole de sua cerveja. - Ela é uma mulher diferente, os anos se passaram, querendo ou não aquela Juliana que você conheceu a dez anos atrás não é a mesma Juliana de hoje, envolve outras questões. Ela é uma mulher casada, você tem a Nina.

- Casada com o meu pai.

- Mais é casada.

- Tem algo muito errado nisso tudo, Gustavo.

- Como assim?

- Ela pareceu desesperada para que eu fosse embora, não era como se ela não quisesse me dar respostas, era como se ela não quisesse as dizer ali, naquele ambiente.

- Pode ser. Mais eu não sei.

- Como é a relação dela com o infeliz?

- Não sabemos. - Gustavo da de ombros e acaricia a barba por fazer em seu queixo. - Ela é muito reservada em relação ao casamento, gosta de conversar com Carol sobre o trabalho, como se quisesse fugir do assunto, se distrair. Realmente não sabemos muito, só que ele é um pouco ciumento e controlador.

- Puta merda, aonde Juliana foi se meter? Ela não o ama, eu sei que não.

- É verdade que isso é estranho e talvez difícil de acreditar, mais pode ser que ela o ame.

- Ela não ama. - franzo o cenho. - O pior de tudo é que a raiva por ela ter me mandado embora, fez com que eu disesse algumas coisas bem ruins. Foi tudo da boca pra fora, mais provavelmente ela não vai achar isso.

- Você é sempre impulsivo?

- Na maioria das vezes.

- Vou pedir para minha esposa dar uma força.

A porta da casa se abriu, Carol e Nina passaram por ela. Pedi para Carol leva-a ao shopping, distrai-la de alguma forma. Nina tinha ficado no meu pé durante toda essa semana e eu presumo que só esperei tanto tempo por causa disso.

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Juliana POV

- Você sempre chega mais cedo. - eu digo assim que vejo Roberto com sua postura defensiva passar pela porta da minha sala.

Ele sempre está com uma postura defensiva, como se esperasse um ataque que possa vir a qualquer momento, de qualquer direção. Isso me perturba.

- Eu só quero o seu bem, Juliana.

- Eu tenho cara de que estou bem? Nesses dez anos, alguma vez você me viu bem ao seu lado?

- Com certeza. - o sorriso cínico que brota em seus lábios me dá náusea. - Vamos para casa, não comece o seu show.

Nem respondo.

Após arrumar algumas coisas na minha mesa, guardo câmeras e luzes na salinha, então pego meu notebook, minha bolsa e saímos. Quando nos despedirmos de Vanessa, faço questão de lançar uma olhadela para a mulher antes de seguirmos nosso caminho.

No carro o silêncio preenche o ambiente e volto para a cena de uma hora atrás, quando eu vi Nicolas ali, parado na recepção do meu Studio de fotografia. Os cabelos em um corte estiloso, o cavanhaque ainda presente em seu rosto, sua marca registrada. O corpo ainda mais esculpido por músculos do que eu me lembrava. Ele era/estava todo lindo. A Juliana mulher que a muitos anos fora adormecida, voltou com força total ao me lembrar do cheiro almiscarado de seu perfume quando nossos corpos ficaram a uma palma de distância. Eu estava morta até o momento em que vi Nicolas, o momento que o reconheci: simplesmente voltei a viver.

- Inferno. - murmurei ao sentir a palma da mão de Roberto em minha coxa. - Que susto.

- Você tem tanto medo assim de mim, flor?

- Flor é o cacete. - o aperto em minha coxa ficou mais forte e eu me encolhi.

- Para, ainda dói. - ele derrepente tira a mão de mim, como em um reflexo.

- Eu não gosto de machucar você, Juliana.

- Gosta sim. - me encolhi ainda mais no canto e cruzei os braços acima do peito.

- Não consigo me controlar, você me tira do sério. Tudo que faço é por amor.

- Você é louco.

- Quando você vai aprender que não adianta lutar, que não adiante gritar comigo, que me desobedecer só vai piorar as coisas para você? - sinto seus olhos azuis e gelados em mim, porém não retribuo. Eu odeio olhar para ele.

- Nunca, só me deixa em paz.

Agradeço quando ele desiste de falar comigo e volta a dirigir em silêncio.

.

- Como você está se sentindo? - foi o que Carol me perguntou assim que atendi a chamada.

- Que pergunta é essa?

- Nada, só quero saber como você está se sentindo.

Olho para a porta fechada do banheiro, então saio da cama, coloco o meu robe e vou até a sacada do quarto. Ao sentar em uma espreguiçadeira no canto eu solto um suspiro e começo a chorar. Eu simplesmente começo a chorar, silênciosamente, porém um choro preso, dolorido.

- Você sabe não é? Eu deveria imaginar. - perguntei soluçando.

- Eu sei.

- Eu me sinto um lixo...tudo bem que eu realmente sou um lixo, mais sei lá. - funguei. - Ele disse que eu sou o pior ser humano que existe.

- Não foi o que ele quis dizer, só ficou com raiva por você ter mandado ele ir embora mais uma vez. E ele está certo não é, Juliana?

- Eu sei.

Ficamos um tempo em silêncio, eu me acalmo e enxugo as lágrimas olhando para a porta, com medo que a qualquer momento Roberto saía do banheiro.

- Ele quer conversar.

- Aonde ele está? Na sua casa?

- Sim, ele e a Nina.

Nina, sim, eu devia saber. O sexto sentido de uma mulher nunca falha. Voltei a chorar.

- Juliana, o que foi dessa vez?

- Eu não sei, só sinto vontade de chorar. Estou com uma sensação de perda, aquela sensação forte que senti quando ele se foi a muitos anos atrás. - coloco o celular na outra mão, e com o dedo indicador círculo o roxo em minha coxa.

- E você perdeu mesmo, por que é burra e eu nunca vou cansar de dizer isso. - ela rosna. - Que saco Juliana, eu nunca pensei que você fosse bem da cabeça. Mais o que você fez da sua vida me mostrou que você poderia ser muita mais louca do que eu imaginava.

- Em qualquer outro dia eu não reclamaria, mais por favor, não briga comigo hoje, eu só quero conversar, só quero chorar.

- Tá bom... Chorar faz bem, e eu não vou a lugar nenhum: pode desabafar.

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O que estão achando de tudo isso!?





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